O mês de setembro se encerrou e, pelos acontecimentos recentes, não tem como deixar de expressar a minha visão dos fatos, visto que esta, sem dúvida, foi uma das maiores enchentes vistas na região.
Nossa lavoura tem 30% de área passível de inundação pelo Arroio Boa Vista, afluente do Rio Taquari que corta a região. Estas áreas não são cultivadas no inverno com culturas comerciais, apenas coberturas e plantas de serviço. Sendo assim, o prejuízo bastante reduzido ou previsível.
Mas a empresa, esta sim, localizada em área acima da cota 25,5 m com base na regra criada nos anos 1990. Ou seja, é raro pegar enchente, mas pega.
Independentemente do conhecimento dessa condição, toda prevenção para amenizar prejuízos numa cheia depende de informação precisa do comportamento do nível do rio em todo seu curso, em especial nas cabeceiras.
E ao meu ver, foi neste quesito que houveram muitas falhas. A exemplo de 2020, quando as medições falharam por diversas razões que aqui não me cabe julgar, nesta cheia as informações também chegaram tarde demais, gerando inúmeros prejuízos, que obviamente são insignificantes perante as vidas ceifadas nesta enchente. Mas o que poderia ser feito para que na próxima cheia não se repitam os mesmos erros?
Em primeiro lugar, a Defesa Civil precisa conhecer, de fato, o município onde atua. Ficou claro que sequer conhece os limites do município.
Monitorar o comportamento das águas ou do volume das chuvas ocorridos desde a cabeceira me parece ser o mínimo para que aqui possamos nos precaver e nos preparar. Estrela tem por hábito fazer a leitura na área portuária, que não é o local adequado porque também inunda e dificulta o acesso para fazer a leitura precisa.
Penso que esta régua deveria ser transferida para a escadaria da rua Chachá Pereira, local com acesso fácil e seguro mesmo com nível das águas muito alto.
Apesar das opções de tecnologia avançada de leitura, é a segunda enchente que as medições falharam ou foram interrompidas. Isto significa que as réguas de leitura manual devem ser mantidas, porém em lugares com acesso seguro e indicação do nível de elevação correta.
São ações que não requerem grandes investimentos, mas, sim, organização. Atitudes que evitariam muitos prejuízos e, sem dúvida, salvariam muitas vidas.
