As cores que as ruas do município ganham nos momentos festivos como o Natal são resultado da dedicação de uma equipe de voluntárias que atuam juntas desde março. Parte do projeto Teutônia Cultural, a oficina de artesanato oportuniza aprendizado e momentos de trocas entre as participantes. Além do resultado do trabalho desenvolvido, o reforço dos vínculos é o aspecto mais valorizado entre as cerca de 30 mulheres.
O local onde são feitos os trabalhos fica junto ao Sínodo Vale do Taquari, no bairro Centro Administrativo, em espaço cedido pelo governo. A mobilização do grupo rendeu o recebimento de algumas doações, como o maquinário de costura e até itens para equipar a cozinha. Os dias que concentram mais os trabalhos são as terças e quartas, sempre na parte da tarde. Mas em vários momentos integrantes do grupo vão até o atelier.
A responsável pelas atividades é Rosângela Duarte, 60. A professora atuou em diversos grupos, em Teutônia e Forquetinha, com públicos de pessoas vinculadas à assistência social, como portadores de necessidades especiais, por exemplo. Mas é a primeira experiência no trabalho com voluntárias. “Quando foi dada a oportunidade de trabalhar com um grupo voluntário, percebi que as demandas são totalmente diferentes.”
O grupo começou as atividades em março com 10 mulheres. Desde então, o número de integrantes só aumentou, o que surpreendeu Rosângela. “O desafio era ver como iam reagir”, conta. A união entre as voluntárias emociona a instrutora. “A forma como foi fechando o círculo da amizade e da dedicação é incrível. Isso me trouxe um sentimento de que ainda há esperança e que podemos fazer a diferença. A esperança e o amor fazem toda a diferença. Vamos guardar isso para a vida toda.”
Entre as frases ditas pelas artesãs, as palavras “gratidão”, “aprendizado” e “família” se repetem. O ambiente no local é de alto astral, e a instrutora garante que isso faz parte da rotina. “Encontrar pessoas assim é uma grande coisa, uma experiência valiosa que envolve essa união.” Os trabalhos começaram com as decorações para a Teutoberfest, em outubro, e seguem com a programação natalina, que terá o ponto alto na Parada Natalina, no dia 17 de dezembro.
Mesmo com as limitações no início, até a chegada de mais materiais para as atividades, muitos itens eram levados de casa pelas artesãs. “Utilizamos todo tipo de materiais até hoje”, destaca Rosângela. Outro fator que motiva o grupo é a satisfação em ver o resultado do trabalho. “Olhar os enfeites que foram feitos com as nossas mãos decorando a cidade, é motivo de orgulho”, conclui.
Amizade e refúgio
Uma das participantes, Nelma Lima, 46, moradora do bairro Teutônia, faz tratamento contra o câncer e vê nas oficinas uma oportunidade para manter as forças no enfrentamento à doença, e como um espaço de aprendizagem, uma vez que nunca havia feito atividades do tipo. Ela ressalta a parceria entre as participantes. “Aqui nós temos um lugar de troca, onde falamos de coisas boas e compartilhamos nossos problemas”, diz.
Maria Terezinha Marques, 60, do bairro Canabarro, vai na mesma linha da colega. “Cada dia aqui é um remédio a menos para tomar. Muito melhor do que ficar em casa, com a cabeça vazia”, desabafa. A aposentada é uma das primeiras participantes do grupo e com o término das atividades após o Natal, já está na expectativa para o retorno. “Ano que vem temos Páscoa, para recomeçarmos bem.”
Sobre o projeto
O Teutônia Cultural foi lançado em março deste ano, com o propósito de ser o maior investimento da história do município em iniciativas culturais – cerca de R$ 600 mil por ano serão destinados ao projeto. Além do artesanato, são outras 27 oficinas disponibilizadas a todos os públicos, de forma gratuita.