ESTRELA – Nathália França tem 18 anos e trabalha como influenciadora digital. Mal sabia ela que a popularidade adquirida, com os 13 mil seguidores no Instagram, também traria uma dor de cabeça. Na última semana, ela registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia após virar “Carol Oliveira” no Facebook. Uma conta falsa, utilizando fotos da jovem, mas com o outro nome, foi criado na rede social. A descoberta veio através de um amigo. “Ele me mandou que tinha visto minha foto, mas com nome diferente. Para mim não aparecia o perfil, porque me bloquearam”, comenta.
A partir do momento que ficou sabendo da conta, Nati pediu ajuda aos amigos para que denunciassem o perfil. Essa não foi a primeira vez que ela foi alvo dos fakes. “Muitas vezes recebo perguntas de perfis que não são verdadeiros. Pedem informações pessoais, onde moro, quem é minha mãe, entre outras coisas. Falam até do meu pai, que já faleceu.”
Como trabalha como influenciadora e faz fotos para lojas, não há como fechar o perfil ou ter muito controle sobre as imagens. “Isso é muito chato. As únicas críticas que recebo, por exemplo, vêm destes perfis falsos. Quando eu namorava, até criaram um perfil fake do meu namorado e vieram falar comigo se passando por ele”, recorda. A influenciadora já teve fotos repostadas por famosos, como Grazi Massafera.
Por trás dos perfis
Assim como os perfis podem ser apenas utilizados, como diz a mãe da jovem, Nelsi Marim, “por pessoas infantis”, ela não esconde o medo de que isso possa ser usado por pessoas de má fé. “Por isso fizemos um boletim de ocorrência on-line. Anexamos o print e explicamos toda situação.” No dia seguinte à criação do fake, ele foi retirado pela própria plataforma, através das denúncias.
Fake é crime?
O delegado da DP de Estrela, Juliano Stobbe, explica que o uso indevido da identidade de outra pessoa é crime. “Criar um perfil fake em qualquer rede social é crime, é falsa identidade, artigo 307 do Código Penal. O que ocorre, às vezes, é que a criação deste fake visa obter vantagem econômica ilícita e o crime da falsa identidade não aparece porque fica presente o estelionato”, explica. Mesmo assim, ele acredita que a criação dos perfis é comum, mas que a maioria das pessoas não registra. “Quando não há outro crime envolvido, mandamos um ofício para o servidor do site, eles analisam e retiram do ar. Também nos encaminham os dados de quem criou, mas geralmente é um e-mail com dados falsos, dificultando encontrar o autor”, disse.
Se a pessoa for identificada, poderá responder na Justiça. “Isso pode acarretar em uma questão civil, com recuperação de danos e o indiciamento criminal”, destaca o delegado.