O projeto Viver Cidades trouxe mais um debate aos microfones da Rádio A Hora 102.9 nessa quarta-feira, 22. O painel marcou o Dia Mundial da Água e abordou temas como o abastecimento de água e a necessidade de reservar esse recurso fundamental à vida. Os convidados foram o supervisor regional e assistente técnico em reservação de água e irrigação da Emater/RS-Ascar, Marcelo Brandoli; o gestor da unidade de saneamento da Corsan de Lajeado, Alexander Pacico; e a representante da administração de Estrela no Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas, Rosângela Selli Johann.
Além de abordar a importância de cuidar dos recursos hídricos, os participantes também destacaram iniciativas em execução no Vale do Taquari. Brandoli ressalta a busca por ações para reservar água no campo por meio da conscientização dos produtores rurais. “O pessoal perfura poços, pega água de uma fonte. A gente lida com a parte de manejo da água e do solo”, destaca Brandoli.
Ele ainda destaca que em 2030, será necessário 50% mais de energia, 40% de água e 35% de alimentos. “Há uma mudança climática que aumentou a temperatura e isso muda a precipitação no mundo todo”, afirma.
Para melhorar o cenário, Brandoli sugere iniciativas como o uso de cisternas. Além disso, comenta sobre o projeto da instituição para proteção de fontes, que busca preservar as nascentes. “A educação ambiental vem antes da financeira. Precisamos proteger, recolher e armazenar. As pessoas sabem o que é a água mas não têm noção da importância dela”, realça.
É preciso mudar
Durante o debate, o gestor da unidade de saneamento da Corsan de Lajeado, Alexander Pacheco, destacou que, mais do que uma associação de tratamento da água, a instituição tem papel importante na saúde pública, ao levar água potável para a comunidade. “A companhia tem várias ações e mais de 3 mil reservatórios”, ressalta.
Pacico ainda salienta que muitas doenças estão relacionadas a problemas hídricos e as pessoas ainda não têm consciência sobre a importância do recurso para a vida do planeta. Ele acredita ser necessária uma mudança de cultura, a fim de preservar, reservar e qualificar a água.
O papel dos comitês
O movimento de iniciativas e preocupação com os rios começou em 1970, na Europa, conforme explica Rosângela Selli Johann. Ela conta que isso fez com que outros países abrissem os olhos para a temática. O Brasil foi um deles. Mais tarde, surgiram os comitês. De acordo com a profissional, das 25 bacias hidrográficas do estado, 12 possuem comitês.
O Taquari-Antas, inclusive, é um dos maiores, com 120 municípios envolvidos. “Os comitês estabelecem metas qualitativas e quantitativas. Com parcerias, fazemos um estudo da qualidade da água e metas para atingir essa qualidade”, destaca.
Rosângela também cita iniciativas de alguns municípios do Vale, como o chamado IPTU Verde. O projeto concede descontos no IPTU a pessoas que possuem cisternas, plantio de árvores nativas, entre outras ações. “Há um investimento para isso, mas têm caminhos para se conseguir, que trarão ganhos. Estamos no terceiro ano de estiagem. Não sabemos o que vai acontecer, mas precisamos produzir alimentos e precisamos de água”. Por isso, ela ressalta a importância de alternativas paliativas de aproveitamento da chuva para dar continuidade às produções. “Pequenos gestos diários fazem muita diferença”.