Jornal Nova Geração

MÚSICA E INCLUSÃO

Cafezinho com NG | Rike Teixeira

Luis Henrique Pitol Teixeira, mais conhecido como Rike, participa do Cafezinho com NG. Ele tem 28 anos e trabalha com música há 16. Compositor da canção “Diferenças”, que traz grande visibilidade para a Apae de Estrela

Crédito: Arquivo pessoal
O que a música significa para você?

Rike Teixeira – A música é tudo pra mim. A música mexe com os nossos sentimentos, seja com a felicidade, tristeza, raiva ou animação. Por meio dela nós conseguimos ter acesso a lugares do nosso inconsciente que talvez não teríamos só com uma conversa ou qualquer outro tipo de ação, por isso ela é tão importante no nosso dia a dia. De certa forma, ajuda as pessoas a superarem medos, desafios e traumas.

De onde surgiu a inspiração para música “Diferenças”?

Rike – Eu já havia criado algumas músicas para dentro da sala de aula, para o dia dos pais, por exemplo. As minhas inspirações surgem do nada, em momentos aleatórios do dia, andando na rua, correndo, ou até mesmo no meio da aula, como foi no caso de “Diferenças”. Eu lembro que tinha visto um vídeo no Instagram de um professor que mora e leciona na periferia. Ele produz música popular brasileira antirracista, então as letras dele falam muito sobre respeitar as diferenças. O vídeo ficou na minha cabeça e no meio de uma das aulas na Apae, eu percebi que cada um ali é diferente, cada um tem uma dificuldade, seja em cantar, segurar o instrumento. No entanto, todos participam com muita felicidade, pois a música torna essas tarefas mais fáceis pra eles. Então eu fiz a música como uma brincadeira na aula, fiz um acorde e começou a surgir uma paródia, comecei falando do meu cabelo que eles acham engraçado, da tatuagem, das diferenças deles também, como características de alto, baixo, magrinho, fofinho.

Como você se chegou até a Apae?

Rike – Desde os meus 15 anos, eu já gostava de fazer trabalho voluntário, na época eu não tocava tanto violão e cantava pois ainda não sabia ao certo como isso poderia ajudar. Com 16, eu fiz um curso de barbeiro, então passei cortar o cabelo das pessoas nos lugares que eu ia. Fui em orfanatos, clínicas de dependentes químicos, em Lajeado, no abrigo dos moradores de rua. E depois de tanto tempo, ainda haviam dois lugares que eu não tinha acesso, que era o presídio e a Apae. Ano retrasado, vi uma foto de uma professora que já tinha trabalhado comigo participando de um projeto de lá, então chamei ela e ela me instruiu em como ajudar e participar também. Até hoje não consegui realizar nada com o presídio, mas essa continua sendo uma das minhas vontades.

Qual é a tua opinião sobre a música como agente transformador?

Rike – A música acaba tornando os momentos desconfortáveis e ruins em momentos legais. Nós usamos ela também como estimulantes físicos e cognitivos. Por exemplo os alunos da Apae, alguns tem dificuldade de movimentar a mão, eles talvez não conseguiriam responder a tantos comandos utilizando outros métodos, mas por ser um ambiente feliz e acolhedor, se torna mais fácil. Muitas vezes é involuntário, a vontade de tocar nos instrumentos por curiosidade, de dançar, cantar, até para a fala as canções são um incentivo.

Rike também é professor de música na escola Martin Luther, onde atende cerca de 75 alunos, desde bebês com pouco mais de 11 meses de vida até crianças de 6 anos.

Rike – “Com um aninho de idade, eles já sabem identificar o violão e que isso significa que vai ter música. Já querem pegar nos instrumentos, pois é diferente e chama a atenção deles, então deixo por exemplo o pandeiro infantil mais longe para que eles tentem alcançá-lo. Aos poucos eles vão evoluindo, tentam imitar os sons do animais…”

Com qual cantor você se identifica e por quê?

Rike – Acredito que com o Vitor Kley, pelo estilo de vida e pelas produções dele. Ele compõe músicas bem verdadeiras, que falam muito da vida, dos amigos e da família, que pra mim são as coisas mais importantes. Eu o acompanho desde o início da carreira. Os álbuns que mais admiro são o de estreia e o último lançado.

Qual conselho você daria para as pessoas que querem seguir na música?

Rike – O primeiro passo é você descobrir qual área da música quer seguir, se pretende dar aulas, tocar na noite ou criar uma banda. Em segundo lugar vem estudo e investimento, pois é necessário se preparar. No início pode ser difícil, mas quando tu estás aprendendo e iniciando em qualquer emprego, qualquer profissão é difícil. O importante é não desistir e ir sempre atrás do teu objetivo. Acreditar em si mesmo e saber que você é capaz de alcançar o que almeja.

Qual teu estilo de música favorito?

Rike – Eu gosto muito de Black music, James Brown, Tim Maia, Jorge Ben Jor, Seu Jorge. É um estilo mais animado, tem mais vozes, da vontade de dançar. Mas também curtos muito Pop rock e reggae.

Uma música que na tua opinião todo mundo deveria escutar pelo menos uma vez na vida?

Rike – A música chamada “Sugestão” do cantor “Bidesão”, ultimamente estou escutando muito ela, a letra fala muito do nosso dia a dia, sobre aproveitar todos os momentos, recomeçar sempre que necessário.

Curiosidades

Hoje em dia, Rike vive somente de música. Com 11 anos de idade recebeu seu primeiro cachê, na época tocava como hobby, paralelo a escola e trabalho. O artista tem sua própria marca de roupas e acessórios, intitulada “BARBINIS” a ideia surgiu com o intuito de produzir apenas para si mesmo. Desde o início, conta com a ajuda de um amigo designer para a criação das artes, Roberto Barth mais conhecido como Beto. E para a divulgação da marca, seu sobrinho de 17 anos, Gabriel Garske também faz parte do time. Em novembro, realizaram o lançamento de modelos de óculos de sol e de meias, mas também comercializam camisas, moletons, adesivos, bermudas masculinas e femininas, tênis e shoulder bag (tipo de bolsa que é projetada com uma alça longa e ajustável para ser usada sobre o ombro e cruzando o peito). Os pedidos podem ser feitos pelo Instagram da loja @barbinis.style.

Para escutar “Diferenças” clique aqui.

Crédito: Divulgação/Barbinis.style

Crédito: Divulgação/Barbinis.style
Crédito: Divulgação/Barbinis.style

 

 

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