Jornal Nova Geração

OPINIÃO

A simples e valiosa jornada

"Buscando restabelecer o vínculo com o título proposto, considero que caminhamos, todos, em uma jornada, nem sempre linear e claramente objetiva, cujo propósito cabe a cada um de nós imprimirmos"

Por esses dias, me encontrei, refletindo acerca das voltas que a vida dá… Em final de março de 2022, chegamos – minha esposa, meus dois filhos, eu e nosso simpático Mini-Schnauzer – de mudança de São Paulo e, no dia 4 de abril do mesmo ano, assumi a direção geral do meu (nosso) querido Colégio Martin Luther.

De lá para cá, muitas foram as novidades, as surpresas, muitos os desafios e maior ainda meu crescimento e desenvolvimento pessoal e profissional. Como saí de Estrela no início dos anos 90, para estudar e trabalhar, primeiramente em São Leopoldo, depois em Porto Alegre e, posteriormente, em outras cidades do Brasil, acompanhava apenas como espectador distante, breve visitante de final de semana ou de alguns dias de férias o crescimento de nossa querida Estrela.

Vejo, depois destes quase 30 anos, que a Princesa do Vale cresceu e se desenvolveu em muitas áreas. Surgiram novos prédios, novos loteamentos e novos comércios e com isso alguns novos ou recorrentes pontos de atenção. Por outro lado, obviamente, nossa estimada cidade tem, ainda, muito a conquistar e, como professor e educador, entendo que o principal alicerce e motor para este crescimento é a educação.

A oportunidade de vir a dirigir meu ex-colégio, ou o Colégio do ex-aluno Luciano, fez brilhar em meus olhos a perspectiva de poder colaborar com alguma experiência na área educacional que adquiri, tanto na minha formação acadêmica, como nas vivências profissionais distintas e diversas que pude vivenciar.

Desde que saímos do RS, em 2007, eu compartilhava com minha esposa a intenção de um dia voltarmos à nossa querência riograndense. Tendo esse regresso por intenção e o objetivo de conciliar uma vida mais tranquila com a proximidade de nossos familiares, resolvemos trocar a cidade de São Paulo e as amizades de 6 anos de convivência na terra da garoa por uma nova fase de nossas vidas.

Confesso que nossos filhos – uma jovem adulta e um adolescente – foram os mais impactados por esta mudança. Hoje, felizmente, ambos estão bem e – me atrevo a descrevê-lo desta forma – em processo avançado de adaptação e acomodação.

Para os adultos da família a mudança voluntária carregava forte carga emocional de lembranças e saudades. Hoje, revivemos algumas memórias com nostalgia, uma vez que não somos os mesmos daquele tempo… os tempos são outros, as condições e a realidade de tudo que imaginávamos são relativamente diferentes, como nos instiga à reflexão Heráclito de Éfeso: “nenhum homem pode banhar-se duas vezes no mesmo rio”.

Todas estas mudanças e os aprendizados de uma longa e empolgante – mas nem sempre fácil – jornada, fortaleceram em mim a perspectiva de Antoine de Saint-Exupéry, em seu livro “O pequeno príncipe”, no trecho em que a raposa afirma que “É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”.

Buscando restabelecer o vínculo com o título proposto, considero que caminhamos, todos, em uma jornada, nem sempre linear e claramente objetiva, cujo propósito cabe a cada um de nós imprimirmos. E, parafraseando a raposa, esta jornada torna-se mais agradável, própria e fiel, quando acompanhada da sensibilidade e da valorização daquilo que se passa em nós mesmos. A reflexão, digamos, mais filosófica em uma busca contínua pela essência nos permite sentir e agir com a subjetividade constituinte de cada indivíduo.

Na jornada, rumo aos nossos pseudo, externos ou falíveis objetivos, quiçá possamos ter como melhor bússola (sei que corro o risco de ser acusado de certo “polianismo”) nossa fé e esperança inabaláveis em um mundo melhor, mais justo, fraterno e feliz.

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