O que te motivou a interpretar o Papai Noel?
Carlos Hauschild – Tudo começou há 25 anos. Uma vizinha pediu que entregasse um presente para o filho dela, uma criança de quatro anos. Fiz a entrega e fiquei emocionado com a alegria nos olhos dela. Aquele momento me marcou tanto que decidi continuar. Comprei uma roupa de Papai Noel e comecei a visitar outras crianças. Na época, já tinha cabelos e barba grisalhos, o que ajudava na caracterização. Desde então, essa tradição faz parte da minha vida.
Muitas pessoas te procuram para os eventos?
Hauschild – Sim, bastante. Este ano foi mais movimentado do que nunca. Pensei que, por causa das enchentes, as pessoas estariam mais retraídas, mas foi o oposto. Em dezembro, só tive três ou quatro dias livres. Atendi creches, asilos, escolas e muitos eventos. A magia do Natal parece ter ganhado ainda mais força. As noites estão lotadas com visitas. Por mais que seja cansativo, é emocionante ver o quanto as pessoas esperam por esse momento. Lembro de quando vivi um período em Cuiabá (MT), e percebi como o espírito natalino une pessoas de diferentes lugares. Mas estar aqui, onde cresci e construí minha vida, faz tudo ainda mais especial.
Qual a parte mais difícil de interpretar o Papai Noel?
Hauschild – Não considero isso um trabalho, e sim uma missão. Quando visto o traje, entro num mundo mágico que transforma não só quem vê o Papai Noel, mas também quem o interpreta. Participar do trenzinho em Estrela, onde as crianças acenam cheias de entusiasmo, é algo que não consigo descrever em palavras. Já passei por dificuldades, como problemas no quadril que me impediram de participar de grandes eventos em Gramado. Apesar disso, continuo me dedicando ao máximo. Não há cansaço que supere a felicidade que uma criança sente ao encontrar o Papai Noel.
Por que decidiu deixar a barba crescer?
Hauschild – A autenticidade faz toda a diferença. Deixar a barba crescer foi uma escolha natural, porque queria que o personagem tivesse a mesma magia que sentia quando era criança. Além disso, hoje defendo que Papais Noéis se cuidem, evitando a imagem de figura barriguda e pouco saudável. Vivemos tempos em que até crianças enfrentam problemas como diabetes e obesidade. Mostrar um Papai Noel saudável é uma forma de inspirar mudanças positivas.
Qual foi a reação mais marcante que presenciou?
Hauschild – Gramado proporcionou um dos momentos mais emocionantes da minha vida. Durante um evento, uma senhora me viu e começou a chorar. Subi até ela, cumprimentei e abracei. O gesto simples parecia ter um significado profundo para ela. Às vezes, a presença do Papai Noel não toca apenas crianças, mas também adultos que carregam memórias que o Natal desperta. Gramado é um lugar mágico, mas confesso que prefiro eventos menores, como os realizados em Estrela e Colinas. Eles têm uma proximidade que torna cada interação única.
O Cafezinho com NG é publicado toda semana no Jornal Nova Geração. Neste espaço, empresários, políticos, lideranças e representantes de comunidades da área de cobertura do semanário destacam experiências e ações nos seus respectivos setores e em benefício de suas cidades.