Como surgiu sua ligação com o samba e o Carnaval?
Bruno Petry – Minha família sempre foi muito ligada ao Carnaval e principalmente à Inhandava. Meus pais desfilam desde a criação da escola, em 1983, e me levavam junto aos ensaios e desfiles. Para mim sempre foi muito legal e intrigante ver como era o funcionamento de um barracão de escola de samba. Comecei nas alas infantis, depois fazendo parte da bateria, fui membro da comissão de frente do último campeonato regional que tivemos e depois realizei meu primeiro sonho, que era ser mestre-sala da Inhandava, função esta que foi do meu pai em 1984, em um dos primeiros títulos regionais da escola. Após um tempo, fui realizar meu segundo sonho de ser o Presidente mais jovem a assumir a Inhandava em 2019.
O que a atuação na Inhandava te proporcionou em relação a experiências e conhecimentos?
Petry – Acredito que sempre foi uma questão de busca por novos desafios, conhecer uma cultura muito popular, porém vista de maneira diferente, por diversas pessoas. Como disse, vivenciei o barracão, sabia o esforço de cada integrante da diretoria em colocar uma escola do tamanho da Inhandava na avenida. Ao mesmo tempo, fui montando em minha mente as questões que me intrigavam e percebia que poderiam ser trabalhadas e desenvolvidas de uma forma diferente. O samba sempre foi algo muito forte pra mim, o samba de uma escola de samba então, que demonstra todo seu entusiasmo e conhecimento, mexe mais ainda com a nossa emoção. Mas foi através da Inhandava que conheci o significado de paixão por algo além de sanguíneo, foi e é por ela que dedico boa parte do meu ano, com muito orgulho.
Quais os maiores desafios de presidir uma escola de samba?
Petry – Os desafios são vários. Muito pelo fato de tu não poder usar apenas o seu desejo e vontade como a única verdade. Precisa ser conciso em suas decisões e impor a importância do teu cargo, mas tem que saber gerir uma diretoria, que tem muita qualidade e ideias, da melhor maneira possível. E sem contar na responsabilidade de um trabalho honesto, transparente e do compromisso perante a toda uma comunidade, sendo ela apoiadora do carnaval ou não.
Como manter o pertencimento dos integrantes da escola durante o ano, diante de uma festa sazonal que é o Carnaval?
Petry – Nós enquanto diretoria da Inhandava trabalhamos o ano como um todo. Durante o período que estamos sem a produção de fantasias e adereços, realizamos eventos locais com promoções, a Gincana Inhandava, participamos sempre que podemos de eventos do município, eventos particulares, enfim, aqui trabalhamos 12 meses de Inhandava. Uma escola de samba jamais pode parar, assim o entusiasmo e o espírito carnavalesco pode diminuir e quem sabe até sumir. Para sermos respeitados, precisamos demonstrar o verdadeiro significado de trabalho, então assim vamos lutando, ano após ano, para resgatar a força que o Carnaval já teve em nosso Vale, sabendo que em Bom Retiro do Sul, temos a maior e mais forte escola de samba da região.