Por que você se envolveu com a causa do Transtorno do Espectro Autista (TEA)?
Maristela – Meu envolvimento com a causa autista veio a partir do laudo do meu filho Eduardo, em 2021. Na época, ele tinha dois anos. Comecei a me inteirar sobre o assunto e conheci a ONG “Azul como céu”, de Lajeado. Acabei entrando como participante. Aos poucos, fui me conectando com as pessoas do grupo, conheci muitas mães de Bom Retiro do Sul. Começamos a buscar mais famílias da localidade e, quando conseguimos uma quantidade considerável de interessados, com o incentivo da presidente de Lajeado, nós fundamos a Afamab, ainda em 2021.
Como você se sentiu no momento em que recebeu o diagnóstico do teu filho?
Maristela – Senti um turbilhão de incertezas, pois tudo muda. Naquele exato momento, já sabia que a maioria das coisas que havia idealizado para o nosso pequeno não iria mais acontecer, pelo menos não da forma como esperávamos. Foi inevitável não chorar, mas logo entendi que ter um filho autista não é o fim do mundo, é o começo de uma nova jornada cheia de desafios, descobertas e de muita felicidade.
O que você diria aos pais de crianças que receberam o diagnóstico de TEA?
Maristela – Receber essa notícia é um momento muito difícil, porque nós, pais, criamos, desde muito cedo, expectativas sobre os filhos. Iniciamos na descoberta da gravidez com a curiosidade para saber o sexo do bebê. Quando eles crescem é a mesma coisa. A partir do momento em que recebemos esse laudo, sentimos uma insegurança em relação ao futuro, ao dia a dia da criança e isso é totalmente normal, mas mesmo com esse sentimento de receio, a família não está sozinha. Eu considero o contato com as ONGs muito importante nesse momento, pois é uma rede de apoio gigantesca. Todos estamos juntos pela causa, para apoiar uns aos outros. compartilhamos experiências, dicas e cuidados.
Qual é o maior desafio da ONG Afamab?
Maristela – Um dos maiores desafios é o fator tempo. Nossa vontade é sempre de fazer mais, se doar 100% para a ONG e para a causa em geral, mas, infelizmente isso não é possível. Uma ONG só funciona porque temos uma equipe que se doa e caminha junto. Temos outras responsabilidades, como trabalho, família e, principalmente, nossos filhos autistas que também precisam de muita atenção e tempo disponíveis.
Qual é o objetivo da Afamab?
Maristela – Nosso objetivo é disseminar conhecimento sobre o autismo, como identificar uma pessoa autista e como lidar com ela de forma mais eficaz. Este ano, nosso foco será no autismo severo, pois, embora o TEA tenha recebido mais visibilidade, muitas vezes é romantizado em séries e filmes, mostrando apenas casos mais leves. Queremos desenvolver projetos para apoiar crianças autistas severas, que muitas vezes ficam reclusas, incapazes de sair de casa para terapia. Como mãe de um autista, sei o quanto é importante compreender as diversas formas do TEA.
O Cafezinho com NG é publicado toda semana no Jornal Nova Geração. Neste espaço, empresários, políticos, lideranças e representantes de comunidades da área de cobertura do semanário destacam experiências e ações nos seus respectivos setores e em benefício de suas cidades.