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Assembleia detalha plano de renegociação e apresenta números

Encontro ocorre na próxima terça-feira, 24, na sede da associação dos funcionários da cooperativa

Auditoria apresentada no dia 11 de setembro mostrou que gestão passada usava financiamentos para cobrir despesas de operação. (Crédito da imagem: Filipe Faleiro)

Depois da auditoria externa sobre decisões da diretoria entre 2018 a 2023, a Languiru promove a segunda assembleia deste mês de setembro. Na terça-feira, 24, a gestão liquidante detalha o relatório financeiro do ano e pormenoriza as ações para enfrentar a crise financeira.

A expectativa gira em torno da apresentação dos números que indicam o começo de um equilíbrio financeiro após mais de um ano de resultados negativos. Entre as principais medidas destacadas estão a retomada de três turnos de abate no frigorífico de Westfália e a parceria com a JBS, que garantiu a produção de 150 mil aves por dia. Além disso, o corte de despesas e o foco na produção de leite contribuíram para que alguns meses já registrassem saldo positivo.

O presidente liquidante da Languiru, Paulo Birck, reforça que as medidas começam a surtir efeito. “Ainda não temos todos os dados fechados, mas já é possível perceber meses no azul após mais de um ano de perdas consecutivas”, afirma.

No encontro, também serão discutidas as dívidas da cooperativa e a continuidade do plano de renegociação. Pelo relatório da consultoria Markestrat, a cooperativa tem mais de R$ 1 bilhão para pagar a fornecedores, instituições bancárias e terceirizados.

Pelo relatório, o plano de recuperação prevê que, com uma combinação de aumento do fluxo de caixa e renegociações com credores, a Languiru pode quitar todas as suas obrigações em um prazo de até 30 anos.

Vendas de ativos

Além da produção avícola, a assembleia abordará a possível venda do frigorífico de suínos em Poço das Antas, uma das apostas para capitalizar a cooperativa. No entanto, essa operação depende de autorização judicial para que o ativo seja leiloado sem o risco sucessório das dívidas. Birck destaca que há interessados na compra, mas o processo requer segurança jurídica para ser concretizado.

Desafios futuros

O plano de recuperação da Languiru, segundo Birck, depende também da adesão dos credores. Segundo ele, a maioria tem se mostrado disposta a aceitar o formato de pagamento. Ele ressalta a responsabilidade da nova gestão em equilibrar os interesses de todos os envolvidos, garantindo a sustentabilidade da cooperativa a longo prazo.

“No melhor dos cenários, conseguimos pagar a dívida em 10 ou 12 anos”
Entrevista com Paulo Birck
Paulo Birck, presidente liquidante da cooperativa Languiru. (Crédito da imagem: Arquivo A Hora)

A Hora – A auditoria revelou dados importantes sobre a gestão anterior, como o uso de financiamentos com juros altos para cobrir operações. Qual a sua avaliação?
Paulo Birck – A auditoria trouxe informações importantes, mas precisamos investigar mais. O que vimos até agora reforça nossa posição de que a gestão passada foi irresponsável. Em um primeiro momento, não se constatou aquilo que muitos achavam, como desvios, corrupção ou algo do gênero. Mas vimos sucessivos erros de gestão. Foram anos de empurrar os problemas com a barriga, resultando nessa dívida gigantesca. O associado e os credores precisam entender essa realidade para que possamos buscar soluções junto aos bancos e minimizar os prejuízos.

– Quais são as alternativas se não houver uma solução rápida?
Birck – O plano de recuperação mostra que precisamos atingir uma produção mensal de 10 milhões de litros de leite e aumentar a produção de aves. Não temos outra escolha. Além disso, contamos com a adesão dos credores. No melhor dos cenários, conseguimos pagar a dívida em 10 ou 12 anos.

– Como estão as negociações com os credores?
Birck – A adesão dos credores tem sido positiva. Muitos reconhecem que também foram prejudicados e estão dispostos a buscar uma solução. Infelizmente, essa conta chegou para todos, e agora precisamos agir para minimizar o impacto.

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