OAeródromo de Estrela foi utilizado, pelo menos, três vezes por uma organização criminosa para transportar, em voos clandestinos, de Estrela ao Paraguai, 200 kg de cocaína em cada viagem. Além disso, criminosos com ligação à facção tentaram furtar aeronaves do local para o tráfico de drogas. Cerca de R$ 15 milhões foram movimentados com o transporte no município.
Além de Estrela, aeródromos de Osório, Eldorado do Sul, Novo Hamburgo e Viamão eram usados pelos criminosos. Conforme o diretor e delegado do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), Vladimir Peukert Urach, uma viagem por semana era feita em pequenas aeronaves. “A investigação iniciou em março. No total, nove pessoas já foram presas. Até o momento, o inquérito aponta que nenhum dos administradores dos aeródromos tinham participação e conhecimento sobre o crime. Segundo Urach, o Denarc tem 30 dias para concluir a investigação.
Draco investiga tentativa de furtos
Paralelo a investigação do Denarc, a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), de Lajeado, abriu inquérito para identificar o autor da tentativa de furto de aeronaves do Aeródromo de Estrela. Elas seriam subtraídas para o tráfico de drogas. Praticamente elucidado o caso, tanto o departamento quanto a Draco compartilharam informações a fim de auxiliar na conclusão de cada fato.
O delegado Dinarte Marshall Júnior, responsável por iniciar o processo, explicou que em Santa Catarina houve uma tentativa igual que culminou em prisões. Alguns dos participantes, inclusive, atuavam no Vale do Taquari. Segundo ele, a autoria da tentativa já foi identificada. “O financiador é um traficante de uma facção grande do estado que atua na região de Sant’Ana do Livramento, na fronteira. Havia a participação pessoas da região que atuavam no apoio logístico”, detalha.
O delegado Juliano Stobbe, que assumiu recentemente o trabalho na Draco, ressalta que a investigação segue. “Já temos uma linha de ação, inclusive com prisões em Mato Grosso. Trabalhamos com imagens capturadas de indivíduos presos em outro estado e ligações também”, afirma.
Sobre o aeródromo
Em uma área de 24 hectares, o Aeródromo de Estrela conta com seis hangares de cerca de 500 metros quadrados cada e um que está em fase de construção. O local é de responsabilidade do município, e utilizado por empresas e pessoas físicas que têm concessão de uso. No momento, duas empresas ocupam o espaço.
Conforme o procurador do município, Rodolfo Agostini, os outros hangares devem ser licitados ainda este ano.
Voos
O município não tem controle sobre o tráfego aéreo, portanto não sabe precisar quantas aterrissagens e decolagens acontecem no local. O controle é feito pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Para utilizar o local, as aeronaves precisam estar licenciadas junto à Anac.
Segurança
O aeródromo é cercado e cada hangar tem sua segurança própria com alarmes e câmeras disponibilizados por uma empresa terceirizada. O município não disponibiliza vigias diurnos e nem noturno. Apesar disso, o Governo de Estrela solicitou à Brigada Militar para fazer rondas.
O Executivo também aguarda o processo de criação da Empresa Pública de Logística Estrela – E-LOG, que está em andamento, e terá por finalidade a administração, gerenciamento e execução de serviços nas áreas portuária, ferroviária e do aeródromo no município.
Reunião em Brasília
Nesta quinta-feira, 23, uma reunião virtual entre Governo Municipal e bancada Gaúcha na Câmara dos Deputados foi feita para discutir sobre o aeródromo. O objetivo foi buscar recursos para obras de ampliação da pista, acesso e pavimentação. O valor solicitado é de R$ 15 milhões.
Relembre o caso
No dia 16, a Polícia Civil, por meio da 4ª DIN do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc), deflagrou a Operação Golf, no combate ao tráfico de drogas. Foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão em Porto Alegre, Gravataí, São Leopoldo, Capão da Canoa e nas cidades paulistas de Araras e Bragança Paulista. Duas pessoas estão presas e uma aeronave foi apreendida. Até o momento, nove pessoas foram presas. Duas na quarta-feira, 15, quatro na quinta, 16, e outros três em abril.