Muitas vezes, penso sobre como a ‘providência divina’ atua em nossas vidas, de forma a nos colocar caminhos e escolhas sobre os quais precisamos decidir.
Em uma noite de sexta-feira, a convite de um amigo e degustando uma excelente cerveja artesanal, conversávamos sobre vários assuntos. Em determinado momento, o assunto se dirigiu sobre o gosto e o hábito de ler.
As idades no grupo variavam de vinte e poucos até mais de 60 anos. Ficou claro que quanto mais idade, esse hábito se faz mais presente. Uma das curiosidades foi que alguns com mais estrada, revelam que não gostam de ler, sentem sono ou um desconforto qualquer. As razões direcionam para eventos da história de cada um, mas com algo em comum: a obrigação, por um motivo ou outro, de ler. Por estudo ou imposição dos pais. Ficou claro, também, que os livros que levaram a esse efeito de aversão por ler, não eram de livre escolha.
Outro fato muito discutido hoje em dia é que a maioria não tem tempo para ler. Os compromissos acabam roubando o tempo que poderia ser dedicado à leitura. Também a tecnologia compete de forma injusta com o livro impresso. As redes sociais e todo o material digital disponível na internet puxam para si o pouco tempo disponível. Mesmo com o advento do livro digital, sobre o qual nove entre dez leitores habituais dizem não gostar, o gosto pela leitura de uma publicação impressa parece estar em risco de extinção. Uma pena.
Quem não teve a experiência de encontrar um texto interessante que tenha a característica de fazer o leitor viajar para lugares onde nunca esteve, não sabe o prazer que existe causado pelo despertar da capacidade de pensar. Uma capacidade que é capaz de, muitas vezes, superar a injusta competição com um filme, onde o áudio e o visual fazem a maior parte pelo nosso cérebro.
O que preocupa mais do que a falta de hábito de ler um livro, é o fato das pessoas que não o possuem o potencial de escrever, de compartilhar com outras pessoas suas ideias, suas inspirações, e proporcionar um desenvolvimento pessoal e até profissional, ou simplesmente momentos de diversão. Digo isso por experiência própria. Em uma madrugada insone, e por uma inspiração, comecei a escrever. Quase impossível descrever o prazer que isso proporciona.
Hoje, com meu livro publicado, e outro a caminho, percebi pelo feedback das pessoas que o leram, como é prazeroso saber que proporcionei a elas esses momentos de diversão. Uma janela (ou talvez porta de escape) das redes sociais. Isso não tem preço. Mas um aviso a quem se aventurar pelo caminho da leitura: pode não haver retorno…
