As cooperativas de crédito reúnem 221,3 mil associados e empregam mais de 900 profissionais no Vale. Durante o ano passado faturaram R$ 854,7 milhões e geraram R$ 213,5 milhões em resultados. Desse total, mais de R$ 57 milhões retornaram aos cooperados em 2022, seja na forma de depósitos em conta corrente ou valores para apoiar entidades filantrópicas.
Esses números traduzem a força de um segmento que cresce em média mais de 20% ao ano, conforme dados da Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul (Ocergs). As instituições também são reconhecidas pelo trabalho em prol do desenvolvimento regional. O apoio em iniciativas culturais, esportivas, de ensino e profissionalização corroboram com a função social das organizações.
Enquanto bancos públicos e privados fecham agências, as cooperativas ampliam atuação e assumem protagonismo na inclusão financeira. Nesse sentido, além das organizações locais buscarem mercado em Minas Gerais, instituições de outras regiões se instalam no Vale para atender diferentes públicos.
Na avaliação do diretor-secretário da Ocergs, Márcio Port, esse movimento proporciona a descentralização de renda. “Os bancos tradicionais miram as cidades maiores. As cooperativas por sua vez, conseguem levar soluções eficientes e promover o desenvolvimento também nos pequenos municípios.”
Além de atender associados pessoas físicas, algumas cooperativas possuem maior expertise para atender empresas, outras os produtores rurais, área da saúde e setor de transportes. A relevância dessas organizações fez em 2012 ser criado o Dia Nacional do Cooperativismo de Crédito. A data é celebrada em 28 de dezembro.

Segmento do agronegócio está entre os principais mercados atendidos pelas cooperativas de crédito no Vale. Crédito: Divulgação
“Cooperativa cresceu quase 30% em 2022”
A expansão em Minas Gerais e a consolidação no Vale do Taquari conferem mais um ano com desempenho positivo à Sicredi Integração RS/MG. Com sede em Lajeado, a cooperativa reúne 74 mil associados e distribuiu, com base no resultado de 2021, mais de R$ 14 milhões. Entre os recursos estão depósitos em conta-corrente, juros na cota capital e projetos sociais.
De acordo com o presidente da Sicredi Integração RS/MG, Adilson Metz, os recursos e as iniciativas fazem a diferença na comunidade onde atuam. “São vários projetos que revertem em prol dos associados e suas famílias. Nossas ações vão ao encontro da área social e também do ensino.”
Metz reforça ainda a abertura de agência e o início da construção da sede administrativa em Minas Gerais. “A cooperativa cresceu quase 30% em 2022. Para o próximo ano mantemos nossa meta de expansão e muito trabalho para uma sociedade cada vez mais próspera.”
Segundo ele, o crescimento é resultado também da credibilidade conquistada pelo modelo de cooperativa. Metz enfatiza a solidez de todo o sistema Sicredi, seus fundos garantidores e a regulação do Banco Central.
Como diferencial das instituições tradicionais, elenca o retorno ao associado e a presença efetiva na comunidade. “O dinheiro circula na região e volta para quem investe na cooperativa. Na Sicredi o resultado não vai para outro país ou para o caixa de instituições públicas, aqui o dinheiro volta para o cooperado.”
Região de oportunidades
A força do Vale do Taquari no segmento de transportes atraiu cooperativa de crédito especializada na área. Em agosto, a Transpocred inaugurou unidade de atendimento em Lajeado. A projeção neste primeiro momento é contar com 300 associados é movimentar mais de R$ 30 milhões em crédito.
Conforme o gerente Samuel Camilotti, a cooperativa com sede em Florianópolis (SC) tem 16 anos de tradição no ramo. “A região de Lajeado é conhecida por ser um polo da indústria e comércio. Por sua vez, detém grandes empresas que demandam de logística para receber e escoar produtos. Enquanto nossa atuação, vamos ao encontro de um importante setor com potencial de negócios.”
Acesso ao crédito
Há quatro anos a Cresol iniciou a expansão das operações no Vale do Taquari. Hoje, são 3,2 mil associados e agências em seis cidades da região. Na percepção do gerente da unidade em Estrela, Jardel Ullerich, as cooperativas de crédito democratizam e facilitam o acesso ao crédito, além de promover a inclusão financeira e o desenvolvimento das comunidades.
Em 2023, a Cresol deve inaugurar mais duas agências na região dos vales do Taquari e Caí, uma na cidade de Feliz e outra em Cruzeiro do Sul. “A Cresol é uma instituição financeira que está se consolidando entre as principais cooperativas financeiras do país. Com foco no atendimento personalizado, fornece soluções financeiras para pessoas físicas, empresas e empreendimentos rurais”, reitera Ullerich.
Ainda conforme o gerente, o sistema Cresol como um todo conta com mais de 780 mil associados e está presente em 18 estados. “Não há dúvidas de que a cada ano as cooperativas estão mais fortalecidas e ocupam mais espaço no mercado financeiro”, observa Ullerich ao celebrar os resultados deste ano.
Entrevista – MÁRCIO PORT• DIRETOR-SECRETÁRIO DA OCERGS E PRESIDENTE DA CENTRAL SICREDI SUL/SUDESTE
“As cooperativas se especializam em apoiar as vocações regionais”
Qual é o compromisso das cooperativas de crédito nas regiões onde atuam?
Márcio Port – As cooperativas quando se instalam nos municípios geram mais emprego, renda e impostos. Além disso, existe um papel muito importante no desenvolvimento local e regional ao fortalecer o que cada cidade tem de melhor, seja no agronegócio,turismo, comércio, ou outros segmentos. As cooperativas se especializam também em apoiar as vocações regionais.
A partir disso, ajudam a incrementar os negócios dos associados. Enquanto os bancos tradicionais se centralizam nas maiores cidades, as cooperativas seguem com abertura de agências pelo interior. Dessa forma, ajudam a descentralizar a renda e o desenvolvimento que era voltado apenas aos maiores municípios.
Como foi o desempenho das instituições em 2022?
Port – Nas últimas duas décadas as cooperativas de crédito cresceram em média 20% ao ano. Durante a pandemia o crescimento chegou a 50%. Neste período mantiveram os atendimentos e não fecharam as portas. Tiveram participação de destaque na retomada da economia. Dessa forma não deixaram as pessoas desamparadas.
Elas promoveram o incentivo às compras no comércio local. Em pelo menos 99 cidades do RS, as cooperativas de crédito são as únicas instituições financeiras. Outro desempenho significativo foi no financimento de placas de energia fotovoltaica. Há protagonismo também em viabilizar crédito nesta área.
Quais as principais diferenças das cooperativas para os bancos tradicionais?
Port – Os produtos e serviços são os mesmos: seguro, consórcio, cartão, depósito, entre outros. As diferenças estão nas tarifas, no atendimento, na distribuição de resultados e projetos sociais em diferentes áreas. Ainda se destaca a presença nas pequenas cidades onde os bancos privados ou públicos não atuam.
Quais são as perspectivas para o próximo ano?
Port – A expectativa é manter um desempenho superior a 20% em relação ao ano anterior. Somos sempre muito otimistas. Acreditamos que a economia e o país melhore a cada ciclo. O diferencial das cooperativas é estar próximo das pessoas e apoiar nas dificuldades do cotidiano. Desta forma tanto a cooperativa, quanto os associados e a região crescem.