Os associados da Cooperativa Languiru definiram pela autorização à diretoria para a venda de bens e pela aprovação das contas de 2022. Esta decisão permite o avanço nas negociações com os chineses da ITG e da TJJT, cuja intenção foi apresentada na semana passada. A partir da próxima semana, começam as tratativas oficiais relativas a valores, percentuais e condições da sociedade com os asiáticos.
A assembleia geral ordinária da cooperativa ocorreu nesta quinta-feira, 30, e reuniu cerca de 700 associados na sede social em Teutônia. Não-sócios como representantes sindicais, políticos e imprensa não puderam acompanhar o encontro. Foi colocada em pauta a prestação de contas do ano passado, que determinaria a possibilidade da Languiru seguir com os planos de buscar novos parceiros.
A reunião iniciou por volta das 9h30min e durou cerca de quatro horas. O primeiro momento foi de apresentação do balanço fiscal do ano passado, com o faturamento em cada uma das atividades da cooperativa. Com poucos votos contrários, os associados aprovaram as contas. Uma comissão de produtores propôs uma redução de 50% no salário do presidente Dirceu Bayer, e teve a validação dos associados.
Prestação de contas
Entre o frigorífico, distribuição, trato dos animais nas propriedades e revenda, o prejuízo ultrapassou os R$ 163 milhões no ano passado. Em termos de faturamento, a Languiru bateu recorde, com um total de R$ 2,7 bilhões. No entanto, o resultado líquido foi negativo, o maior na história da cooperativa. Conforme os números apresentados, houve prejuízo de R$ 123,3 milhões.
O patrimônio da cooperativa diminuiu, de R$ 230,1 milhões em 2021 para R$ 49 milhões, uma redução de 78,6%. As exportações caíram de R$ 106,8 milhões para R$ 85,4 milhões. Por outro lado, os investimentos praticamente dobraram – em 2021 foram R$ 44,9 milhões e no ano seguinte passaram a R$ 82,5 milhões, aumento de 83,4%.
Dentro do faturamento da Languiru, o setor de aves responde por pouco mais de 30%, seguido por leite e suínos, cada um com cerca de 20%. Os outros 30% são divididos entre supermercados, rações, agrocenter, combustíveis, bovinos e farmácias.
Informações desencontradas
Os primeiros associados a deixar a assembleia saíram logo depois das 11h. E poucos dos que atenderam à reportagem souberam explicar as definições do encontro. Alguns relatos davam conta que a aprovação condicionaria a chegada de recursos para compra de ração. Outros afirmaram não terem sido deixados participar da votação.
“Entendo que a assembleia era de todo o ano de 2022, onde entregamos toda nossa produção de leite e suínos para a Languiru. Na hora da entrada, falaram que não estávamos aptos à votação”, relatou uma produtora, que não quis se identificar. O ex-associado Elmo Feine também afirmou ter sido barrado na entrada e registrou boletim de ocorrência. Os funcionários da cooperativa indicaram que poderiam entrar na reunião somente quem possuía matrícula ativa.
Avaliação dos associados
Leandro Hack, produtor de suínos e leite de Marques de Souza, garante que vai se manter parceiro da Languiru, seja qual for a negociação que se concretize, e vê a parceria como uma oportunidade. “O que eu vejo e a maioria dos associados vê, é um bom futuro para nós, porque nós queremos crescer.”
Associado e agrônomo de Teutônia, Felipe Kreimeier lamenta a decisão. “Colocaram pressão para aprovar as contas.” Ele questiona a aprovação das contas, mesmo com os resultados negativos, e contesta a continuidade da atual diretoria. “Isso é injusto. Por ser uma cooperativa, todos pagam pelas decisões”, conclui.
Interesse árabe
Durante a assembleia, outra empresa internacional demonstrou interesse nas operações da Languiru. O ofício foi encaminhado pela Rivoli General Trading LLC, com sede em Dubai. O grupo pede uma proposta formal por parte da diretoria para que possam avaliar pela aquisição ou investimento na cooperativa. A empresa atua em diferentes segmentos e estabeleceu reputação como um dos maiores importadores de produtos de luxo, com mais de 300 lojas nos Emirados Árabes Unidos.