Jornal Nova Geração

RECUPERAÇÃO DA LANGUIRU

Dos quase 3 mil credores, 120 aceitaram renegociação

Direção liquidante pretende intensificar contatos com empresas, bancos e terceirizados para conseguir mais adesões

Com encerramento da produção de suínos, um dos ativos considerados importantes é o frigorífico de Poço das Antas. Venda em meio a liquidação precisa ser autorizada pela Justiça. (Crédito da imagem: Arquivo A Hora)

As decisões para a recuperação financeira da Languiru fizeram com que o primeiro semestre de 2024 fosse positivo em mais de R$ 2 milhões. Com essa amostragem de que a sangria nos cofres da cooperativa pode ser estancada com aumento de produção, com a volta da marca nos cortes de frango no mercado e nas parcerias à cadeia leiteira, a direção liquidante deseja mostrar ao mercado que há viabilidade para cumprir o plano de renegociação.

Conforme o presidente, Paulo Birck, a primeira rodada de pagamentos aos credores, no dia 10 deste mês, resultou no acerto de R$ 758 mil. Pelo programa da cooperativa, os depósitos ocorrem a cada três meses, e partem do Fundo Disponível à Liquidação (FDL). O dinheiro é gerado a partir dos resultados da produção, negociação de ativos e de patrimônios.

Dos quase 3 mil credores, em torno de 180 aderiram ao modelo de renegociação. “Quando nos deparamos com essa situação, fizemos um trabalho intensivo para entender a complexidade e o tamanho da dívida da Languiru. Fizemos a lista de credores e lançamos o plano. Importante que se diga, a adesão é voluntária”, afirma o presidente liquidante.

De acordo com ele, a partir de agora a estratégia é aumentar a divulgação do plano, para comunicar mais credores e aumentar o número de adesões.

Dívida de mais de R$ 1 bilhão

Em termos de débitos com garantias, são quase R$ 945 milhões. Com o acréscimo de outros pagamentos em atraso, passa de R$ 1 bilhão. Pela consultoria externa, caso se consiga combinar maior fluxo de caixa e renegociação com os credores é possível pagar o saldo negativo em até 30 anos.

Com os resultados deste semestre, o cálculo da direção da cooperativa é que seja possível pagar em menos tempo. As propostas se sustentam no modelo de deságio por cotas. Para credores sem garantias, a cooperativa solicita um perdão de 75% da dívida (pagamento de 25% restantes). Para os débitos com garantia, em especial com os bancos, o pagamento de 50% do débito.

Do total, 40% serão para credores com garantia real, 25% para quem tem que receber até R$ 1 milhão, outros 15% para aqueles com mais de R$ 1 milhão.

Para os 20% restantes, o formato é por meio de um leilão reverso. Neste tipo, a cooperativa oferece valores para o pagamento máximos para ver o quanto de descontos é possível. O credor que oferecer maior desconto recebe o crédito com mais agilidade, indiferente da forma prevista para a classe (banco, fornecedor, terceirizado ou trabalhista).

Auditoria

O relatório final da auditoria externa sobre as contas da cooperativa de 2018 até 2022 será entregue no fim do mês. “Vamos chamar alguns nomes para prestar esclarecimentos. Temos como buscar a responsabilização na área cível. Caso haja crime, o Ministério Público terá uma cópia dos documentos”, diz Birck.

Um diagnóstico prévio foi apresentado em 10 de setembro. Ficou constatado que os financiamentos buscados pela antiga direção visavam cobrir despesas de operação. Também se verificou balanços financeiros “maquiados” e supervalorização de patrimônios, com preços acima da tabela de mercado.

Pelo relatório, em cinco anos, foram cerca de R$ 3,5 bilhões em financiamentos. Deste total, R$ 2,9 bilhões foram usados como capital de giro. Significa que 84,2% de todo o recurso vindo dos bancos foi usado para custear atividades com prejuízos. Essas operações, destaca Simas, tiveram um custo financeiro de R$ 580 milhões.

Detalhes

Contexto geral

  • Dívida total: passa de R$ 1 bilhão
  • Prazo de pagamento: 30 anos
  • Dívida com garantias: R$ 944,9 milhões
  • Maiores credores Bancos: R$ 595 milhões
  • Fornecedores e terceirizados: R$ 349,9 milhões
Estratégias:
  • Renegociação de juros com bancos.
  • Aumento na produção de aves e de leite para gerar caixa e reduzir prazos de pagamento.
Distribuição dos pagamentos:
  • Credores sem garantias: Perdão de 75% da dívida (pagamento de 25% restantes)
  • Débitos com garantia: Pagamento de 50% do débito
  • Modelo de pagamento: Depósitos trimestrais via fundo
Distribuição dos valores
  • 40% para credores com garantia real
  • 25% para credores com até R$ 1 milhão
  • 15% para credores com mais de R$ 1 milhão
Leilão reverso
  • Para os 20% restantes: credores oferecem descontos para receberem pagamento mais rapidamente.
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