Um problema recorrente na área rural do município volta à tona com a instauração de um Inquérito Civil, por parte do Ministério Público (MP), referente à qualidade do sinal de internet móvel. A investigada é a Oi, mas moradores das Linhas Geraldo Alta e Geraldo Baixa reforçam que outras operadoras também apresentam restrições.
O inquérito, assinado pela promotora Andrea Almeida Barros, foi instaurado no dia 17 de novembro e publicado em 8 de dezembro no Diário Oficial do MP. A documentação remete a um abaixo-assinado organizado em 2019 pelas comunidades. A produtora Claudete Reichert conta que o problema vem de mais tempo, se considerar o sinal de telefonia como um todo. “Dificuldades vem de duas décadas. Já assinei vários abaixo-assinados”, diz.
O sinal disponível, de acordo com ela, vem de Teutônia e Arroio do Meio, e a localidade fica incomunicável em diversos momentos. Só no trecho onde residem, na Geraldo Baixa, são 15 famílias com limitações de sinal de internet. A situação é registrada em outros pontos, como as Linhas Wolf e Roncador. Um homem que trabalhava na propriedade brincou com a situação. “Se subir em um coqueiro funciona.”
A proximidade geográfica dos centros urbanos não é garantia de qualidade no serviço. “Precisaríamos de uma antena aqui próximo”, indica Claudete, ao apontar o Morro do Roncador como uma possibilidade para a instalação.
Fatores de preocupação
A implementação da Nota Fiscal Eletrônica para as saídas da produção oferece praticidade para a burocracia, mas o envio das remessas depende de internet. “A nossa preocupação é quanto à falta de conexão nesses momentos”, argumenta Claudete. A não emissão do documento pode, no entendimento da agricultora, prejudicar a comercialização e impedir saídas de produtos que não podem ficar armazenados mais tempo na propriedade.
O êxodo rural é outra situação citada por Claudete. “Hoje em dia, os jovens precisam de comunicação, para os estudos, e deste jeito não vão querer ficar.” Ela é mãe de dois jovens, de 20 e 28 anos, que auxiliam na atividade rural, mas não pretendem fazer a sucessão no local.
Prazo de resposta
A operadora não respondeu aos contatos da reportagem. Ao Ministério Público, a Oi tem até o dia 20 deste mês para informar o motivo para o não atendimento das indicações da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Conforme a reguladora, todos os municípios entre 30 e 100 mil habitantes – caso de Estrela – deveriam ter 100% do território atendido pela tecnologia 3G até junho de 2016.