Jornal Nova Geração

Dos pontos e barras às mensagens

ESTRELA – Para quem acha que as mensagens abreviadas são invenções da era da internet, está enganado. Além disso, comunicação quase que instantânea também já é realidade há, pelo menos, meio século. Isso porque, em 1952, quando chegou em Estrela para trabalhar na antiga Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT), Lauro da Silva Brum, hoje com 90 anos, já se comunicava a grandes distâncias através do telégrafo, com mensagens que, segundo ele, “na hora que apertava, chegava.”
Na época, os “pontos e barras” do código Morse eram a forma mais simples de se transmitir mensagens a longa distância, quando a transmissão de voz ainda não era possível. Brum, que atuava como telegrafista, sabia e sabe, até hoje, toda a sequência de combinações, o que permite decifrar a mensagem e passá-la para o papel. Ele telegrafava todas as mensagens do “Alto Taquari”.

Carreira

Hoje, Brum reside no Bairro Oriental com a esposa Elda Blankenheimer e se recorda da atuação na profissão que há muitos anos se tornou obsoleta, mas que teve grande importância para a comunicação em todos os âmbitos, na aviação, na área ferroviária, entre outros.
Sem muitas condições financeiras, foi no meio ferroviário, onde o pai trabalhava, que Brum aprendeu a telegrafar. O irmão também seguiu o mesmo caminho. No tempo de profissão, se recorda que foi colega do ex-governador Alceu Collares. Brum também trabalhou nos Correios e na Polícia Federal, onde se aposentou.

“QTMS” e as abreviações

O telégrafo é um aparelho para a comunicação que utiliza eletricidade para enviar mensagens codificadas através de fios. Brum guarda até hoje um emissor e um receptor, e conta que chegava a mandar de 25 a 30 palavras por minuto. “Usávamos abreviações, o meu nome, por exemplo, era LR. O “K” era sinal da escuta e o “QTMS”, por exemplo, era “quantas mensagens?” para saber quantas iam ser enviadas pelo telégrafo. Se eu queria saber quem estava no aparelho, eu fazia “APP?” e quem estava operando me passava as iniciais para eu saber quem era”, recorda.

“Demorava uma semana para conseguir uma ligação”

Brum trabalhou 36 anos como telegrafista e se recorda de algumas situações onde o telégrafo era a única forma de comunicação diante da demora na linha telefônica. “Teve uma ocasião que o Balduino Pedro Vier queria uma ligação para Porto Alegre, para saber de um avião que não chegava. Naquela época demorava uma semana para conseguir uma ligação, porque só existiam duas linhas de telefonia e o sinal do telégrafo corria no meio dessas duas linhas. Ele veio falar comigo, pedi o número do aeroporto e chamei minha colega que estava de serviço aquele dia lá, ela atendeu e eu pedi o favor, para que ela ligasse. Me trouxe o resultado de que o avião não ia sair por causa do temporal. Aquele homem ficou tão feliz de ter a informação”, conta.

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