Jornal Nova Geração

EM ESPERA

Mais de 75 dias depois, Estrela ainda aguarda destino correto dos entulhos

Município ainda acumula 100 mil metros cúbicos de lixo depositados em frente ao Porto. Recurso para o envio dos resíduos a Minas do Leão foi repassado ao Estado, que está em fase de contratação do serviço

Entulhos foram depositados no Porto de Estrela como solução emergencial, em setembro (Foto: Felipe Neitzke)

“A questão do cheiro incomoda muito”. Moradora da rua Augusto Frederico Markus há 24 anos, Renata Paola Castanho reside a cerca de 300 metros do Porto de Estrela, no bairro das Indústrias, onde mais de 100 mil metros cúbicos de entulho das enchentes estão depositados desde o início de setembro.

O forte odor não é o único problema. A moradora também tem medo das doenças que podem surgir com a presença de vetores. Com a promessa do Estado de recolher o lixo e enviar para o aterro sanitário de Minas do Leão, a vizinhança, assim como o governo municipal, acreditava que os resíduos seriam retirados em poucos dias.

Passados dois meses e meio, o problema continua. “Com a nova enchente, a gente achou que viria parar na nossa casa. Ficamos com medo das doenças, porque ouvimos muito a questão de ter restos de animais da outra cheia ali no meio”, destaca Renata.

Ela diz acompanhar a situação e acredita que outros entulhos, que não foram da enchente, também possam estar sendo depositados no local, já que percebeu grande movimentação de caminhões despejando resíduos, mesmo um mês e meio depois da cheia.

Menos lixo, mais lodo

Secretário de Infraestrutura, Osmar Müller destaca que o município ainda estava fazendo a limpeza das vias, quase finalizada, quando a enchente do dia 18 ocorreu. Com a previsão de uma nova cheia que pudesse atingir os resíduos no Porto, as equipes compactaram os entulhos para evitar que se espalhassem.

Em relação à cheia do fim de semana, o secretário percebe que a cidade está mais limpa. Segundo ele, há lodo, mas poucos resíduos. A previsão é recolherem menos da metade do que foi recolhido durante setembro e outubro. De acordo com Müller, o governo já havia investido R$ 4 milhões em limpeza.

À espera

Diretora do Departamento de Meio Ambiente de Estrela, Tanara Schmidt diz que o município vive uma situação semelhante a outras cidades do Vale, que ainda aguardam o recolhimento do lixo por parte do Estado.

“Nós fizemos a limpeza na cidade, colocamos na área pontuada, uma área pública do município que é o que tínhamos como solução emergencial no momento da catástrofe”, reforça. Ela destaca que o local também foi escolhido por ser próximo à BR-386 e de fácil acesso para transportar o material.

Tanara ainda comenta que a retirada dos entulhos deveria ter sido feita entre 40 e 50 dias. “A orientação do Estado foi essa, que nos auxiliariam com a destinação para Minas do Leão. Entraram em contato conosco, estão tentando agilizar, mas tem a questão da burocracia”, ressalta a diretora.

De acordo com ela, após a retirada dos entulhos, serão feitas análises dos solo para verificar a necessidade de remoção por contaminação. “Estamos em decreto de calamidade pública, segunda enchente, estamos muito preocupados e fazendo o possível, entrando em contato direto com o Estado e aguardando um retorno.”

Em vídeo publicado nas redes sociais do governo, o prefeito Elmar Schneider diz que esta é uma questão de meio ambiente e saúde pública, e o município pede o destino correto. “O problema vai além do mau cheiro. Nós exigimos a retirada dos entulhos, não aguentamos mais”, diz na gravação.

Resposta do Estado

A Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) ficou encarregada de auxiliar os municípios na destinação dos entulhos das enchentes. As equipes da pasta e da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) fizeram o levantamento dos resíduos nos nove municípios que manifestaram interesse em receber a ajuda.

De acordo com a assessoria de imprensa, a solicitação dos recursos federais foi feita pela Sema ao Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional. O valor total de R$ 26,9 milhões foi liberado pelo governo federal no fim de outubro. A pasta agora trabalha nos procedimentos administrativos para a contratação do serviço de recolhimento, transporte e destinação dos entulhos. O recurso não será repassado diretamente aos municípios.

Compartilhar conteúdo

PUBLICIDADE

Sugestão de pauta

Tem alguma informação que pode virar notícia no Jornal Nova Geração? Envie pra gente.

Leia mais: