Como foi a jornada até se tornar presidente do Sicredi Ouro Branco RS/MG?
Silvo Landmeier – Nasci na Schmidt Alta e depois me mudei para Linha Berlim, ambos municípios de Estrela na época. Vivia no meio rural e acabei seguindo pelo mesmo caminho. Era produtor rural, tinha produção de suínos, leite e mais tarde ovos comerciais. Aos poucos, fui me associando à algumas cooperativas, até que em 1981 soube que havia sido fundada a Crediouro aqui na região, que era a Cooperativa de Crédito Rural Ouro Branco. Procurei imediatamente essa cooperativa para me associar, porque no interior, o pequeno produtor tinha um pouco de medo de se relacionar com os bancos, e quando se tratava de cooperativa, ficava muito mais fácil. Desde o início gostei muito da maneira de ser atendido, da atenção e paciência que tinham com todos, aos poucos fiz amizade com o pessoal que trabalhava lá e comecei a recomendar o Sicredi para todos meus conhecidos da localidade. Com isso, eu comecei a me envolver mais com a unidade mesmo sem trabalhar lá, e após mais ou menos um ano, fui convidado para ser conselheiro fiscal. Foi uma surpresa quando recebi o convite. Após isso, mantive meu papel como conselheiro fiscal, sendo convidado a continuar no cargo ao final de cada novo mandato. Em 2003, a cooperativa contava com nove agências e 11 mil associados, mas enfrentava estagnação enquanto a região vizinha ao Vale crescia rapidamente. A central do Sicredi interveio, questionando essa situação. Pouco tempo depois, a diretoria pediu afastamento e o estatuto determinou que um conselheiro deveria assumir o cargo de presidente. Após algumas reuniões, aceitei assumir a presidência, inicialmente por 30 dias. Comigo vieram um técnico temporário e um gerente regional. Durante o período, o cargo crucial de liderança dos negócios da cooperativa ficou vago por um tempo considerável. Foi um momento desafiador, pois a cooperativa estava estagnada, e encontrar uma pessoa qualificada para essa posição foi difícil.
Quais foram os principais desafios que enfrentou nesses 21 anos?
Landmeier – O principal desafio foi no momento em que assumi a presidência e depois de meio ano tivemos que vender o prédio sede da empresa. Nós precisávamos alavancar nossa cooperativa com patrimônio líquido, por isso tomamos essa decisão. Mas no mesmo momento eu e o Neori Abel, na época meu vice, fizemos uma promessa para nós mesmos de que iríamos proporcionar um prédio próprio aos nossos associados. E em 2013, montamos a atual Sede Administrativa de Teutônia. Outro momento muito importante foi em 2006, quando a cooperativa de crédito rural teve condições de mudar para uma cooperativa de livre admissão de associados. Isso aconteceu no dia 25 de maio de 2006, em assembleia. Me lembro como se fosse hoje dos nossos associados aprovando essa decisão. Nós não tínhamos absoluta certeza de como essa mudança seria recebida pelos produtores rurais, porque até o momento, o atendimento era meio exclusivo para eles, mas aos pouquinhos fomos recebendo mais afiliados então eles viram que era na verdade um benefício para todos.
O senhor sempre foi muito envolvido com a comunidade. De que forma você equilibrava suas responsabilidades com sua vida pessoal?
Landmeier – Foi bem complicado, muitas vezes ainda agradeço minha esposa pela compreensão. Ela esteve muito sozinha e mesmo assim, nunca reclamou de nada. Ela é incrível, sempre entendia meu lado, mas eu sei que não foi fácil. E sempre foi muito ativa, várias vezes chegava em casa e ela ainda estava trabalhando no que tinha se proposto fazer no dia. Foram momentos difíceis, meu coração ficava dividido.
Quais conselhos você daria para quem está começando no meio empresarial hoje em dia?
Landmeier – Primeiro é necessário você descobrir o que realmente deseja, depois disso, se concentrar 100% neste objetivo. Estude bastante e não tenha medo dos desafios. Siga com clareza, humildade, não tenha medo de trabalhar. E principalmente, seja sempre uma pessoa correta, que segue pelo caminho do bem, essa é a porta de entrada para um futuro de sucesso, ser coerente e honesto.
