Ação judicial, abaixo-assinado, contato permanente e busca de apoio em deputados com influência nas agências reguladoras. Estratégias de empreendedores de Estrela que se mobilizam para uma cobrança mais enérgica em relação às falhas nos serviços prestados pela RGE na cidade. Uma reunião nesta sexta-feira, 26, servirá para explanação e alinhamento das ações.
A movimentação surge a partir de relatos de empresários à Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Estrela (Cacis), que sediará o encontro. A partir disso, a mobilização ganhou força e terá diversas frentes. Todas elas com o mesmo propósito, que é a alteração nos limites de atuação da concessionária de energia elétrica.
“Estrela quer energia. Ninguém aguenta mais ficar sem luz” é o slogan da mobilização encampada pelo empresariado local. Uma forma de mostrar a insatisfação com a prestação do serviço, segundo o ex-presidente da Cacis, Gerson Strehl. Um dos vários empreendedores que registraram prejuízos, ele acredita que chegou a hora de elevar a pressão sobre a RGE.
“É um movimento legítimo dos empresários, com apoio do poder público municipal. Não podemos aceitar de mãos atadas essa situação. A RGE precisa prestar um atendimento melhor ao consumidor. Sabemos que muitas reclamações chegavam a eles, mas podiam dar um parecer público e não deixar as pessoas à própria sorte”, afirma.
Sem operação
Na empresa de Henrique Purper, a falta de energia elétrica trouxe prejuízos significativos. Foram nove dias sem luz. Neste período, a utilização de geradores foi importante, mas a capacidade limitada dos equipamentos não permitiu a operação plena das máquinas, o que causou atrasos na produção e comprometeu a entrega aos clientes.
“Cerca de 90% dos nossos clientes estão fora da região. A falta de energia afetou diretamente a nossa capacidade em atender aos prazos estabelecidos. Isso prejudica os relacionamentos comerciais da empresa. Essa situação gerou um impacto que nem conseguimos mensurar”, frisa Purper, que está entre os líderes do movimento encabeçado pela Cacis.
Para ele, mobilizar a comunidade local é essencial para buscar uma melhora efetiva no serviço. “A comunidade, unida, busca não apenas reparação pelos danos sofridos, mas também medidas preventivas para evitar que eventos futuros afetem negativamente a economia”.
Com empresa às margens da Transantarita, Felipe Dambrós também contabiliza os prejuízos causados pela falta de energia elétrica durante nove dias. Ele destaca a ineficácia da concessionária em atender os protocolos.
“Ficamos sem luz desde o dia 14. Abrimos dezenas de solicitações, fomos presencialmente na sede e sempre tínhamos a resposta que não havia previsão para retomada do serviço”, relata Dambrós. A energia foi reestabelecida na manhã da segunda-feira, 29, porém permaneceu em meia fase ao longo dia, o que impossibilitou a retomada das atividades nas empresas.
Reparação pelos danos
As consequências financeiras e operacionais para a empresa de Nilto Scapin são grandes. Atingido por duas enchentes no ano passado, o empreendimento teve um prejuízo de R$ 1,5 milhão na ocasião. Desta vez, com o temporal, ele estima um prejuízo adicional de R$ 500 mil.
“Apoiamos a mobilização local, pois a interrupção nas operações durante quatro dias impactou diretamente na nossa produção e na relação com clientes e fornecedores. A comunicação também foi prejudicada. Diversas empresas sofreram da mesma forma”, lamenta.
Scapin enfatiza a necessidade de responsabilidade por parte da RGE e afirma que irá buscar medidas legais para garantir reparação pelos danos sofridos. “Precisamos nos unir e buscar soluções coletivas diante dos desafios enfrentados para evitarmos prejuízos futuros”.
Angústia em casa
Moradores e produtores rurais, sobretudo no interior da cidade, também registraram perdas ao longo dos dias sem luz. Na linha São Jacó, Inelvi Maria Eede enfrentou o drama para manter os medicamentos do esposo refrigerados. Outra situação apontada por ela é a dificuldade de contatar a concessionária em locais que a rede de telefonia é precária.
“Ficamos esquecidos porque não conseguimos cobrar e abrir protocolos o tempos todo. Quando conseguíamos contato, informavam que não tinha previsão e que era necessário esperar. Estamos mantendo os medicamentos refrigerados em caixas com gelo”, lamenta a moradora. Ela também cita a perda de alimentos no período de sete dias. “Como moramos no interior, temos costume de comprar carne em grandes quantidades. Perdemos tudo.”
O descaso da concessionária gerou manifestação de moradores no Distrito de Delfina. Na tarde de segunda-feira, a comunidade se reuniu para reivindicar o abastecimento de energia elétrica e bloqueou o acesso pela Estrada Linha Delfina. Representantes destacam que a troca de postes de madeira pelos de concreto foi solicitada há tempo, no entanto não foi atendida. A situação causou a falta de luz durante sete dias.
“Temos grandes produtores de leite, granja com produção de 30 mil ovos por dia. Tem pessoas que se viram com uso de gerador, mas se torna mais um grande prejuízo devido ao preço do combustível. Cada morador abriu dezenas de protocolos e muitos eram encerrados como se tivessem sido resolvidos”, afirma Eduardo Klafke, morador da Delfina.