Em meio à chuva e à lama, 50 mulheres subiram em seus cavalos para competir e confraternizar na tarde do sábado, 21. Como parte da 26ª Festa Campeira do CTG Estrela do Rio Grande, as laçadoras participam do 3º Duelo das Prendas, prêmio exclusivo para elas. Apesar da competitividade, o ambiente dos rodeios faz com que as participantes construam relações de amizade.
Vanessa Becker, de Venâncio Aires, 20 anos, e Paloma Silva, de Canoas, 18, são um exemplo disso. As duas conversam enquanto aguardam a chamada das prendas. Elas se conhecem há cerca de cinco anos. Mesmo que suas casas fiquem a quase 120 quilômetros uma da outra, o circuito dos rodeios permite que elas se vejam todo final de semana. “Todo mundo se conhece, se cria junto, mas toda vez a gente conhece pessoas novas”, aponta Paloma.
Desde guria
Michaela Reginatto tem 22 anos e laça desde os cinco. Ela comemora a quantidade de prendas no evento enquanto lembra da caminhada dela e de muitas prendas na modalidade. “Eu sempre tive apoio do meu pai. Com um ano e meio de idade já cavalgava sozinha”, explica.
A rotina de rodeios de tiro de laço é parte da vida familiar. Ela sempre participou, mas segundo Michaela, ocorreu uma evolução no formato dos torneios femininos ao longo do tempo. “Antigamente nem tinha o Duelo das Prendas. Era um prêmio de laço prenda por competição. Hoje em dia tem Força A, B e C, como tem do masculino. Isso permite uma de nós ganhar algo mesmo depois de um erro em uma armada”, exemplifica.
Jovem campeã
Larissa Ongaratto, de Lajeado, foi a campeã da segunda edição do Duelo das Prendas, em 2022. Apesar de já ter um título com 16 anos, a prenda começou mais tarde, com 12. “Eu sempre estive na volta, interessada, mas tinha um pouco de medo, só treinava. Precisou o pai me dar um empurrãozinho, dizer que eu ia laçar. Depois da primeira, só foi”, admite.
A prenda vê na amizade e rivalidade entre as competidoras algo que torna o torneio mais divertido. “São todas muito boas, e na chuva, a coisa é mais acirrada. Torço por todas porque é como uma família”, ri.
Laço na chuva
Nesta edição, a novidade inesperada foi a chuva durante as qualificatórias. Vanessa Becker aponta que a dificuldade aumenta com a água. “É um desafio bem maior. É o momento de focar. A vontade de vencer é grande, mas a de não desistir é maior”, diz.
Michaela Reginatto lembra que são muitos fatores envolvidos no resultado do laço: o cavalo, a roupa, o laço, o estado da cancha, etc. Todos esses elementos são afetados quando o tempo fecha. “Pode acontecer até da lama subir e atrapalhar a visão. Fica bem mais complicado, mas a gente vai igual”, afirma.
Larissa Ongaratto acredita que detalhes como o ocorrido no sábado são comuns. “Atrapalha um pouco, sim. Dá medo de cair. Mas o laço vale a pena sempre”, sorri.