Eram quase 15 horas quando a buzina do trem sinalizou a partida da viagem de Colinas a Muçum. O segundo passeio do Trem da Imigração contou com 600 pessoas na locomotiva datada na década de 1920. Com características ainda originais, os detalhes das decorações encantavam quem se deslocava pelos vagões.
Durante dois dias, visitantes de diversos locais do estado tiveram a experiência de conhecer as origens e costumes das culturas germânica e italiana, bem como a história de imigração dos povos. Ao todo, foram mais de 2 mil pessoas, em quatro passeios, imersas na gastronomia, paisagens naturais, cultura, arte e história.
Com o novo trajeto, a segunda edição levou pessoas da Cidade Jardim até a Princesa das Pontes. O percurso de aproximadamente 2h30min com cerca de 30 quilômetros passou pela Ferrovia Tronco Principal Sul (TPS). As pessoas que entravam nos vagões se mostravam ansiosas para a partida da locomotiva. Com câmeras e celulares apontados para as janelas, se revezavam entre registrar as paisagens e apreciar a natureza em volta.
Na avaliação da organização do passeio, um dos momentos mais especiais do passeio foi a passagem pela ponte rodoferroviária Brochado da Rocha, uma construção histórica e imponente, com 289 metros de extensão, datada de 1963. Neste ponto, o passeio permitiu visualizar o Rio Taquari. Para quem fez o passeio de Colinas, a ponte foi o primeiro atrativo depois da saída do túnel, o terceiro da ferrovia.
O coordenador do Trem da Imigração, Rafael Fontana, destaca que a segunda edição foi excelente e salientou a beleza natural dos municípios. “Os passeios, tanto pela manhã quanto à tarde, com sol apresentou lindas paisagens. Foi maravilhoso e podemos perceber a felicidade no semblante das pessoas. As atrações dentro do trem foram um diferencial”, comenta.
Cultura nos vagões
A proposta de valorização da cultura ítalo-germânica é um diferencial do Trem da Imigração. Os carros de passageiros ganharam decoração especial das culturas alemã e italiana e uma degustação de produtos coloniais foi organizada nas estações de partida, assim como apresentações de grupos de dança e corais.
Ao longo dos 12 vagões, músicas italianas, germânicas e gaúchas nas versões instrumental e acústica animaram os passageiros. Entre os músicos está Thiago Reder, criador da música-tema dos passeios, intitulada “Trem da Imigração”, uma valsa composta com melodia de Fabiano Índio. Reder também é autor de “Trem dos Vales”, música lançada em 2021 como uma homenagem ao trem turístico que faz a rota Guaporé-Muçum.
Oportunidade para conhecer a região
Fabiano, Susana e Rafael Bottcher vieram ao Vale do Taquari pela primeira vez para fazer o passeio. Eles destacaram o passeio de trem como uma oportunidade para conhecer as beleza da região. Vindos de Porto Alegre, afirmam que pretendem voltar para repetir a viagem, ou quem sabe, fazer outros passeios de locomotiva.
“Foi muito divertido e percebemos que as crianças também adoraram. As paisagens são lindas e com diversos pontos turísticos e foi um momento para conhecer o Vale do Taquari. Pretendemos voltar em outras oportunidades”, avalia Susana.
Além da natureza, o trajeto passa pela estação férrea de Roca Sales e conta com vista para o Cristo Protetor, em Encantado. Também é possível perceber moradores lindeiros ao trilho que cumprimentam e abanam para os passageiros.
Museu para resgatar a história da ferrovia
Na estação férrea de Colinas, além da gastronomia típica e apresentações culturais, foi montado também um museu que resgata a história da construção da ferrovia. Elaborado pelo secretário de Educação, Cultura e Turismo, Edelbert Jasper, a iniciativa retrata o início do funcionamento e mostra uma linha do tempo até o momento em que passou a ser usado como atração turística.
“Quem não aproveitou o passeio, pode visitar o museu que também fica aberto durante a semana. Queremos consolidar esse movimento e fazer com que cada vez mais pessoas participem. Aqui temos informações de quando teve inauguração do tronco para Estrela e também algumas lembranças da primeira edição do Trem da Imigração”, aponta Jasper.
Turismo que se consolida
Com a montagem no Museu, Jasper também destaca a preparação do comércio local para receber os visitantes. O período de pausa entre um passeio e outro foi de cerca quatro horas, período em que os turistas puderam permanecer na cidade para almoçar e conhecer outros pontos turísticos.
“Nossas empresas se prepararam e os pontos de alimentação receberam muitas pessoas. Temos que melhorar em alguns aspectos, tinham filas grandes. Mas o produto está se tornando fixo e queremos estar cada vez mais preparados. Somos uma cidade acolhedora e temos certeza que as pessoas foram bem recebidas”, avalia o secretário. Ele destaca que o Trem da Imigração é mais uma oportunidade para a população conhecer Colinas.
