Jornal Nova Geração

Acidente com freiras completa 52 anos

ESTRELA – Um dos mais trágicos acidentes da história de Estrela ocorreu em uma quarta-feira, dia 7 de novembro de 1968, ocasião em que quatro freiras morreram afogadas quando a camioneta do Colégio Santo Antônio, voltando da cidade de Santa Cruz do Sul, caiu da Ponte do Stangler, dentro do Arroio Estrela.
Eram cerca de 20h45min quando a Rural Willys, entrando na cidade pela Rua Coronel Brito, se desgovernou sobre a ponte de madeira. As quatro Irmãs que ocupavam o veículo eram Madre Miriam (Miriam de Oliveira, nascida em 9 de março de 1919, em Ijuí), Madre Osita (Hedvig Bersch, nascida em 22 de novembro de 1929, em Arroio do Meio), Irmã Maria da Glória (Maria de Jesus Muraro, nascida em 9 de janeiro de 1932, em Ijuí) e Irmã Lídia (Hilda Sibbylla Buchmann, nascida em 1º de maio de 1901, em São Sebastião do Caí).
Estrela recebeu a notícia com enorme impacto, chorando as perdas irreparáveis. No enterro, uma multidão esteve presente, assim como o arcebispo metropolitano Dom Vicente Scherer.

Tragédia em Estrela gera repercussão estadual

O grave acidente foi divulgado por toda imprensa gaúcha. O fato traumatizou a população, não só do município, como de toda a região e Estado. Cenas comoventes foram presenciadas no enterro. Cerca de 200 religiosas (foto) vieram levar suas Irmãs até a sepultura no Cemitério Católico de Estrela. As cerimônias no Santuário Santo Antônio foram oficiadas por 12 sacerdotes com a presença de Dom Vicente Scherer. Além da morte das Irmãs, uma profunda lacuna ficou aberta entre a Congregação das Irmãs Franciscanas, devido aos altos cargos que as vítimas desempenhavam na ordem.

Capotamento deixa bombeiros feridos

Na quinta-feira, dia 8 de novembro de 1968, pela manhã, quando seguia com destino à Ponte do Stangler, para retirar a camioneta acidentada das freiras, o carro do Corpo de Bombeiros capotou. Houve danos materiais no veículo e alguns soldados ficaram levemente feridos.
Mesmo assim, a retirada da camioneta acidentada ocorreu sob notáveis esforços diante de comoção geral.

Multidão na despedida

Gustavo Scherer, de 63 anos, era coroinha da Igreja Santo Antônio de Estrela em 1968. Tinha 11 anos na época e lembra da comoção que o acidente que vitimou as quatro freiras causou nos moradores da cidade. O que mais chamou atenção foi a multidão que acompanhou a missa de despedida das religiosas. “Participaram pessoas de diversas regiões do RS. Não teve espaço na igreja, centenas ficaram na Praça Menna Barreto e nas ruas próximas.” Também havia muitos padres e ele ainda recorda da preseça do Bispo Dom Vicente Scherer.

 

Grande aflição

“Eu morava bem próximo da ponte, ouvi o barulho e fui um dos primeiros a chegar. Vi que a caminhonete ainda não havia afundado toda, ficou presa no barranco e foi deslizando aos poucos para o fundo, enquanto as duas freiras que estavam no banco de trás desesperadas se debatiam para escapar e não havia nada que pudéssemos fazer. Em seguida, submergiram e foi um momento de grande aflição, inesquecível.” José Adão Braun, de 80 anos.

 

Faculdade paga

“Uma das freiras pagava a faculdade da minha mãe e quando ela morreu, minha mãe achou que teria que trancar. Para a surpresa dela, a freira tinha deixado toda a faculdade paga na Unisc.” Guilherme Engster, de 26 anos.

Choveu muito

Luiz Alberto Eckert, de 70 anos, disse que tinha chovido muito e que o Arroio Estrela estava mais alto que o normal, quando a camionete Rural Willys que transportava as religiosas se perdeu e caiu ao lado da Ponte do Stangler, que naquela época era de madeira. Luiz esteve no local e acompanhou a retirada do veículo com os corpos, fato que causou forte comoção de todos os estrelenses.

 

Tristeza

“O pai era prefeito e fui lá ajudar a transportá-las para o hospital. Eu ajudei a lavar e a vesti-las, foi muito triste, quatro faleceram.” Eva Fett Ruschel, de 87 anos

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