A proposta para municipalização de duas escolas estaduais enfrenta repercussão negativa entre as comunidades dos bairros Moinhos e Oriental. O anúncio foi feito nessa terça-feira, 28, pelo governo municipal, e o processo deve ser finalizado até o início de 2023.
O principal objetivo é adaptar as estruturas das escolas Moinhos e 20 de Maio – ambas de ensino fundamental – à sistemática dos educandários do município. A administração emitiu nota onde detalha a ideia e ressalta alguns pontos, como a possibilidade de “oferecer material escolar e uniforme aos alunos” e “oferecer merenda escolar de qualidade produzida pela cozinha e padaria central”.
No entanto, a mudança causou indignação nos gestores das escolas. A diretora da EEEF Moinhos, Beatriz Reckziegel, solicitou uma reunião com o prefeito Elmar Schneider para a manhã dessa terça, após ser informada pela 3ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) que o município encaminhou ofício ao estado, pedindo a transferência das instituições. Quem tentou dar explicações as diretorias foi a secretária da Educação, Elisângela Mendes.
Beatriz conta que foi chamada pela CRE na quarta-feira passada, 22, e não recebeu nenhum documento para oficializar a situação junto aos funcionários. Junto com a revolta, veio a surpresa. “Ficamos chocados, porque ninguém veio conversar com a comunidade”, afirma. E reforça as críticas ao movimento do município. “Trataram como se fosse a melhor notícia do mundo”, completa.
A escola localizada na rua dos Marinheiros atende a uma das comunidades mais vulneráveis de Estrela, que também sinaliza contrariedade à mudança. “A escola é bem vista no bairro, com um importante trabalho social”, garante a diretora. A instituição foi fundada há 82 anos, conta com 30 funcionários e atende a pouco mais de 200 alunos.
Ponderações sobre o plano
Alguns aspectos sobre o comunicado foram pontuados por Beatriz. A gestora entende que o bairro precisa de aulas em período integral, mas poderia ser utilizado o prédio do antigo Centro Municipal de Atendimento Especializado (Cemae). A estrutura recebia atividades de turno oposto e hoje serve como moradia para algumas famílias.
Outro ponto é sobre a oferta de estrutura e atividades inclusivas por parte do município. Beatriz relata que a escola dispõe de professores especializados para a sala de recursos, onde são atendidos alunos necessidades especiais. “Acolhemos alunos que o município rejeita. Não somos melhores que ninguém, só queremos ter nosso trabalho respeitado”, diz.
Faixas e protesto
Em frente à escola do Marmitt, duas faixas chamam a atenção de quem trafega pelo local com os dizeres “não à municipalização” e “nosso maior valor são os alunos e a comunidade Moinhos”. Esta segunda traz cifrões que fazem referência ao suposto motivo para a mudança: a maior disponibilização de recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) ao município.
Ambas instituições projetam manifestações para os próximos dias. A escola 20 de Maio não se manifestou oficialmente, mas endossou o discurso da Moinhos. “Estamos unindo forças para tentar mudar a situação”, finaliza Beatriz. Procurados pela reportagem, a 3ª CRE não respondeu até o fechamento desta edição e o governo de Estrela manteve o posicionamento da nota emitida.
Propostas da municipalização
• Implantar turno inverso para os 1º e 2º anos do ensino fundamental, como nas demais escolas da rede municipal;
• Implantar transporte escolar para as escolas bem como para eventos e palestras;
• Oferecer merenda escolar produzida pela cozinha e padaria central do município;
• Oferecer material e uniforme escolar aos alunos;
• Oferecer laboratório de aprendizagem para alunos com dificuldades;
• Disponibilizar monitores de educação inclusiva conforme a necessidade.