Jornal Nova Geração

PÓS-CHEIAS

Mais de 1,7 mil pessoas permanecem nos abrigos

Municípios pedem mantimentos, produtos de limpeza, e, em especial, mobiliário e utensílios domésticos. Doações continuam a chegar ao Vale

do Instituto Cultural Floresta (ICF) entregam milhares de donativos aos municípios do Vale. (Crédito da imagem: divulgação)

Quase 40 dias após o início das cheias no Vale do Taquari, mais de 1,7 mil pessoas permanecem nos abrigos da região. À espera do aluguel social ou das novas moradias, famílias que tiveram residências totalmente destruídas ainda recebem doações de alimentos, vestimentas e produtos de higiene e limpeza. Mas, agora, outra demanda é por mobiliário e utensílios domésticos.

De acordo com a Secretária de Desenvolvimento Social, Céci Gerlach, 291 pessoas permanecem nos abrigos de Lajeado. No Parque do Imigrante, são 109 famílias, enquanto no bairro Conservas, são 11. Entre as principais demandas aos atingidos, hoje, a secretária cita o mobiliário. Parte das solicitações feitas pelos moradores desalojados será suprida com uma carga de doações de fogões, balcões com pia e mesas que chegam ao município.

Segundo Céci, ainda são necessários itens como camas de casal, máquinas de lavar roupa e utensílios domésticos. “As doações previstas para chegar não atingem o quantitativo de solicitações que temos”, destaca a secretária.

Privacidade

Em Estrela, 320 pessoas também permanecem nos abrigos. Como forma de garantir a privacidade das famílias, o município avança na instalação de divisórias. No ginásio da comunidade São Cristóvão, a colocação dos itens deve ser finalizada nesta semana, garante a secretária Renata Cherini. A estrutura é montada com lonas anti chamas e suportes de ferro, bem como proteção no teto devido às baixas temperaturas.

A secretária destaca que com a disponibilização do aluguel social, muitas famílias conseguiram se reorganizar e fazer a mudança. As pessoas que vivem nos espaços de acolhimento contam com as principais refeições ao longo do dia, bem como atividades voltadas às crianças. Para fortalecer as ações, foram contratados 16 educadores sociais para atuar nos locais.

Gabi da Silva, moradora do bairro Moinhos, está com o marido e filhos no abrigo Ito Snel. (Foto: Karine Pinheiro)

Entre os abrigados no ginásio Ito Snel, está Gabi da Silva, com o marido e os filhos. A família saiu de casa, no bairro Moinhos, durante a enchente e dormiu nos carros nos primeiros dias. Toda a casa foi destruída.

Ela conta que com as divisórias instaladas pelo governo, foram criadas também regras para convivência e para a limpeza de espaços coletivos. Gabi relata a dificuldade de encontrar casa para alugar.

Doações continuam a chegar ao Vale

Engajado no auxílio às vítimas da enchente e no apoio à reconstrução do Rio Grande do Sul, o Instituto Cultural Floresta (ICF) traz ao Vale do Taquari nesta semana, milhares de itens básicos. Serão entregues cestas básicas e material de limpeza e higiene, além de botas de borracha e ferramentas para reerguer moradias.

O comboio de caminhões do ICF com donativos partiu de Porto Alegre na manhã dessa segunda-feira, 10, e permanece no Vale até quarta-feira, 12. Cerca de 20 voluntários do instituto irão passar por oito cidades, onde vão distribuir as doações.

“Nesse momento de dificuldade, queremos apoiar o poder público e levar ajuda diretamente a quem mais precisa”, explica o presidente do Conselho Consultivo do ICF, Claudio Goldsztein.

Em outra frente, o instituto entregará equipamentos para reforçar as corporações de segurança pública no Vale do Taquari, incluindo drones de visão térmica, que poderão ser usados no patrulhamento de áreas que estão desabitadas após a enchente. O ICF também vai ceder equipamentos para ampliação do sistema de rádio transmissão das forças de segurança.

Com quase oito anos de existência, a organização sem fins lucrativos tem o propósito de mobilizar a sociedade civil a se aproximar do poder público para contribuir na melhoria da segurança e educação pública do Rio Grande do Sul.

Nos municípios mais atingidos
  • Lajeado

Pessoas em abrigos: 291, no Parque do Imigrante, e no bairro Conservas.

Doações: O município vai receber fogões, balcão com pias e mesas. A maior necessidade segue sendo mobiliários como esses, além de camas de casal, máquinas de lavar roupa e utensílios domésticos. Doações de pequenos volumes são recebidas no Centro Recrie. Grandes volumes são recolhidos pela Defesa Civil, com horário combinado.

  • Muçum

Pessoas abrigadas: 25, no Ginásio do Bairro Jardim Cidade Alta.

Doações: Água potável, cestas básicas e produtos de limpeza. Doações devem ser entregues no Salão Paroquial de Muçum, lá acontece as retiradas pela população nas segundas, quartas, e sextas-feiras, das 8h às 13h.

  • Estrela

Pessoas abrigadas: 320, no Centro Comunitário Cristo Rei, Ito João Snel e Comunidade São. Cristóvão, no bairro Boa União.

Doações: A principal necessidade é por móveis. Mas ainda há grande dificuldade de encontrar moradias.

  • Encantado

Pessoas abrigadas: 427, em 14 abrigos.

Doações: cestas básicas, kits limpeza e higiene.

  • Arroio do Meio

Pessoas abrigadas: 165, no Ginásio Santos Reis, ginásio da Escola João Beda Korbes e ginásio do loteamento Glória.

Doações: Maior necessidade é por assistência básica. Nos abrigos, são entregues cestas básicas, refeições e o município criou um centro de distribuição de roupas e calçados na rua coberta.

  • Cruzeiro do Sul

Pessoas abrigadas: 479

Doações: Maior procura por roupeiro, cômoda, fogão e pia.

  • Roca Sales

Pessoas abrigadas: 42

Doações: Cestas básicas, produtos de limpeza e higiene pessoal. O Centro de Recebimento e Distribuição dos donativos é no Ginásio aos fundos do Cras, localizado na Rua General Daltro Filho, 1.747.

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