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CONEXÃO

Da antiga cooperativa ao potencial turístico: a história da cachaça em Estrela

Para celebrar trajetória de produtores da bebida no município, representantes planejam criar monumento para também servir de espaço turístico. Combinação de turismo e cachaça é tradição há mais de 20 anos

Produção da bebida no RS iniciou no século XVIII (Foto: Karine Pinheiro)

Plantação e colheita da cana-de-açúcar, moagem, fermentação, destilação e armazenagem. Estes são os passos para produzir a tradicional cachaça prata, base para todos os outros tipos de cachaças e licores. Independente de qual parte do país seja produzida, a bebida genuína brasileira possui esta base.

Não há um registro oficial de quando a produção da bebida iniciou, embora o cultivo da cana-de-açúcar em 1532 sirva de hipótese. No Rio Grande do Sul, a chegada das mudas da planta em 1770 também marcou o funcionamento dos primeiros alambiques. Hoje, o dia da cachaça é comemorado em 13 de setembro, data que marca a Revolta da Cachaça, ocorrida em 1661. A partir deste momento, a bebida foi oficialmente liberada para fabricação e venda.

Cachaça em Estrela

Fundada em 1935, a Cooperativa Aguardente Ltda, localizada na Linha Delfina, foi a maior organização do ramo. A instituição foi considerada uma das maiores fontes de renda para os cofres públicos nesta época. Nos anos 50, possuía cerca de 75 cooperados que cultivavam as bebidas em suas propriedades e encaminhavam para industrialização. O resultado era a Cachaça Ouro de Estrela.

Nos dias atuais, o Alambique Collett é o único que ainda mantém a produção da bebida. Rafael Collett, conta que as atividades de fabricação iniciaram junto com a cooperativa. “Meu avô Jacó Collett era sócio, depois meu pai Inácio e hoje eu estou à frente há cerca de 5 anos. Hoje é algo familiar, mas produzimos cerca de 1 mil litros por mês”, relata.

Depois de quase 90 anos em atividade, hoje a cachaçaria trabalha com quatro tipos da bebida alcóolica, entre elas a bidestilada. Collett explica que é uma cachaça diferenciada. “Fazemos a produção normal e depois fazemos o trabalho de destilar novamente. O teor alcoólico fica mais alto e o gosto mais forte”, afirma.

A cachaça e o turismo

Em funcionamento há mais de 70 anos, o Alambique Berwanger marca a cachaça como produto turístico. Localizado na Linha São José, os turistas podem conhecer o processo de produção de cachaças e licores, além de experimentar as bebidas no porão da casa da casa enxaimel datada em mais de 120 anos.

No entanto, Inácio Berwanger, proprietário do local, destaca que foi um processo longo até consolidar o espaço na rota turística. “Antes disso era só cachaça”, conta ele que cresceu vendo o avô e o pai na produção da bebida. As cachaças refinadas e envelhecidas, bem como os licores, chegaram com o aumento do público visitante, para que pudessem oferecer produtos diferenciados.

O Alambique Berwanger recebe mais de 1 mil visitantes por mês. Pessoas de todo o RS e de outros estados. Paulo Reis, administrador do local, conta que durante a visita, as pessoas conhecem o processo passo a passo. Ele explica que após a moagem, a garapa – caldo extraído da cana – passa por um processo de fermentação que leva de 24h a 30h. Durante a destilação, o líquido misturado com água é esquentado a cerca de 90° C, temperatura em que o álcool evapora.

O resultado é armazenado em um barril. Até que o processo químico seja completado e o líquido fique pronto para consumo, leva de 3 meses a 1 ano. “Após, para refinar o produto, deixamos armazenado em barris com diferentes tipos de madeiras. Isso define cores e gostos diferentes. O tempo guardado também”, conta.

Preservar a história

A criação de um monumento para celebrar a história da cachaça e da cooperativa localizada na Linha Delfina estão nos planos dos que acompanharam seu funcionamento. Segundo o coordenador do Memorial de Estrela, Airton Engster, um encontro para falar sobre o assunto e a possibilidade de um memorial em celebração à cooperativa deve ocorrer neste sábado, 24.

O objetivo é criar um espaço histórico e turístico, com degustação das cachaças ainda produzidas, além de outros produtos como café colonial. “É uma forma de guardar essa parte de Estrela e olhar para a produção no futuro”, destaca Engster.

Cooperativa produzia cachaça Ouro de Estrêla nos anos 1950 (Foto: Reprodução)
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