O dia 2 de fevereiro marca a celebração de uma das santas mais populares da cultura católica. Nossa Senhora dos Navegantes é uma das denominações dadas a Maria, mãe de Jesus, vista como protetora em tempestades e em momentos de perigo no mar e em rios. Nos municípios da microrregião que margeiam o Rio Taquari, a fé se mantém e as celebrações ocorrem em duas localidades.
Estes momentos de celebração ocorrem no domingo, 4. O primeiro deles, na parte da manhã, será na Linha Figueira, em Estrela, enquanto a outro movimenta a comunidade da Paróquia Sagrada Família, de Bom Retiro do Sul. Devido às enchentes de setembro e novembro do ano passado, o rio não será utilizado, com os eventos previstos apenas de forma terrestre.
A organização em Bom Retiro avançou ao longo da semana, a partir dos preparativos da imagem e mobilização do movimento Cenáculo de Maria. A missa de Navegantes atingiu um patamar de tradição na cidade. Padre responsável pela paróquia, Antônio Hochscheidt Becker conta que a população sempre questiona se vai ocorrer o momento de lembrança à santa, mesmo em meio ao período de férias.
A Barragem Eclusa recebe a celebração, o que ajuda a atrair mais público. No ano passado, cerca de 300 pessoas participaram da missa. “Por ser em um ponto turístico, o evento reúne mais público, com pessoas de fora da cidade”, pontua o pároco. Nos planos dos organizadores, está incrementar o festejo para os próximos anos. “Se tivesse procissão pelo rio, talvez movimentaria ainda mais. Quem tem seu barco, poderia se engajar”, acrescenta Becker.
O município não possui nenhuma capela com esse nome, o que não impede a comemoração. “A comunidade tem uma participação bem importante, com muito entusiasmo e devoção. Não atingimos somente a população ribeirinha, o que dá uma notoriedade ao evento”, comenta Maria Delci Klunck, integrante da comissão organizadora.
Celebração consolidada
Será a 11ª procissão e missa de Navegantes em Bom Retiro do Sul após a retomada dos festejos, em 2014. “Nossa paróquia pensou, temos o rio, o primeiro habitante oficial da cidade é de origem portuguesa, então retomamos esse aspecto histórico. Utilizamos os espaços privilegiados que temos por aqui, como a Barragem e o rio”, afirma Delci.
O terço inicia às 17h e a missa na sequência, às 18h. Em outras oportunidades, a celebração era mais tarde, mas hoje obedece às determinações de horários do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit). “É um terço vivo, com cenáculo e movimentos, com as pessoas dispostas conforme a oração. Cada pessoa que vai puxar uma ave-maria terá uma flor, e no fim entregarão para Nossa Senhora”, detalha o padre Becker.
Edição de 2023 dos festejos na Barragem Eclusa reuniu cerca de 300 fieis (Fotos: Divulgação)
Lembrança à Iemanjá
No imaginário popular, a data também está relacionada à Iemanjá, considerada a orixá dos mares e protetora dos pescadores. A relação com a crença católica, conhecida como sincretismo, iniciou com a familiaridade na devoção a Nossa Senhora dos Navegantes, em especial na Bahia e no Rio Grande do Sul. Na microrregião, não há eventos abertos alusivos à orixá.