O trecho estrelense da RSC-453 gera transtornos históricos aos usuários. A rodovia cruza o bairro Boa União, causando congestionamentos diários e risco alto de acidentes. Quem mais sofre com a situação são os moradores lindeiros, que utilizam a via diariamente.
O projeto de concessão do governo estadual prevê a construção de acesso à BR-386, por meio da rua João Fell. Além disso, uma rótula deve ser implementada na confluência com a rua João Lino Braun, no terceiro ano após a empresa vencedora assumir a rodovia. Ao longo do período, a RSC-453 também poderá ser duplicada.
Importante via de ligação do Vale do Taquari com a Serra Gaúcha, a RSC-453 possui um trecho estrelense de 15,39 quilômetros, todo em pista simples. As dificuldades são visíveis, pois o tráfego de caminhões é intenso, tornando a velocidade média de 60 km/h.
Executivo busca melhorias
No mês de junho, membros da Administração Municipal estiveram na Rota do Sol, com o secretário extraordinário de Parcerias, Leonardo Busatto. A comitiva observou os principais gargalos. Na época, o objetivo era diagnosticar os problemas, para a inclusão de obras no contrato de concessões.
“Estamos em constante contato com a Secretaria de Parcerias. Buscamos incluir no contrato uma rótula no bairro Boa União e uma na ligação com a rua João Fell, para desviar a carga pesada para a BR-386”, explicou o diretor de Planejamento da Secretaria de Desenvolvimento, Inovação e Sustentabilidade, Frederico Birkholz.
Uma barricada na frente de casa
O aposentado Ilson Carlos Kronbauer, 69 anos, vive à beira da rodovia desde que nasceu. As “esculturas” na frente da casa são, na verdade, a proteção que ele encontrou para que os carros não invadissem mais a sala de estar. “Perdi as contas de quantos acidentes presenciei. Dois resultaram em mortes”, conta.
Na ocasião em que um Fusca com placas de Arroio do Meio invadiu a moradia, não houve vítimas, mas poderia ter sido fatal. “Meus cunhados dormiriam naquele cômodo, mas estávamos jantando nos fundos da propriedade. Não tenho medo de ser atingido, pois o meu quarto é distante.” Chilin, como é conhecido, reclama das condições da calçada.
“Protocolei pedido na prefeitura, no ano passado e neste ano, mas não vieram arrumar. A proteção fixada sobre as barras de aço, foi roubada e vendida. Não peço por mim, mas pelos alunos”, declarou. Ao lado da casa de Chilin fica a Escola Estadual de Educação Básica Nicolau Müssnich.
Uma rótula deveria ser construída em frente a casa do aposentado. O terreno, desapropriado pela prefeitura há cerca de uma década para essa finalidade, hoje serve de estacionamento. “Ali havia uma casa. Quando demoliram ela, eu paguei cuca, linguiça e refrigerante para todos. Quando nivelaram o terreno, fiz a mesma coisa. Prometo que quando construírem a rótula, farei um churrasco no centro dela. Mas temo não estar vivo até lá”, brinca.
Risco iminente visto da sacada
O comerciante João Germano Bastian vive há 47 anos de frente para a confluência entre o trevo de Estrela, a rua João Lino Braun e a RSC-453. “O início da manhã e o final da tarde são caóticos. Só não há mais acidentes, pois quem passa por aqui já vem devagar, pois sabe que é perigoso.”
Bastian disse que em certo momento a instalação de uma sinaleira foi sugerida, mas que a ideia declinou. “Alegaram que os caminhões pesados teriam de parar, mas isso já acontece com a faixa de segurança, que por sinal está bem desgastada. Além disso, não acredito que uma sinaleira resolveria o problema, mas pelo menos organizaria essa bagunça.”
“Ponto conhecido de acidentes”
O comerciante Misael Seidl, 32 anos, também mora próximo ao trevo de acesso ao bairro Boa União. Ele aponta diversos problemas e também percebe o grande risco de acidentes. “Moro no bairro Pinheiros. Começo o dia tendo que cruzar a rodovia, e é muito perigoso. Na altura onde saio do meu bairro, em frente ao ‘Loteamento 3’, é ponto conhecido de acidentes.”
Da sacada do estabelecimento, o comerciante observa caminhões de grande porte tendo que fazer curvas abertas, podendo atingir os veículos que vêm em sentido contrário. Outro problema são os fios de energia muito baixos. “Muitos caminhões já trancaram ali. Eles transportam transformadores, tanques de inox e cargas com maior volume, e não passam”, disse.
Busca histórica por soluções
Notícias do jornal Nova Geração relatam o trabalho das autoridades para amenizar os transtornos no trecho da RSC-453. Em 2011, representantes da então Câmara de Dirigentes Lojistas, da Associação Comercial e Industrial de Estrela, escolas, autoridades policiais, vereadores e demais interessados já discutiam a possibilidade de desviar o trânsito pesado à BR-386 pela rua João Fell.
Em 2010, havia projeto para a construção de um túnel, que ligaria o bairro dos Estados ao Bairro Boa União, sob a BR-386. A construção prometia desafogar o trânsito da avenida Rio Branco e facilitar o acesso do Boa União ao centro da cidade. Indicações dos parlamentares também solicitavam construções e reparos na pista. Além da falta de uma rótula, buracos dificultavam ainda mais o tráfego no local.
