A pressão e angústia trazidas pela pandemia fizeram com que os livros se tornassem uma “válvula de escape” para as pessoas. Como forma de distração, a leitura se mostrou um método terapêutico eficaz. Este foi um dos motivos que fizeram a Biblioteca Pública Municipal Francisco Reckziegel Assis Sampaio registrar aumento na procura por obras.
Em média, por mês, 650 livros são retirados em Estrela. A ampliação no prazo de devolução, que passou de 30 para 60 dias, também contribui para o aumento. Além disso, agora o leitor pode solicitar o empréstimo de até cinco obras por vez. Atualmente, cerca de 3,2 mil pessoas estão cadastradas no sistema da biblioteca.
O trabalho foi adaptado para que pudesse retornar de forma presencial, seguindo todos os protocolos de segurança. “Focamos no uso de nossas redes sociais para nos aproximar da comunidade e divulgar informações relevantes sobre o combate à Covid-19”, explica a bibliotecária Ana Cristina Prates da Silva.
Para ela, o perfil do leitor também mudou. “Antes idosos e crianças buscavam por livros, agora jovens e adultos também passaram a se interessar. A sessão de lançamentos e de best-seller são os mais procurados”, afirma. Conforme a bibliotecária, é necessário o apoio das editoras, seja para fornecer livros ou e-books.
A Biblioteca Pública Municipal, que conta com um acervo de aproximadamente 21 mil obras, aguarda pela aquisição de novos títulos e o fornecimento de Wi-Fi aos leitores. “Com a ampliação e melhorias será possível oferecer um serviço de ainda mais qualidade para a comunidade.”
Mente ativa e criativa
Neste domingo, dia 25, é celebrado o Dia do Escritor. Desde criança, o estrelense Vicente Reckziegel, tem interesse na escrita, mas foi em 2010 que publicou seu primeiro livro: “O Casarão”, disponível na Biblioteca de Estrela. Autor de três obras, é por meio das palavras que mantém a mente ativa e criativa. “Para funcionar deve ser um estado de espírito também. Forçar um texto faz com que o mesmo soe artificial ou sem qualidade”, analisa.
O isolamento social fez Reckziegel escrever e ler mais que o habitual. Para ele, a “obrigação” de permanecer mais tempo em casa fez com que muitas pessoas dessem mais valor a todas as formas de arte. “Se não fosse o cinema, a música ou a literatura esse processo de permanecer em sua residência seria uma tortura mental”, observa.
Literatura de inclusão
O historiador estrelense, Jandiro Adriano Koch, ainda na adolescência escrevia livros. Filho de pequenos agricultores, sabia que o conhecimento era relevante tanto para plantar e colher, quanto para o aprimoramento do ser humano enquanto cidadão. Contexto e leituras futuras desembocaram na escrita pelo autor.
Seis livros já foram publicados e um está em fase de revisão – dois o leitor também encontra na biblioteca. A temática de suas obras aborda a cultura plural e diversa de Estrela e do Vale do Taquari. “É uma literatura de inclusão. Para mim, a alegria do escritor é a pesquisa e a escrita, processos nos quais nos tornamos melhores como pessoas”, afirma.
Pandemia
A pandemia impactou de formas diferentes os escritores. Conforme Jandiro, muitos se viram inspirados a escrever, enquanto outros tiveram restrições ou impossibilidade de acessar aos museus e aos acervos bibliográficos necessários para a pesquisa. “No meu caso, não vi vantagens”, aponta.
Segundo o autor, ler escritores locais faz a comunidade conhecer a própria história com múltiplos olhares. “Possibilita termos escolhas melhores nas áreas econômica, cultural, política e privada. É uma forma benéfica de diálogo entre as partes”, ressalta.