Jornal Nova Geração

MUDANÇA NA TRIBUTAÇÃO

Aumento no ICMS reflete nos combustíveis a partir de fevereiro

Gasolina terá alta de R$ 0,10 por litro e diesel, R$ 0,06 nas refinarias; consumidores sentem o impacto no bolso e buscam alternativas para reduzir custos

Levantamento mostra variação no preço da gasolina em postos da região. O menor preço do litro é de R$ 5,76. Já o mais caro é de R$ 6,45. (Crédito da imagem: MAIRA SCHNEIDER)

A partir de sábado, 1º, consumidores vão sentir no bolso o aumento no preço dos combustíveis – gasolina e diesel. Isso se dá devido a elevação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Por conta disso, a gasolina elevará R$ 0,10 por litro, passando de R$ 1,37 para R$ 1,47 o litro nas refinarias, o que representa um aumento de 7,14%. Já o tributo sobre o diesel será elevado em R$ 0,06. Não há previsão de mudança na tributação do etanol.

Nas bombas o impacto pode ser ainda maior. Hoje, conforme dados da Secretaria da Fazenda do RS, por meio do aplicativo Menor Preço, o litro da gasolina comum chega a ser vendido por R$ 6,45 em posto da região. É o caso de estabelecimento em Venâncio Aires. Já o menor valor encontrado é em Lajeado a R$ 5,76. Ainda assim, na média, fica em R$ 5,99.

Conforme o empresário Elton Faleiro, sócio-proprietário de uma rede de postos de combustíveis de Lajeado, a nova tabela de preços vai depender do estoque. “Realmente vai ter esse aumento a partir do dia 1° e nos dias seguintes serão aplicados nas bombas. Vai depender um pouco do estoque existente para que seja aplicado o valor do aumento”, explica.

O último aumento de preços anunciado pela Petrobras foi em julho do ano passado, quando o litro da gasolina teve uma alta de R$ 0,20 na refinaria. Já em relação ao diesel, houve redução de R$ 0,30 em dezembro de 2023, após uma série de aumentos que deixaram o combustível mais caro em relação à gasolina.

De acordo com o presidente da Sulpetro, João Carlos Dal’Aqua, a Petrobras não é a única importadora. Tem os demais agentes que importam e com custo maior, e repassam ao mercado interno. Isso alivia até um pouco a Petrobras dessa alteração. Mas por ser o maior agente, ela tem que tomar as suas decisões.

“No passado, tínhamos um cenário em que a Petrobras represou muito tempo os repasses. Agora, é um pouco diferente, porque a pressão sobre ela é menor um pouco. Tem outros agentes importando. Mas, fatalmente, uma hora essas correções deverão vir. Só não sabemos a magnitude, não sabemos o que acontecerá na ponta, e o posto de combustíveis sofre todas essas pressões. Estamos falando de tributos, que estão chegando agora, dos biocombustíveis (que chega a todo momento), e aguardando uma decisão da Petrobras”.

Mesmo se tratando de um pequeno aumento, consumidores não demonstraram satisfação com a notícia. Sem conhecimento do reajuste, Lea da Silva, empresária da construção civil, que trabalha diariamente utilizando o veículo, diz que vai sentir no bolso.

Como estratégia em reduzir o gasto, a empresária usa o aplicativo do posto. “Usamos direto o carro para trabalhar e o app ajuda, mesmo sendo poucos centavos, é um valor a menos que se paga.”

Gasolina na região 

R$ 5,76 (Lajeado)
R$ 5,99 (Lajeado)
R$ 6,45 (Venâncio Aires)

* Valor apurado na tarde dessa quarta-feira pelo aplicativo Menor Preço.

Entrevista
João Carlos Dal’Aqua • presidente do Sulpetro

O que impacta a alta dos combustíveis?

Nestes dias, sofrem reajustes devido à questão tributária. O diesel vai passar de R$ 1,06 para R$ 1,12. Teve um acréscimo no custo de ICMS de R$ 0,06; e a gasolina, de R$ 1,37 para R$ 1,47 por litro, o que são R$ 0,10 de custos de tributos estaduais. Esse é somente um dos componentes do preço final do combustível. Temos, depois, os componentes dos biocombustíveis, que é o diesel, o biodiesel e o etanol anidro (na gasolina), que estão variando constantemente.

Como a alta do dólar e a cotação do barril de petróleo reflete nos preços da Petrobras?

A Petrobras é a maior agente do mercado e sofre influência do mercado externo. Ela está segurando preços com relação à paridade internacional e não está fazendo uma volatilidade muito grande. Este é um fato importante, porque traz uma estabilização. No entanto, não sabemos quanto tempo isso poderá continuar, porque existe um mecanismo de correção que a Petrobras seguia e que, neste momento, ela alterou. A pressão dos preços internacionais é muito grande. E o Brasil está inserido no mercado internacional, tanto de exportação quanto de importação.

Quais expectativas para as próximas semanas ou meses?

A média nacional de preço da gasolina está acima de R$ 6. O RS tem, inclusive, uma média baixa, neste momento. Estamos competitivos até com Santa Catarina, que sempre foi um dos problemas que tínhamos. Por isso, reforçamos que essa questão do ICMS foi muito importante, com esta estabilização nesta competição (entre estados). Mas, hoje, pagaremos R$ 1,47 sobre cada litro, com correção até superior à inflação. Esse reajuste de R$ 0,10 é de 7% e a nossa inflação, projetada, do ano, foi de 5%.

Há outros fatores que interferem no preço do combustível no estado?

Temos ainda um impacto do preço do anidro, que está sofrendo com a questão do transporte ferroviário, que acabou praticamente. O nosso etanol vinha de outros estados e o transporte ferroviário sofreu uma avaria muito grande com as enchentes e, agora, está vindo tudo via modal rodoviário. São aspectos que influenciam no preço final. Agora, não podemos projetar quanto vai chegar o preço. Cada um tem a sua realidade e terá que ver como vai se movimentar com relação a isso.

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