Os jogos intercomunitários de Estrela surgiram com o propósito de integrar as comunidades no interior. Ao longo de 24 anos diversas modalidades entraram e saíram da programação. As regras mudaram ano a ano. E muitas pessoas, além de guardar as lembranças do inícios das competições, ainda participam das tradicionais atividades comunitárias.
Moradora do Distrito de Costão, Sirlei ,Lohmann, lembra de quando descobriu a gravidez no meio de um campeonato. Jogadora do time feminino da localidade, ela relata que a descoberta foi antes do último jogo classificatório, em Novo Paraíso. “Cheguei e contei que não podia jogar.O jogo era contra o time da Linha Lenz O time estava numa fase boa e entrosado e isso desestruturou. Mas ainda assim, conseguimos classificar”, conta.
O confronto seguinte era contra a Lenz novamente. Desta vez, Sirlei colocou uma cinta de segurança, entrou no vestiário, calçou os tênis e decidiu jogar. “Elas estavam confiantes. Mas eu entrei em campo, o time foi para cima e ganhamos”, relembra. De acordo com ela, a sensação era de que o ginásio “iria abaixo”.
Ela participa do intercomunitário desde a primeira edição. Recorda que muitas pessoas de diferentes idades já passaram pelos campeonatos. A jogadora é neta de um dos pioneiros da comunidade, bem como seu marido, que também é neto de outro membro que auxiliou no levantamento de Costão. Portanto, a família sempre esteve presente nas modalidades do campeonato. Hoje, seus dois filhos também jogam na categoria livre do futebol. E ela ainda coleciona as medalhas que ganhou durante as edições anteriores.
Retomada dos jogos
Após dois anos sem jogos, as comunidades voltaram a se integrar. A 22ª edição do intercomunitários reúne todas as localidades e mais de 800 participantes nas modalidades de canastra, futsal e vôlei. Para participar hoje, é necessário residir no interior ou ser associado à comunidade, bem como contribuir para o desenvolvimento da localidade.
O coordenador de esporte da Secretaria de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer (Setcel), Julio Saldanha, explica que o evento surgiu com a necessidade de proporcionar momentos de lazer entre os moradores, visto que o interior do município é muito grande. Desta iniciativa, hoje, os jogos intercomunitários é um dos campeonatos mais movimentados de Estrela.
As equipes se reúnem durante a semana de acordo com as chaves elaboradas pela coordenação. As partidas ocorrem sempre em comunidades diferentes. Ao final do campeonato, neste ano previsto para dezembro, as localidades são premiadas pelas modalidades e também tem a campeã geral.
Parceiros de comunidade
Dupla de canastra da Linha São Luis, Ernani Klafke e Nelmo Eidelwein, também participam desde o início. Juntos, já foram campeões em uma edição. Eles relembram quando tinham pelo menos quatro ou cinco duplas da comunidade. Hoje são os únicos que jogam. Eidelwein destaca que a “parte boa” é encontrar os conhecidos que não vê a tempo. “Moramos longe, então essa é uma oportunidade de todos se reunirem”, destaca.
Já Klafke destaca que é preciso ter mais incentivo para que as pessoas participem mais. Ele relembra de quando jogou com um amigo contra uma dupla de jovens. “Eles viram nós, acostumados a jogar, e ficaram com medo da gente. Nós ganhamos, foi uma partida bem fácil”, conta. O senhor relata que seu filho também participa do futsal. “É importante para as comunidades. Eu participo todo ano, e incentivo que meu filho participe também”, destaca.
A frente do projeto durante um período, Luiz Bruxel relembra que o intercomunitário foi criado após o interbairros. Ele ressalta que assim como estavam aproximando a população da área urbana, foi decidido o mesmo com o interior. “Era quase uma olimpíada, todo mundo vibrava e a população sempre se envolvia com muita intensidade. Isso de fato ajudou a integrar os locais. Uma época tinha 1,5 mil participantes”.
Quanto à organização do evento, Saldanha destaca que geralmente é feito pelo menos um semestre antes do início dos jogos, pois é necessário adequar com o restante do calendário e não ocorrer junto de outros eventos. A frente do projeto nos últimos anos, percebe uma retomada, tanto de mais mulheres participando, quanto da variação de idade. “Na canastra, por exemplo, jogam mulheres e pessoas mais novas junto”, explica.
O coordenador ressalta que entre as competições, o importante é que as pessoas continuem praticando esporte e se reunindo para celebrar estes momentos. Hoje as comunidades de Costão, Arroio do Ouro, Delfina e Novo Paraíso são as localidades com mais moradores que participam. A última campeã foi a comunidade de Arroio do Ouro, em 2019.