O projeto que altera atribuições de alguns cargos gera questionamentos entre funcionários da educação e segue em análise há quase um mês pelos vereadores. O debate é acerca da criação da função de “monitor da educação”. Segundo os parlamentares, caso aprovado, funcionários sem formação específica na área poderão atuar no ambiente escolar.
De acordo com a matéria, o profissional deve ter no mínimo 18 anos e ensino médio completo. Desta forma, fica extinto o cargo de Educador Assistente, que exige formação mínima no magistério ou pedagogia. A proposta ainda aborda funções como contador, tesoureiro e auxiliar administrativo.
A alteração gera indagações por parte dos educadores. Educadora assistente da Emef Genny de Souza da Silva, Alice Amaral Lopes acompanha as reuniões entre os servidores, Secretaria de Educação e os parlamentares. O grupo acredita que a contratação de pessoas sem formação específica afeta o ensino dos alunos. Segundo Alice, ainda que não atuem diretamente com o planejamento docente, é necessário uma preparação para lidar com os estudantes.
“Temos magistério, formação em pedagogia, investimos em cursos e muitas vezes nos deparamos com situações difíceis. É necessário que se tenha formação para fazer um bom trabalho e lidar bem com os alunos”, aponta a educadora. Os parlamentares reforçam o argumento de Alice. Durante o uso da tribuna, destacaram que a funcionários sem qualificação podem afetar a educação dos estudantes.
A justificativa do Executivo é de que há falta de profissionais que preencham os requisitos. Ainda de acordo com o documento, por não ter compromisso com o Plano de Estudos, o cargo pode gerar dúvidas em relação ao salário, que não é ajustado conforme o piso nacional do magistério.
Segundo Alice, caso haja uma reclassificação salarial e ajuste de horários, a demanda por profissionais poderá ser suprida.
O presidente da Casa, Clóvis Pereira dos Santos (PDT), sugere que o artigo em questão seja suprimido do projeto. A matéria deve ir à votação na próxima semana para aprovação dos demais cargos.
Questionamentos salariais
Também educadora no município, Paula Andréia dos Santos relata que a incompatibilidade salarial do cargo registrado na Carteira de Trabalho gera dúvidas na classe. Segundo ela, tanto nos registros, como nos contracheques, é informado o código da função de “professor de nível médio na Educação Infantil”. No entanto, no segundo documento, é informado a função de “educador assistente”.
“Uma colega recebeu alguns questionamentos sobre ser professora em Bom Retiro do Sul. Isso nos gerou dúvidas e fomos verificar nossos registros. Todos estão assim”, afirma. A educadora destaca que a classe busca esclarecimentos e uma possível reclassificação. “Acredito que a maioria tem magistério, graduação e pós-graduação. Deveríamos ser valorizadas e vamos lutar até termos uma posição concreta”.