Jornal Nova Geração

Protagonismo e inclusão no mercado de trabalho

Assim que o relógio marca 12h15min, Leonardo José Santos da Costa, de 35 anos, avisa o pai Osmar da Costa, de 79, que está na hora de ir trabalhar. Juntos, os dois atravessam a BR-386, no Bairro Pinheiros, em Estrela, e caminham até a Rota Indústria Gráfica. O percurso, a pé ou com o carro em caso de chuva, é feito há quase 11 anos. Leo é portador de síndrome de down e, com o auxílio da família, supera os desafios para atuar no mercado de trabalho.

Tereza da Costa, de 75 anos, conta que sempre tratou o filho como uma pessoa normal. Desde os três meses de idade ele é acompanhado pela Apae Estrela, onde estuda, faz bolachas e se diverte. Quando está em casa, ajuda nas demandas do dia a dia, como dobrar e guardar roupas, e arrumar a cama. Além disso, auxilia na renda de casa. “Gasto muito com remédios, então o que recebo é pouco. O salário dele serve como auxílio para comprar comida e roupas”, explica.

Os colegas de trabalho do Leonardo auxiliam e o tratam com respeito. Segundo a mãe, não é necessário dizer a ele para ir ao serviço, pois sabe que precisa. “Um dia o pai dele disse que estava chovendo e não precisava ir. Ele insistiu, falou que não podia faltar”, lembra.

Foto: Carlos Eduardo Schneider

Rotina

Na Rota Indústria Gráfica são produzidas embalagens em papel cartão e microondulado, rótulas, cartelas, bainhas, tags, folhetos e etiquetas adesivas. Durante a manhã, Léo vai para a Apae e à tarde trabalha na empresa. Assim que o expediente termina, às 16h30min, volta para casa, assiste novela, joga e escuta música no computador.  Leonardo foi influenciado pelos colegas da Apae a torcer pelo Grêmio. “Gosto de assistir as partidas. Mas quando tem jogo do Inter, rezo para ele ganhar para o meu sobrinho Fábio não ficar triste”, conta.

Há 11 anos no mercado de trabalho

Em 2010, Josemari Baronio, de 44 anos, portadora de paralisia cerebral, epilepsia e retardo mental moderado, começou no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial de (Senac) Lajeado. Na época, iniciou um estágio na Benoit, local em que trabalha com carteira assinada até hoje. “Quando ela vai lá, volta com um semblante diferente de tão querida que as pessoas são”, observa a mãe Teresa Sessi Baronio, de 84 anos.

Devido à pandemia, Josemari está afastada do trabalho. No dia a dia, fazia a separação de folhas e jalecos. Dois colegas auxiliavam na rotina do trabalho e aprenderam a lidar com suas limitações. “Enquanto não volto a trabalhar, aproveito o tempo para assistir televisão, ouvir rádio, montar quebra-cabeça, e mexer no Facebook e no WhatsApp. Também faço pinturas, eu adoro pintar”, revela.  

Josemari Brandão está afastada do trabalho devido a pandemia (Foto: Larissa Santos)

Lição de vida

Com 2 anos de idade, Teresa Baronio teve a mão esquerda amputada em uma moenda de cana e, com 26 anos, sofreu um acidente de ônibus em que perdeu a perna direita. As dificuldades nunca impediram Teresa de trabalhar, tanto que atuou como professora por mais de 30 anos.

Natural de Muçum, ela percebeu que a filha possuía necessidades especiais e, mesmo sem recursos, procurou todos os médicos que estavam ao seu alcance. “Deus sabe o quanto eu sofri para torná-la como é hoje. Mesmo não sabendo ler e escrever, sabia que a Josi tinha condições de fazer outras atividades”, afirma.

A história de vida das duas serve de exemplo. Para onde a professora vai, conta tudo o que passou. “Foi através do nosso exemplo que muitas pessoas mudaram de opinião, pois muitas não aceitam quando seus filhos têm alguma necessidade especial. Sempre tento mostrar que é importante escutar, incentivar, ensinar e dar oportunidade a eles. Aquilo que a Josi aprendeu, nunca vai esquecer”, ressalta.

Teresa e a filha Josemari Baronio (Foto: Larissa Santos)

 

Imigrante: Dia da Diversidade e Inclusão

Devido à chuva, Imigrante adiou para quarta-feira, dia 1º, na Praça da Paz, o Dia Municipal da Diversidade e Inclusão. Aberto à população, a programação busca divulgar e conscientizar sobre os direitos sociais das pessoas em situação de deficiência intelectual e múltipla. O evento é uma promoção do Cras, e das secretarias da Saúde e da Educação, Cultura, Desporto e Turismo.

Fazenda Vilanova: Ações de socialização e integração 

O município de Fazenda Vilanova também adiou para terça-feira, dia 31, o evento que marca a Semana da Pessoa com Deficiência. Na data haverá uma ação alusiva às pessoas com necessidades especiais que participam do Cras e estão matriculadas na Secretaria de Educação. O objetivo é promover a socialização, bem como ressaltar a importância deles para a comunidade. Próximo da prefeitura, o profissional de Educação Física Leandro Azevedo fará atividades recreativas e, em seguida, terá distribuição de panfletos com informações sobre os direitos das pessoas com necessidades especiais. 

Fique por dentro 

A Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla é uma campanha anual, que ocorre desde 1963, entre os dias 21 e 28 de agosto. Promovido pela Federação Nacional das Apaes, foi introduzida no calendário nacional pela Lei nº 13.585/2017. A cada ano é definido um tema, que busca conscientizar a sociedade acerca de determinadas necessidades para inclusão plena. “É tempo de transformar conhecimento em ação” é o tema de 2021.

 

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