A desativação da rodoviária na avenida Rio Branco apresenta uma série de reflexos a quem mantém negócios no local. Além da baixa nas vendas, causada pela redução significativa na circulação de clientes, os empreendedores e quem passa pelo antigo terminal convivem com outra situação. Pessoas em condição de rua estão na área destinada aos taxistas, que deixaram o ponto na mudança de endereço da estação, no início de novembro.
A movimentação diferente foi percebida pelo proprietário de um estabelecimento anexo ao local há algumas semanas. O empresário, que não quis se identificar, conta que a presença dessas pessoas tornou o ambiente hostil. Os relatos são de uso de drogas por parte desses moradores, que fazem necessidades básicas em lugar inapropriado. “Um deles entrou aqui na loja fazendo questionamentos de forma incisiva, o que nos deixa apreensivos”, diz.
O antigo administrador da rodoviária e proprietário do imóvel, Nelson Noll, afirma que repassou o caso ao governo municipal. “O melhor é o município dar destino a estas pessoas”, pontua. Ele acrescenta que não cogita alguma medida mais drástica no momento, como a reintegração de posse, que envolve a via judicial. “Vamos tentar todas as possibilidades com a assistência social.”
Na sexta-feira, 29, equipes da Secretaria de Desenvolvimento Social e Habitação voltaram ao local verificar as condições. A secretária Renata Cherini menciona que pessoas de outras cidades ocupavam o espaço, mas que receberam auxílio para que pudessem voltar ao lugar de origem, e outras da região foram encaminhadas ao Abrigo São Chico, em Lajeado.
O último relato é que haviam três pessoas dormindo no antigo ponto de táxi. “Estamos com dificuldade para que eles aceitem sair da rua. São pessoas que saem durante o dia, ficam fora e voltam para dormir”, explica a gestora. Por outro lado, Renata busca tranquilizar a comunidade em relação à isso. “Nunca tivemos moradores de rua aqui em Estrela, e se pudermos fazer algo para auxiliar essas pessoas, vamos fazer”, conclui.
Vendas em baixa
Outra situação relatada pelos comerciantes é a redução do fluxo no local. Eles chegam a falar em uma queda de 50% nas vendas depois do fechamento do terminal, e ainda buscam explicações para o que motivou o encerramento das atividades. “Nos prejudicou muito. Existe uma estrutura, que era até um cartão postal para o município, e agora está ociosa sem uma justificativa”, comenta Marcelo Souza, proprietário de uma lanchonete na antiga estação.
Mesmo com a mudança de endereço, muitos motoristas mantém a velha rodoviária como referência. Um ônibus com destino ao norte do estado parou no local para que passageiros pudessem comprar algum alimento, já que o novo terminal não conta com estabelecimentos do tipo no entorno.
Relembre o caso
A Noll, empresa que administrava o terminal rodoviário no município, rescindiu o contrato de concessão junto ao Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) em 2021. Em julho de 2023, ficou definido que a concessionária que assumiu o serviço deveria indicar um local para a atividade até o fim de outubro.
Desde 1º de novembro o embarque e desembarque dos ônibus intermunicipais passou para Avenida dos Estados, administrado pela empresa Conexão Terminais Rodoviários. O antigo terminal, construído na década de 1970, é utilizado desde então apenas como espaço para os estabelecimentos comerciais que já estavam instalados.