“Isso é saúde. A gente sente saudade no dia em que não tem ensaio”, comenta, animado, Valdir Klafke, morador do bairro das Indústrias. Ele e a esposa, Lúcia, são dois dos idosos fazem parte do Grupo de Danças Friedenslilien. Dele fazem parte idosos de 22 comunidades e bairros de Estrela, com o objetivo de levar a arte e o movimento para os maiores de 60 anos.
Lúcia lembra que tudo começou devagar. “A gente foi indo, e não imaginava que chegaria até aqui. Não tenho palavras pra dizer o quanto estou feliz”, sorri. Eles e os mais de 50 colegas ensaiam na My Way Cia de Danças, que capitaneia o projeto em parceria com o Grupo de Apoio e Convivência do Idoso Estrelense (Gracie), coordenado pelo governo municipal.
Entretanto, no último sábado, 26, os participantes ocuparam o ginásio da Escola Estadual de Ensino Médio Estrela para um ensaio geral. Mais do que apenas se exercitarem, eles preparam uma grande apresentação para a comunidade no dia 8 de dezembro.
Leoni Maria Mallmann, da Linha Glória, também participa do grupo. Chama a atenção dela a comunidade que se uniu em torno do grupo nos últimos meses. “Certamente tem o reflexo da orientação e do cuidado todo especial de como estamos sendo conduzidos”, fala. Ao final do ensaio geral, por exemplo, todos estavam confraternizando com lanches, bolos e café, por conta do aniversário de um dos integrantes.
Nas comunidades
A professora Ale Danielly é natural de Estrela e tem mais de 20 anos de trabalho com a dança na My Way. Ela tinha o sonho de poder levar esse serviço, de forma gratuita, como uma forma de terapia e saúde para os que estão na melhor idade. “Tentamos em 2019 e não deu, infelizmente. Mas a ideia se manteve, e eu tinha certeza que uma hora iria dar”, lembra.
Enquanto isso, a coordenadora do Gracie, Lorena Hauschild, já pensava a mesma coisa, mas por outros motivos. A intenção era expandir o trabalho com a música. “Fomos convidados várias vezes para as Oktoberfest para levarmos os nossos idosos para dançar e só tínhamos o coral”, relata.
Líria Marisa Barth faz a ponte entre a escola de dança e os grupos de idosos. Assim, se tornou auxiliar de Ale Danielly na organização do grupo. “É muito gratificante ver essas pessoas superando suas limitações. Algumas delas não sabiam que era possível, então nem tinham vontade de vir. E olha elas agora”, explica.
O nome, que é a tradução em alemão para a espécie de flores dos lírios-da-paz, o Friedenslilien não se limita aos movimentos típicos da cultura do país europeu. “Vamos surpreender muita gente com o que vamos apresentar”, aponta Ale Danielly.
Bom para o corpo e para a mente
A ciência comprova que a dança é uma ferramenta importante para a saúde física e mental dos idosos em especial. Os efeitos vão além da melhora em quadros de artrite e para combater o sedentarismo. Memória, menor stress e o próprio convívio social são benefícios possíveis para os dançarinos de plantão.
Ale lembra que é necessário cuidados especiais para respeitar os limites de cada um no Friedenslilien. “Algumas pessoas já podem ter alguma restrição de movimento, ou serem cardíacas, etc. Preciso cuidar deles como se fossem meus avós”, diz. Ela conduz o ensaio geral como faz nos grupos profissionais, que leva para diferentes lugares do Estado e do Brasil.