Educação, saúde e assistência social. Há 55 anos, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Estrela fortalece estes três eixos em prol dos direitos das crianças, adolescentes e adultos com deficiência intelectual. Fundada em 18 de agosto de 1987,é a primeira Apae da região e foi criada a partir da necessidade de prestar atendimento especializado.
A diretora da instituição, Rose Tolio, aponta a Apae como um serviço essencial à comunidade. Ela destaca os três setores como agentes integrados de desenvolvimento aos alunos e pacientes. A associação também oferece atendimento aos municípios de Bom Retiro do Sul, Colinas e Imigrante.
Hoje, a Apae possui 30 profissionais e cerca de 700 pessoas circulam por mês na instituição. A entidade mantém a Escola de Educação Especial Cantinho do Sorriso, que oferece ensino fundamental e educação de jovens e adultos, com turmas de 1° ao 5° ano, bem como presta cerca de 1,1 mil atendimentos clínicos credenciados pelo SUS e assistência às famílias.
Para o presidente José Jair Wermann, a data comemorativa atesta o trabalho feito pela entidade. Segundo ele, além dos serviços oferecidos pela Apae, é possível perceber o engajamento da comunidade em prol do funcionamento da instituição.
“As pessoas acompanham nossos eventos de arrecadação, recebemos doações, emendas e apoio das administrações municipais. Nosso objetivo é cada vez mais qualificar o atendimento”, afirma Wermann. Segundo ele, entre as melhorias, estão previstas a construção de um novo muro, troca de rede elétrica e instalação de Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI).
O presidente ressalta a importância de a população visitar a instituição e acompanhar os trabalhos com os alunos atendidos. “A Apae tem as portas abertas, a comunidade pode vir e vamos apresentar tudo o que fazemos”, afirma. Ele acredita que a partir do momento em que as pessoas conhecem a rotina, se sentem mais livres para colaborar.
Conforme a diretora, neste movimento de participação da comunidade, é possível perceber um aumento na procura pela prestação de serviços. Ela associa isso a conscientização dos pais e do conhecimento da população acerca dos trabalhos da instituição.
Mais de 15 anos a serviço
A psicopedagoga Sandra Lenhard é uma das funcionárias mais antigas da instituição. Entre idas e vindas, soma mais de 15 anos. De forma semanal, ela atende cerca de 30 crianças, entre os 6 e 14 anos, que possuem alguma dificuldade na aprendizagem. “Buscamos formas de abrir caminhos, conviver com as dificuldades e descobrir potencialidades”, explica sobre sua função.
Sua sala é um espaço de desenvolvimento dos alunos. Durante seus atendimentos, pratica jogos, conversa, escuta e acolhe. “Eu me realizo nessa profissão. A equipe é maravilhosa e nos ajudamos”, afirma Sandra.

Inserção do mercado
Jorge Bilha, de 21 anos, trabalha há 1 ano em uma rede de supermercados por incentivo da Apae e sua família. Iniciou nas atividades na oficina de culinária da instituição, como fabricação e empacotamento das bolachas, produto fabricado pelos alunos. “Lá eu fazia a padaria e é parecido com o que faço aqui”, relata. Conforme ele, as atividades na Apae auxiliaram em seu desenvolvimento.
Com o primeiro salário, Jorge relata que comprou um celular e uma caixa de som. Hoje ele diz se sentir muito feliz pela oportunidade. “Converso com as pessoas. Desejo bom dia, boa tarde e falo sobre coisas boas”, ressalta o aluno. O pai, Sandro Bilha, destaca que o apoio da Apae foi fundamental para o desenvolvimento do filho. Diariamente, ele leva e busca Jorge na porta do local.
De acordo com a psicóloga coordenadora do projeto, Fabíola Wendt, a instituição prepara e insere alunos no mercado de trabalho há mais de 15 anos. O trabalho já foi premiado a nível nacional. “É algo desafiador, que busca destacar o valor de cada indivíduo dentro das suas particularidades e potencialidades”, aponta.
Atualmente, mais de 50 alunos já trabalham em empresas parceiras por meio do projeto de inclusão.
1° cooperativa escolar
A entidade inaugurou nessa quinta-feira, 18, a primeira cooperativa escolar criada em Apae. A Cooperativa Especial Cantinho do Sorriso (Coopeecs), esteve em fase de elaboração durante 2 anos. A diretora destaca que o estatuto está adaptado com gravuras para a acessibilidade de todos os alunos, no entanto, as atividades são comuns às das escolas regulares.
“Estudamos bastante a inserção dessa iniciativa e é bom perceber que nossos alunos estão engajados e empolgados para iniciar”, destaca Rose. Ela ressalta que a cooperação, a aprendizagem em lidar com questões financeiras e a administração é mais uma forma de incentivar o desenvolvimento e a inserção no mundo do trabalho.
Com o objetivo de desenvolver o protagonismo e a liderança dos alunos, as Cooperativas Escolares são espaços criados para que os estudantes adquiram conhecimento da prática cooperativista e empreendedora.