Jornal Nova Geração

INVESTIMENTO

Com tecnologia de ponta, usina de asfalto alia inovação a sustentabilidade

Complexo próximo da BR-386, em Estrela, produzirá material para diversos trechos de rodovias sob responsabilidade da CCR ViaSul. Diferencial é o reaproveitamento da matéria-prima retirada de outras obras. Operação definitiva deve começar em abril

Foto: Jhon Willian Tedeschi

Projetada para funcionar às margens da BR-386, a usina de asfalto da CCR ViaSul deve iniciar suas operações em definitivo no mês de abril. As obras do complexo, iniciadas no segundo semestre do ano passado, já estão quase finalizadas. Resta ainda a emissão de licença por parte da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam).

Com tecnologia importada da Alemanha, a usina abastecerá não só a BR-386, mas outros trechos sob responsabilidade da concessionária num raio de alcance de até 120 quilômetros. Obras importantes, desde reparos pontuais até duplicações tendem a se aproveitarem do material produzido na estrutura instalada no quilômetro 356 da rodovia, no interior de Estrela.

A usina já está pronta e funciona parcialmente. Algumas amostras do material produzido já podem ser vistas no complexo. Justamente para verificar a qualidade, segundo o engenheiro gestor da unidade, Nathaniel Neves. “Nós temos a emissão para funcionamento da usina. Agora falta do complexo todo. Aí, já podemos mandar o asfalto para a pista”, salienta.

Os trabalhos agora se concentram nos galpões, que devem ficar prontos até o fim do mês. Um deles servirá de unidade industrial, com mezanino para abrigar atividades administrativas, enquanto o outro armazenará pulhas de pedras e demais agregados. O espaço conta ainda com um laboratório para análises de qualidade do produto.

Todo o material produzido pela usina será destinado às obras nas rodovias. A unidade processará 160 toneladas de asfalto por hora. O investimento total na estrutura, por parte da CCR ViaSul, é de R$ 20 milhões.

Reaproveitamento

A reportagem visitou as instalações da usina e viu parte do processo de produção do material. Trata-se de um trabalho complexo, que segue rigorosamente uma linha pré-estabelecida pela concessionária. Tudo para ofertar um asfalto com a qualidade necessária para atender às rodovias. Além da BR-386, a BR-448 (Rodovia do Parque) também deve ser contemplada.

“Aceleramos a obra da usina justamente para começar a fase de testes. Utilizamos a derretedora de CAP (cimento asfáltico de petróleo), um produto que estamos importando ele frio para derretê-lo aqui. Esse material fica estocado também para que seja aproveitado no futuro”, salienta Neves.

O material derretido é transportado para os tanques instalados ao longo do pátio. Essas sobras serão reaproveitadas na produção do CBUQ (concreto betuminoso usinado à quente), revestimento asfáltico mais utilizado nas rodovias federais do país. “Pegamos algo que era jogado fora e transformamos num produto de qualidade”. A unidade terá 750 kVA de potência instalada, segundo Neves.

Valorização da mão de obra local

As obras de implantação da usina impactaram também na economia local. Hoje, são cerca de 30 trabalhadores envolvidos na construção do complexo, direta ou indiretamente. São profissionais de três empresas, entre operadores, eletricistas e torneiros.

“Nós sempre procuramos valorizar a mão de obra local. Hoje, contamos, na maioria, com pessoas da região trabalhando na construção da usina. A região tem um polo muito forte nessa área”, salienta Neves. São moradores de Estrela – cujo perímetro urbano fica a 7 quilômetros da usina – e também de cidades da volta.

Patamar diferenciado

Para a secretária municipal de Desenvolvimento, Inovação e Sustentabilidade, Carine Schwingel, a construção da usina em Estrela confirma um movimento que coloca a cidade em um patamar diferenciado não só na região, mas em nível de estado. Também representa um ciclo em que a população sente o retorno dos investimentos nos últimos anos.

“Estrela tem uma localização estratégica não apenas por estar no trecho de concessão da BR-386, mas também pelo polo que se configura para a gestão da produção do asfalto. Isso possibilita o escoamento facilitado, além de termos aqui os diferentes modais, e também a geração de mão de obra qualificada, com implantação dessa tecnologia internacional”, salienta.

Foto: Jhon Willian Tedeschi

ENTREVISTA


Hamilton Cezar Gaspar Filho, coordenador de engenharia da CCR ViaSul e um dos responsáveis pela operação da usina de asfalto

“A cada 100 toneladas produzidas, 20 serão de materiais reaproveitados”

A Hora: Qual a diferença do material produzido pela usina da CCR em relação às demais?
Hamilton Cezar Gaspar Filho: Basicamente nós queremos extrair dela o concreto asfáltico. Existem várias usinas em que sai o mesmo material. E qual a nossa vantagem? Uma qualidade melhor nessa mistura. Nós colocamos agregados, como os provenientes de detonação de rocha, e o CAP, que é o material derivado do petróleo. Isso nos dá facilidade maior para executar o asfalto.

AH: Como garantir um produto de qualidade e, ao mesmo tempo, sustentável?
Gaspar Filho: A usina nos garante a possibilidade de reutilizar o material fresado, já existente da rodovia. E, a cada 100 toneladas produzidas, 20 serão de materiais reaproveitados. Por exemplo: quando restauramos um trecho de rodovia, tiramos o material que seria jogado fora, levamos para a usina e aproveitamos numa nova mistura asfáltica. A tecnologia nos auxilia.

NÚMEROS DA OBRA

R$ 20 MILHÕES
É o investimento na construção da usina de asfalto

R$ 16 MILHÕES
Foram destinados somente para a compra do maquinário oriundo da Alemanha

35 METROS
É a altura da estrutura construída em Estrela

40 PESSOAS
Foi o auge de trabalhadores empregados durante a obra

160 TONELADAS
É a capacidade, por hora, da produção de asfalto na usina

30%
Será a economia gerada pela usina devido ao reaproveitamento de matérias-primas

Entenda o processo

– A usina de asfalto conta com a maior parte das peças importadas da China, mas a tecnologia vem da Alemanha. Preparada em um contêiner, a estrutura permite um rápido processo de manejo, caso necessário;

– A produção de asfalto é totalmente automatizada, com capacidade de 160 toneladas por hora. Pela necessidade de manter o asfalto a uma temperatura mínima de 150°C, a operação não ocorre com menos de 10°C nos termômetros, ou em dias com neblina ou chuva;

– A usina funcionará no formato gravimétrico, que garante maior qualidade e sustentabilidade no produto final. Deste tipo, existem apenas outras três no país, todas fora da região Sul;

– Além da usina, também funciona no complexo um sistema de derretimento de asfalto em estado sólido, bem como um laboratório responsável pelo controle de todas as etapas do processo de produção e industrialização;

– As sobras das intervenções em pavimentos já existentes são destinados à usina, que reutilizará o material na produção de um novo concreto asfáltico, também chamado de CBUQ (concreto betuminoso usinado à quente);

– Todo o processo de reutilização de matérias-primas deve gerar uma economia de 30% no emprego de materiais e também na exploração de recursos naturais.

Outras obras

DUPLICAÇÃO – Prevista para julho, a conclusão da duplicação dos 20,3 quilômetros do trecho entre Marques de Souza e Lajeado avançam para um dos pontos mais movimentados da rodovia, na região que agrega os acessos aos bairros Conventos, Centenário, Olarias, Bom Pastor, Montanha e Santo André. A concessionária também agiliza trabalhos nos viadutos e interseções.

TERCEIRA FAIXA – O trecho de 5,1 quilômetros entre Lajeado e Estrela, já duplicado, ganhará faixas adicionais nos dois sentidos. No perímetro lajeadense, as mudanças são perceptíveis e, em alguns pontos, a nova pista já é utilizada. Agora, os trabalhos avançam do lado estrelense, bem como na futura interseção que ligará a rodovia à ERS-129.

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