O mês de agosto marca a mobilização dos integrantes da rede de apoio contra a violência à mulheres. Caracterizado pela cor lilás, o período reforça ações de conscientização e abre espaços ao diálogo para o empoderamento feminino. O principal evento neste sentido ocorreu na quarta-feira, 9, quando cerca de 100 pessoas se reuniram no Salão da OASE para programação que contou com palestra e workshop de dança.
A campanha do Agosto Lilás foi instituída por lei federal no ano passado e estimula a promoção de atividades voltadas à necessidade de enfrentamento das diversas formas de violência contra a mulher. O mês foi escolhido por ser o da aprovação da Lei Maria da Penha, publicada em 2006. Em Estrela, outras reuniões ocorrem ao longo do mês, em localidades do interior.
Quem encabeça as ações no município é o Centro de Referência de Atendimento à Mulher (Cram). Com cerca de um ano e meio de atuação no município, o espaço faz parte da rede de apoio que tem Patrulha Maria da Penha, Brigada Militar (BM), Polícia Civil (PC), Ministério Público (MP), judiciário e o o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (Comdim).
A coordenadora do Cram, Natalia Sulzbach, destaca a importância do tema, mas ressalta que ainda é muito pouco debatida. “Aproveitamos esse período para falar sobre isso. É uma questão cultural, histórica, ver a mulher colocada em uma posição de submissão, dentro de uma sociedade com parte de sua estrutura machista. Modificar isso é um grande desafio.”
O Comdim reúne essas entidades para fiscalizar e pensar políticas para todas as mulheres. “Os órgãos da rede fazem um trabalho conjunto”, pontua a presidente do conselho, Carmine Brescovit. “Essas ações tem o objetivo que as mulheres entendam dos seus direitos e saibam da existência desse grupo de apoio, que elas podem contar e se assessorar. As vezes a orientação é importante para que ela saiba para que lado vai, para quem pode pedir ajuda quando tiver em uma situação de violência ou risco em si”, acrescenta.
Ciclo da violência
Carmine aponta que a violência familiar e doméstica é cíclica. “Existem as fases de aumento da tensão, o ato de violência e a lua de mel. Em muitos casos, os agressores se arrependem e tem essa retomada”, diz. Para ela, as agressões são multifatoriais, ou seja, não existe um motivo específico para os atos, e que também não há um período específico com mais ou menos casos.
Rede de apoio
O ingresso na rede de apoio não está necessariamente atrelada a uma denúncia. “Tem mais de um caminho. O próprio judiciário, ao ser concedidas medidas protetivas, envia ao Cram. Fazemos contato com a mulher para fazer acompanhamento, se for vontade dela. As mulheres podem buscar o serviço de forma voluntária, para buscar informações”, diz Natalia. Ela conclui que os todos atendimentos são sigilosos.