Jornal Nova Geração

Temporal expõe fragilidade de postes da rede elétrica

Jornal NG percorre localidades mais afetadas em Estrela e encontra estruturas de madeira em péssimas condições e prestes a cair (Foto: Carlos Eduardo Schneider)

Treze dias depois do temporal que deixou mais de 300 famílias sem luz, por até 90 horas, pelo menos quatro comunidades do interior de Estrela não vislumbram dias melhores. Os postes que caíram foram substituídos. Outros, porém, podem cair no próximo vento forte. Alguns estão inclinados, seguros pelos próprios fios. Outros estão podres, rachados, com escora ou mesmo “amarrados”.

A reportagem do Jornal NG percorreu os pontos mais críticos, acompanhada do secretário da Agricultura, Douglas Sulzbach, do engenheiro civil do município, Adilson Heleno da Silva; e do presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), Rogério Heemann. “Pudemos constatar que, em diversos pontos, a fragilidade das estruturas da rede pode deixar sem luz, novamente, pelo menos 250 famílias”, alerta Sulzbach.

Ações judiciais 

Heemann informou que o setor jurídico do STR está à disposição dos associados para que possam ajuizar ações contra a concessionária RGE, responsável pelo abastecimento e manutenção da rede elétrica em Estrela. A intenção é o ressarcimento dos prejuízos e despesas ocasionados pelo temporal da última semana. “Além de alimentos terem estragado, muitos tiveram gastos com combustível para geradores. Quem concluir que tem direito a uma indenização deve nos procurar”, explica o sindicalista.

De madeira por concreto

Conforme o engenheiro civil, a municipalidade espera que a concessionária troque todos os postes. “Tendo em vista que o principal fator do desabastecimento está no colapso da
rede de transmissão de energia do interior, devido à precariedade das estruturas de sustentação, sugerimos a adoção urgente das medidas técnicas para substituição total dos postes de madeira por unidades de concreto armado”, relata Silva. 

Segundo as orientações, que constam, inclusive, em um parecer técnico sobre a realidade dos postes no interior, organizado pela Secretaria da Agricultura, o concreto atende a resistência necessária para suportar as alterações climáticas da região. O documento sugere ainda técnicas apropriadas para a fixação, a fim de que os postes resistam à força do vento. A recomendação se estende também aos postes de concreto já instalados, para que resistam ao peso dos equipamentos instalados. “Esses procedimentos trazem imenso benefício na oferta do serviço de energia, assim como a melhor qualidade nas atividades dos produtores rurais”, salienta Silva.

(Fotos: Carlos Eduardo Schneider)

A dimensão dos problemas 

A reportagem do Jornal NG percorreu as localidades que mais registram problemas no abastecimento de energia elétrica e que voltaram a sofrer com prejuízos no último temporal. Nas comunidades de São Luís, São Jacó, Linha Wolf e Linha Geraldo Baixa, moradores estão à mercê de novas intempéries do clima, pois estruturas sem as mínimas condições foram encontradas às margens de estradas, sustentando redes de energia e transformadores. 

Um problema, conforme o secretário da Agricultura, Douglas Sulzbach, que traz apreensão, riscos, perdas e indignação. “São postes sem nenhuma justificativa de seguirem de pé. Uma triste realidade que precisa mudar. Não vamos deixar que nossos agricultores voltem a ficar horas e horas sem luz. É preciso exigir e cobrar investimentos urgentes no nosso interior”, desabafa.  

Linha São Luís:

– Poste com rachaduras, em função da dilatação. As fissuras favorecem a entrada de umidade, fungos e outros parasitas, que acabam acelerando a decomposição da madeira

– Poste com grande rachadura e apodrecido na base. Seguro pela rede de energia elétrica.

Linha São Jacó: 

– Conforme aponta o engenheiro Adilson Heleno da Silva, escavações comprometeram a base do poste. Com a saturação de água no solo e vento forte, o poste pode ceder. 

Linha Wolf:

– Moradora de Linha Wolf, Maristela Etgeton, acompanha a inclinação do poste, que não suporta o transformador. Segundo ela, o problema já tem cinco anos. “Avisamos muitas vezes sobre este problema, mas até agora nada foi feito”, lamenta a agricultura. 

Dois postes instalados lado a lado. Um leva à rede de alta tesão, e o outro à de baixa tensão.

– Três postes no mesmo local. Há um cupinzeiro na base. 

Moradora de Linha Wolf, Maristela Etgeton

Linha Geraldo Baixa:

Poste com inclinação, onde foi colocado outra estrutura para “segurá-lo”. 

– Poste seguro por uma corrente, amarrada em um galpão. Possivelmente esta corrente equilibra o poste, que está entre dois outros, com inclinação acentuada. 

– Poste apresentando inclinação acentuada, possivelmente seguro pela rede de energia elétrica.

RGE diz que possui plano preventivo

Procurada para verificar o que será feito para resolver a situação e garantir que as famílias do interior não voltem a ficar por dias sem luz, a concessionária diz que possui um plano de prevenção e melhoria, com inspeção periódica da rede elétrica de toda a área de concessão. Além disso, que conta com um plano de investimentos, envolvendo a melhoria e manutenção da rede elétrica. 

“Em 2020 foram investidos R$ 963 milhões nos 381 municípios da área de concessão. Somente em Estrela e Colinas foram R$ 3,5 milhões. Em 2021, apenas entre janeiro e março, os investimentos nessas duas cidades somam mais de R$ 878 mil.” Sobre o tempo para consertos e restabelecimento da luz, a RGE reforça que depende da complexidade dos danos. “No temporal de sábado, dia 5, a rede precisou ser refeita em vários pontos.” 

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