Levar alegria, confraternização e a magia do Natal pelas ruas da cidade. Durante o mês de dezembro, os bairros de Estrela tiveram a presença de caravanas com carros iluminados e a participação do Papai e da Mamãe Noel, bem como o auxílio dos duendes. O objetivo foi descentralizar a programação natalina e manter a imaginação das crianças viva por meio da participação dos personagens.
Denominada “Luz e Esperança”, a caravana de Natal organizada pelo governo de Estrela priorizou a passagem por toda área urbana do município. Durante dois dias, a comitiva percorreu os bairros em passeios que duraram cerca de duas horas. Entre as atrações, apresentações de músicas e danças. Coordenador dos Grupos Folclóricos de Danças Alemãs, Andréas Hamester destaca que além de integrar a comunidade, os pacotinhos de doces entregues renderam muitos sorrisos por parte da população. “Todas as pessoas a volta corriam para ver o que estava acontecendo”, conta.
A iniciativa também contou com apoios dos Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) de Estrela, Brigada Militar e Corpo de Bombeiros. A coordenadora da Secretária de Turismo, Cultura, Esporte de Lazer (Setcel), Sandra Ahlert, ressalta que o Natal consiste em levar alegria, esperança e solidariedade à população. “Fazendo parte do trajeto a pé, recebemos muitos abraços e muitos sorrisos. Esse é o nosso objetivo, porque as crianças, principalmente, esperam algo diferente”, declara.
Desafio de ser personagem
Vice-presidente de eventos da Câmara de Comércio, Indústrias, Serviços e Agronegócio (Cacis), Janaína Carvalho participou das ações elaboradas pelo governo e também pela associação. Em alguns momentos, ela circulou caracterizada de Mamãe Noel. Segundo ela, a quantidade de integrantes vestidos com itens natalinos, bem como os carros decorados, chamam atenção da comunidade, sobretudo, de crianças.
“Sabemos que as crianças esperam algo diferente neste mês. Portanto, esses movimento são muito importantes. As crianças vão atrás, pedem abraços e ficam encantadas. Também levamos crianças vestidas como duendes”, relata Janaína. Ela diz que a participação do filho, de sete anos, é uma demonstração que as caravanas mantêm a magia do Natal viva para quem leva alegria e para quem recebe.
Ainda que receba grande atenção do público em geral , a ação elaborada pela Cacis surgiu da necessidade de apoiar os lojistas. “Com uma decoração de Natal enxuta, decidimos levar as atividades, também como uma forma de chegar a outros bairros”, explica a vice-presidente. Desta forma, ela destaca, houve a oportunidade de contemplar associados de outras localidades. A campanha foi totalmente custeada pelas agências do Sicredi em Estrela.
De casa para as ruas
Janaína conta que manter as tradições de Natal sempre foi prioridade em casa. “Cuido para que o João tenha essa fantasia viva na memória. Ainda tenho dúvidas se ele acredita, mas tento mostrar que o Natal pode alegrar as pessoas. Ele foi mascote em mais de uma ação”, comenta.
Manter a casa enfeitada e a magia do Natal viva é uma situação que ela vivencia desde a infância e busca estender ao filho. “É uma forma de fortalecer os vínculos com a família e alegrar a comunidade”, conclui.
Entrevista
Bruna Schroeder Horn, psicóloga do Centro de Referência Especializado em Assistências Social (Creas) de Estrela
“A celebração do Natal pode reacender a esperança”
Jornal Nova Geração – Como manter a fantasia da existência do Papai Noel influencia na infância?
Bruna – A fantasia e a imaginação fazem parte da infância e são essenciais para esta fase da vida. Elas estão atreladas à vivência do lúdico e é através do brincar que as crianças se expressam, comunicam, conseguem elaborar e ressignificar suas vivências, inclusive as mais difíceis. Com a existência do Papai Noel não seria diferente. Manter a fantasia e a imaginação incentiva o brincar. Não é preciso forçar as crianças a acreditarem no Papai Noel, mas permitir que vivam essa época de magia e encantamento, nutrindo a imaginação, a criatividade e a esperança. Isso traz a possibilidade da construção de memórias saudáveis, com beleza e alegria.
Como as ações sociais contribuem para isso?
Bruna – As ações sociais permitem que essa “Magia do Natal” chegue nas mais diversas crianças e famílias, inclusive as mais vulneráveis. Contribuem para que pessoas que vivem e viveram situações tão difíceis nos últimos tempos tenham a possibilidade de esperança e de experiências significativas, através de momentos festivos. Essas ações favorecem a convivência social e comunitária, a vivência da espiritualidade e o sentimento de pertencimento. Entretanto, é fundamental que não sejam ações isoladas: a promoção da garantia de direitos e do acesso a políticas públicas que assegurem o atendimento às necessidades básicas de todos devem ocorrer sempre, não apenas no Natal.
Diante dos acontecimentos na região, como a chegada do Natal pode se tornar um momento de esperança?
Bruna – Vivemos momentos muito difíceis e atípicos em 2023, na nossa região e no mundo todo. Ainda estão sendo elaborados os lutos envolvidos pelas vidas que se foram e pelos bens materiais perdidos, bem como os sentimentos despertados com a insegurança que se instalou. A celebração do Natal pode reacender a esperança na perspectiva de celebrar a vida. Há o famoso clichê: “o melhor presente é o presente”, que se torna fundamental neste contexto. Não se trata de minimizar o sofrimento decorrente de tudo o que aconteceu, mas relembrar os bons momentos, ressignificar os sofrimentos e ir em busca de recomeços, como a nova vida que o Natal representa.
Qual a melhor forma de cultivar esse momento em família?
Bruna – Cultivar esse momento junto à família, com quem se tem vínculos afetivos fortalecidos, buscando um momento de partilha, tranquilidade e alegria parece ser o melhor caminho. Muitas vezes é na simplicidade do olhar, dos sorrisos e na possibilidade de crianças e adultos se sentirem amados, seguros e pertencentes em sua família que surgem os momentos mais felizes. O Natal remete à vivência familiar e, como tal, leva a refletir sobre a importância da família na proteção, cuidado e amparo de seus membros.
