Dos 12 moradores da região detidos após manifestação em Brasília, cinco foram soltos mediante uso de tornozeleira eletrônica. Um segue preso no Complexo Penitenciário da Papuda. Outros seis deixaram a superintendência da Polícia Federal ainda durante a triagem.
A decisão da Justiça ocorreu após conclusão de todas as audiências de custódia. Mesmo com liberação preventiva devem seguir medidas cautelares, entre elas a proibição de sair à noite ou viajar. Também estão impedidos de acessarem redes sociais ou se comunicarem com os demais investigados.
A lista dos manifestantes soltos foi divulgada no fim de semana pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seape). Diante do elevado número de presos e dificuldades em fornecer informações individuais, a Justiça determinou a atualização dos dados por meio da página oficial do órgão.
Os detidos durante atos na Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro, podem responder a pelo menos seis crimes. De acordo com juristas, a pena mínima em caso de condenação deve variar entre 10 e 12 anos.
Além disso, os suspeitos podem ser cobrados pelos danos causados nos prédios públicos. De acordo com o advogado Marcos Zanuzo, a tendência é que o processo se arraste por anos. “Acredito que o pior ainda está por vir.” Ele representa pessoas do Vale detidas em Brasília e viaja à capital federal para acompanhar de perto a tramitação dos casos.
Pela decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) pelo menos 942 pessoas de diferentes regiões do país vão continuar presas. Conforme mencionado pelo ministro Alexandre de Moraes, o objetivo é a ordem pública e a efetividade das investigações. Ele também ordenou investigações sobre o financiamento das viagens e permanência dos manifestantes no Distrito Federal.
Contratação da viagem
O grupo de manifestantes do Vale do Taquari embarcou em Estrela na madrugada do dia 7. Na licença de viagem enviada à Agência Nacional de Transportes Terrestre (ANTT) consta como contratante a Associação de Ecologia e Canoagem (Aeca). O presidente da entidade, Marco Edson Carvalho da Silva, nega qualquer pedido de fretamento.
A empresa que fez o transporte até Brasília alegou “erro humano” na emissão da nota fiscal e autorização de viagem. “Já registramos boletim de ocorrência e vamos entrar com processo judicial contra a transportadora. O nome da associação foi vinculado sem qualquer relação com tudo isso que aconteceu”, reforça Silva.