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ESTRELA

Pela segunda vez, famílias temem retorno para as casas

Quase 400 pessoas seguem instaladas em três ginásios do município. Assistência Social elabora estratégias para atender núcleos familiares diante de poucas doações de alimentos e materiais de limpeza

Pela segunda vez, famílias planejam reconstrução de casas pós cheia (Foto: Karine Pinheiro)

“Não dá mais para voltar para casa”, afirma Alessandra de Oliveira, de 36 anos. Pela segunda vez, ela o marido enfrentem a situação de conviver de forma coletiva no ginásio Ito Snel. Eles retornam para o local após a cheia do dia 18, mas desta vez sem perspectivas de regressar para a residência no bairro das Indústrias.

O casal, que está à espera de um filho, encontra dificuldades de encontrar uma nova casa. A residência atingida pela enchente do Rio Taquari ficou com danos na estrutura. No entanto, Alessandra relata que conseguiram tirar parte dos móveis, diferente do mês de setembro, quando perderam grande parte dos pertences.

“A parede está rachada e também não quero mais morar lá. Ficou um trauma. O que dificulta mais a situação é que não posso trabalhar, somente meu marido”, conta. Na primeira passagem pelo Ito Snel, o casal ficou abrigado pelo período de uma semana. Neste momento, para recebimento do Aluguel Social.

Assim como eles, mais de 180 pessoas estão acolhidas no espaço. Outras 100 estão alocadas no ginásio da Escola Estadual Nicolau Mussich e 70 pessoas no salão da Comunidade São José Operário. A secretária de Desenvolvimento Social e Habitação (Sedeh), Renata Cherini, explica que foram necessários mais abrigos porque as pessoas chegaram com mais pertences.

“Como as pessoas conseguiram sair das casas antes da água chegar, ela se organizaram para tirar os móveis. Os espaços nos abrigos precisaram ser melhor estruturados. Conforme a população ia chegando, pensamos até na possibilidade de preparar o quarto local”, comenta Renata.

Novas dificuldades

Segundo a secretária, as famílias encontram algumas dificuldades em retornar para as residências. Entre elas, a busca por fretes. Durante o período de resgate, explica, muitas transportadoras se disponibilizaram para levar os pertences aos ginásios. No entanto, a comunidade não encontra freteiros para o retorno.

É o caso de Nubem Siqueira Bastista, 39, que também está abrigada pela segunda vez. Moradora do bairro Oriental, ela conta que novamente perdeu os móveis, mas recebeu alguns donativos. Ela e a família precisaram ser resgatados pela Defesa Civil em meio às águas.

“Conseguimos organizar para sair, mas não deu tempo de retirar nossas coisas. Estávamos retomando tudo aos poucos. É uma situação muito triste, mas vamos voltar e reconstruir tudo de novo”, afirma Nubem.

Sem previsão de retorno, situação preocupa Alessandra (Foto: Karine Pinheiro)

Vínculos fortalecem o trabalho

Coordenadora do Cras Moinhos, Graziela Neitzke está responsável pela organização do ginásio Ito Snel. Conhecida pelos usuários do serviço de Assistência Social, ela ressalta que os vínculos criados auxiliam no acolhimento das famílias. Neste momento, a pasta faz atendimentos individualizados, que buscam entender das necessidades de casa pessoa.

“Cada família precisa ser acolhida de uma forma diferente. Temos rotina com horários específicos. Mas sabemos que o momento é difícil e buscamos proximidades também com as outras pessoas que não conhecíamos”, afirma a coordenadora.

A Sedeh disponibiliza café da manhã, almoço, janta e lanches durante o dia, bem como instalação de banheiros químicos, limpeza do local e segurança 24 horas.

Pouco voluntariado

Na avaliação de Renata, diferente do que foi visto em setembro, o maior desafio é o auxílio da comunidade.

O Centro de Atendimento à Comunidade, no antigo prédio do INSS, recebe os donativos de segunda-feira a sexta-feira. Para manter o atendimento às famílias enquanto estão abrigadas, a pasta custeia a compra de cestas básicas e demais materiais de necessidade.

Casas temporárias

Devido à lotação dos ginásios, a instalação de casas temporárias volta a ser discutida em Estrela. Em parceria com o sindicato da construção civil (Sinduscon-RS), o município projeta a instalação de unidades e avança para as tratativas finais junto ao Estado. São avaliados espaços nos bairros Boa União e Pinheiros.

Nos ginásios

  • Ito Snel – Cerca de 180 pessoas – 60 famílias
  • Escola Nicolau Mussnich – Cerca de 100 pessoas – 35 famílias
  • São José Operário – Cerca de 70 pessoas – 22 famílias
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