De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pelo menos 34,6% do eleitorado na microrregião não possui Ensino Fundamental completo. O número chega a 61% quando o assunto é escolaridade básica, correspondente ao Ensino Médio. No RS, os índices representam 28,8% e 16,7% da população adulta, respectivamente.
A variação dos dados apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010 atesta a melhora da permanência dos alunos em sala de aula em relação ao Ensino Fundamental, no entanto, mantém a mesma média do Médio. Em Fazenda Vilanova, cerca de 65% não haviam completado a primeira etapa de ensino, enquanto em Estrela, o número representa 46% dos cidadãos.
Pessoas com mais de 45 anos representam grande parte desta parcela de 34,6%. A coordenadora adjunta da 3ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Regiane Mallmann, ressalta que hoje existem incentivos para que os jovens continuem os estudos e concluam o Fundamental e o Médio. Grande parte da população acima dessa idade que não completou os estudos, por vezes não tiveram oportunidade.
“Essas pessoas tinham outras obrigações, o que faz esse índice de Ensino Fundamental incompleto subir. Hoje, estratégias de permanência e aprendizagens são prioridades, bem como há incentivos para os estudantes. Temos casos de alunas que ficaram grávidas, pausaram, e depois retornaram à vida escolar por meio do Ensino de Jovens e Adultos”, afirma Regiane.
A coordenadora também pondera as exigências do mercado de trabalho. “Hoje as oportunidades cobram essa formação mínima, então são várias oportunidades de concluir a escolaridade básica e seguir se qualificando”, destaca.
Manter os jovens em aula
O desafio de estancar a evasão escolar exige criatividade da rede de ensino e dos professores. Regiane afirma que uma forma de garantir a conclusão dos estudos, é aproximar a grade curricular da realidade dos alunos e flexibilizar os horários.
“Quando retornam às salas de aula, devemos trabalhar para mantê-los, seja com a flexibilização de horários ou atendendo outras necessidades”, aponta a coordenadora.
Ainda que os dados em relação ao Ensino Fundamental incompleto tenham diminuído drasticamente, a segunda etapa manteve uma variação de até 22%, em 2010, para 9,6% em 2022.
Segunda chance
O Ensino de Jovens e Adultos (EJA) é uma opção para as pessoas que desejam concluir o ensino básico. Em Bom Retiro do Sul, duas escolas estaduais oferecem aulas para ensino Fundamental e Médio. A Escola de Brasília e o Colégio Jacob Arnt seguem com inscrições abertas para a população acima de 15 e 18 anos que precisam concluir os estudos.
O diretor do Jacob Arnt, Rafael Schuh, ressalta a maneira flexibilizada que os professores trabalham em sala de aula. “Nosso foco é garantir a oportunidade para as pessoas que não conseguiram finalizar esse ciclo. Muitas mulheres nos perguntam se podem levar filhos, porque não tem com quem deixar, e claro que pode. Quando a população dá continuidade aos estudos, quem ganha é a sociedade”, aponta.
Schuh também avalia a relação dos estudos com o impacto no mercado de trabalho. Segundo ele, pessoas que passaram pelo Jacob Arnt e que concluíram o básico conseguiram oportunidades melhores. Hoje, a instituição oferece uma turma para cada série, com duração de seis meses cada.
Em Estrela, a administração municipal oferece aulas do EJA para o público que deseja concluir o Ensino Fundamental. Um programa lançado esse ano, em parceria com o IFSul Lajeado, garante que os estudantes sejam formados em “Assistente de Administração”. A formação gratuita ocorre na escola municipal Leo Joas.
Os municípios que não possuem a modalidade na rede de ensino, oferecem transporte para deslocamento. A Secretaria de Educação de Fazenda Vilanova transporta cerca de dez alunos até Bom Retiro do Sul. O secretário explica que a demanda pela formação é baixa e que por isso a rede municipal não oferece a formação. “Para que a população conclua essa etapa, fornecemos a locomoção de forma gratuita. O município possui um dos maiores índices de escolaridade incompleta.
Outras opções disponibilizadas pelo Estado são aulas no Núcleo Estadual de Educação (Neeja) e Provas Encceja, que permitem a realização de um exame para certificação de cada competência curricular.