Jornal Nova Geração

ESTRELA

Agricultores alegam insuficiência de recursos do Plano Safra

Governo anunciou ampliação de 36% em relação à taxa anterior. Segundo STR, aumento é incapaz de suprir elevação do custo de produção

Perdas decorrentes da estiagem comprometeram investimentos no campo (Foto: Divulgação)

O Plano Safra 2022/2023 recebeu incremento de 36% em relação ao plano passado. O aumento, entretanto, não deixa de preocupar a agricultura familiar, que alega insuficiência dos recursos perante aos elevados custos atuais de produção da safra. A Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag) emitiu comunicado de preocupação com as taxas anunciadas pelo Governo Federal na semana passada.

“O anúncio pareceu ser bom, mas não vai suprir a demanda da própria safra. Logo mais, vai faltar dinheiro”, argumenta Rogério Heemann, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Estrela, alinhado ao manifesto da Fetag. As principais razões apontadas para a insuficiência dos recursos são os custos dos insumos, sementes e defensivos, que “aumentaram de forma escalada”. Pela Selic – taxa básica de juros da economia –, o volume suporta o custeio, porém a taxa dificulta investimentos financiados a longo prazo. “Vai ficar muito pesado para o agricultor”.

Conforme Heemann, agricultores estrelenses têm procurado o sindicato para relatar insatisfação com o anúncio. “Alguns produtores assumiram desistência de investimentos em suas propriedades, pois, com esses números, não possuem garantias de arcar com as despesas do financiamento”, revela. A dificuldade independe da classe do programa, seja Pronaf ou Pronamp.

O STR de Estrela representa cerca de 1.100 agricultores e vai apoiar as tentativas da Fetag para reverter o quadro. “Teremos que ver o que pode ser ajustado, mas sabemos que, nesses casos, a negociação com o governo é bem complicada”.

“Agricultores estão descapitalizados”

Além da alta dos preços e dos juros, a última estiagem agrava a situação. Segundo Heemann, a perda média foi de 80% e descapitalizou a agricultura familiar. “A maioria não fez financiamento e investiu, na safra, com o próprio capital. Os agricultores estão descapitalizados”, explica, ao revelar que alguns produtores estão “sem dinheiros e condições de fazer financiamento” para plantar milho, trigo, soja ou qualquer outro grão.

Desta forma, com a redução de capital e as taxas inviáveis, Heemann recomenda cautela e não indica investimentos altos. “Aparenta não ser o momento de fazer grandes investimento, temos de deixar passar esse ano para ver como que vai estar a situação na próxima safra”, atenta.

Plano Safra 2022/2023

O anúncio do governo federal registra aumento de 36% em comparação ao plano 2021/2022. O Tesouro Nacional destinou R$ 195,7 bilhões (18% a mais que ano passado) para equalização de juros. Ainda, foram aplicados R$ 340,8 bilhões na produção agropecuária.

Os recursos também aumentaram para pequenos e médios produtores. Serão destinados R$ 53,61 bilhões para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e R$ 43,75 bilhões no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp). Em relação à safra passada, os acréscimos são de 36% e 28%, respectivamente.

Ainda, a taxa de juros apresentou elevação de 5% ao ano para projetos de produção de alimentos e 6% para as operações de créditos voltadas aos demais produtos.

Recursos anunciados

  • Custeio: R$ 246,2 bilhões (+39%)
  • Investimento: R$ 94,6 bilhões (+29%)
  • Total: R$ 340,8 bilhões (+36%)
  • Pronaf: R$ 53,6 bilhões (+36%)
  • Pronamp: R$ 43,75 bilhões (+28%)

Taxa de juros

  • Pronaf – 5% e 6%
  • Pronamp – 8%
  • Demais produtores – 12%
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