Jornal Nova Geração

EDUCAÇÃO

Entre os desafios e a satisfação de ser professor

Na semana do Dia do Professor, profissionais da educação apontam adversidades e alegrias da docência em um cenário de retomada após o trauma da pandemia. Aprendizado constante para a tecnologia e múltiplos papéis sociais estão entre missões dos educadores

Lisandra alfabetiza crianças no Colégio Martin Luther há 24 anos. A atenção dos pequenos é capturada com novas e antigas tecnologias (Foto: Marcelo Grisa)

Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, o Inep, as escolas no país ficaram, em média, 279 dias fechadas durante a pandemia de covid-19. Outros estudos, como Perda de Aprendizagem na Pandemia, uma parceria entre o Insper e o Instituto Unibanco, estimaram que os estudantes dedicaram menos tempo aos estudos. Foram, em média, 9h semanais por estudante, que até 2019, eram 25h.

Passado esse período, a volta para a sala de aula trouxe novos desafios. Para o professor Ricardo Rocha, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Leo Joas, foi um momento de reinvenção. “Hoje, a tecnologia é um aliado. Não há como fugir dela”, afirma.

Ricardo, que leciona Educação Física há 16 anos na instituição e também dá aulas de xadrez, há uma preocupação em manter os estudantes ativos e trazer um equilíbrio entre a atividade física e o tempo que eles passam em frente aos celulares e computadores. “Há também uma grande oferta de informação, mas tem horas que eles não sabem o que fazer com isso tudo. Temos também esse papel de orientá-los sobre como utilizar essas ferramentas, para não se limitarem a redes sociais e jogos eletrônicos”, aponta.

Além da Educação Física, Ricardo também ensina xadrez na Emef Leo Joas (Foto: Marcelo Grisa)

Cuidado e contato

De acordo com a professora Lisandra Agostini Eckert, que há 24 anos trabalha como alfabetizadora no Colégio Martin Luther (CML), certos movimentos necessários ao aprendizado de crianças menores também ficaram prejudicados. “Quando a gente está do outro lado da câmera, tem atividades que são impossíveis de fazer. Pegar na mãozinha da criança para fazer o traçado correto de uma letra, por exemplo”, argumenta.
Para além de absorver os conteúdos, o distanciamento social afetou a ligação entre professores e alunos. “O vínculo que a gente precisa estabelecer é muito importante”, admite Lisandra.

Segundo ela, com o retorno às salas de aula ainda em 2021, essas dificuldades já estão superadas. “Todos hoje já chegam praticamente alfabetizados. Tudo que eu aprendi, os vídeos que eu gravei hoje podem ainda servir como reforço, e isso é positivo”, avalia a professora.

Para além do ensino

Ricardo Rocha acredita que a relação de respeito entre professor e estudante permite que o profissional tenha uma maior proximidade. “Às vezes uma conversa que tu vai ter com o teu aluno vai ser muito mais importante pra caminhada dele do que o conteúdo em si”, diz.

Para Lisandra Eckert, essa convivência está na base do processo de formação dos cidadãos. “criança é muito afetiva, muito sincera. Então a gente ganha cada declaração de amor todos os dias. E a gente se preocupa, acaba sendo um pouco psicólogo, um pouco um amigo delas”, comemora.

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