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ECONOMIA

Comércio e indústria se adaptam para evitar danos em nova enchente

Deslocamentos de materiais, mutirões de limpeza e mudanças de endereço estão entre as medidas apontadas para minimizar impactos da enchente

Mercados precisaram tirar produtos e organizar limpeza (Foto: Marcelo Grisa)

Medidas de contingência e planejamento têm sido a pauta de empresários da região em uma semana que deveria ser o ápice das promoções de novembro. A Black Friday de 2023, no entanto, é um momento de reflexão para gestores de diferentes negócios após a segunda cheia do Rio Taquari em menos de três meses. No começo de setembro, quando o curso d’água atingiu quase 30 metros de altura, os prejuízos à economia estrelense foram de R$ 379,8 milhões, segundo a administração municipal. O esforço dos empresários, agora, é evitar que os prejuízos cheguem a cifras tão grandes.

A responsável pela filial das Lojas 50tão em Estrela, Natália Cerpa, afirma que a mudança de endereço da loja evitou novos danos ao estabelecimento. Ela lembra que, na primeira enchente, em setembro, foram mais de 5 mil itens inutilizados. “De fato, transferir a loja para um local mais elevado nos salvou de novos problemas. O imóvel antigo ainda não foi entregue, mas só tivemos que limpar. Nossas atividades sem danos”, aponta.

O novo imóvel exige um maior investimento mensal, mas, segundo Natália, a estratégia compensa. “Além dos produtos perdidos em setembro, houve também uma semana inteira de trabalho perdida apenas para a limpeza e organização do espaço”, afirma.

A transferência ocorreu entre o final de outubro e o começo de novembro, semana em que se acumulam os feriados do Dia da Reforma e de Finados. A loja continua instalada na Rua Coronel Müssnich, no centro da cidade, apenas em novo número. O local é mais próximo da rótula, junto às ruas Marechal Floriano e Coronel Brito.

Lojas que conseguiram mudar de endereço evitaram novos prejuízos (Foto: Marcelo Grisa)

Em outros pontos comerciais, entretanto, a mudança de endereço não é a melhor opção. É o caso do supermercado Casa Santo Nono, também na Coronel Müssnich. Gustavo Degasperi, sócio-proprietário do estabelecimento, explica que mudar de local poderia ferir a identificação dos clientes com a marca. “Não é algo que pensamos no curto prazo. Esperamos que sejam executadas medidas para diminuir esses danos, como foi feito no passado em outras regiões. Aqui é o centro da cidade, então, uma mudança exige estudo cuidadoso”, pondera.

Nesse caso, a contingência foi diferente. “No sábado, quando foi confirmado que haveria uma enchente semelhante à de setembro, acionamos a equipe para carregarmos todos produtos e móveis para um lugar seguro. Na segunda e na terça-feira, limpamos e consertamos tudo para poder reabrir na quarta-feira”, lembra Gustavo.

Degasperi também já estuda outras formas de minimizar a necessidade de deslocamento nessas situações. Um exemplo seria o da troca de móveis e estruturas por materiais mais resistentes à força da água e do lodo, com menor uso de madeira e MDF.

A empresa havia arcado com cerca de R$ 1 milhão em prejuízos em setembro. Desta vez, o estabelecimento só teve perdas por conta dos quatro dias fechados para a operação de deslocamento, limpeza e realocação dos bens.

“A dor ensina a gemer”

O diretor da Rhodoss, Nilto Scapin, lembra que os prejuízos de setembro pegaram todos os empresários de surpresa. “Lá, foram cerca de R$ 1 milhão em perdas. No último fim de semana, não esperamos ser avisados de que haveria uma cheia do rio”, explica. Segundo ele, a derrubada de muros que estavam em reconstrução, mais a perda de capacidade produtiva somaram R$ 250 mil, ou seja, 75% a menos se comparado com a enchente anterior.

Os escritórios e boa parte da capacidade produtiva já estão em pleno funcionamento, com um mutirão de todos os funcionários que não foram diretamente afetados pela elevação das águas. “Temos uma equipe muito comprometida. Isso, mais as lições aprendidas em setembro, nos permitem um resultado final melhor diante desse cenário”, aponta Scapin. A previsão é de que a capacidade produtiva plena da Rhodoss seja retomada até a segunda-feira, 27.

Para o futuro, o empresário afirma que o plano de contingência da Rhodoss, que já estava em elaboração, será concluído o mais rápido possível. “Vamos monitorar daqui de dentro o nível das águas, não apenas aqui, como em Muçum e Roca Sales. Assim, teremos mais tempo para evitar maiores problemas.”

A empresa de implementos rodoviários, com sede em parte do complexo da antiga Polar, já fez um levantamento de quais áreas do terreno são afetadas primeiro. Assim, permite a retirada de produtos, máquinas e matérias-primas de forma eficiente. “Também temos o projeto de doar réguas para o município. Tanto na Escadaria, quanto nas ruas no entorno. Somos uma empresa de Estrela e pretendemos continuar aqui. Não vamos desistir por conta dessas duas cheias”, assegura Nilto Scapin.

Na sede da Rhodoss, às margens do Rio Taquari, estrutura que estava em reconstrução foi danificada (Foto: Marcelo Grisa)
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