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CONEXÃO

Entre a fé e as mãos habilidosas

Guido Pedro Schmidt, de 92 anos, tem sua arte espalhada pelas comunidades e casas do município. Memorial traz mostra com retrospecto da produção

Guido ainda espera poder voltar a terminar mais esculturas (Foto: Marcelo Grisa)

Uma vida de dedicação ao ofício e à arte, mas também de muito trabalho pela família e pela comunidade. É assim que é possível perceber quem é Guido Pedro Schmidt, marceneiro e escultor de 92 anos.

Apesar de não poder continuar nenhuma das duas funções no momento devido a uma queimadura nas mãos, ele ainda quer fazer muita coisa. “Eu ainda tenho que fazer algumas das esculturas, vender outras. Estou bem vivo ainda”, afirma.

São na sua maioria esculturas em madeira, objetos de arte sacra, como as muitas peças espalhadas pela região em comunidades católicas e casas de particulares. A maior parte dos parentes de Guido têm, cada um, uma imagem de Nossa Senhora Aparecida em casa, cortesia do patriarca.

Outras imagens de santos podem ser bem mais complexas, envolvendo poses diferentes, encaixes ou mesmo o tamanho bruto da peça. O seu São Pedro Apóstolo, que mede quase 1,5 metro de altura, demorou quase seis anos para ser concluído a partir de uma única peça de matéria-prima.

Desde criança na oficina

A jornada de Guido Pedro Schmidt, em suas próprias palavras, começou há 85 anos atrás. Com apenas sete anos de idade, ele já começava a observar o pai, Pedro Jorge Schmidt, a construir móveis.

“Eu alcançava alguma coisa para ele ou só ficava ali, debaixo da mesa, observando. Fui tomando interesse, e logo o pai começou a me explicar as técnicas que ele aprendeu com os jesuítas”, aponta Guido.

A contribuição para a fé católica nunca foi apenas com as esculturas, entretanto. Nos anos 1950, veio morar na cidade após se casar com Anninha Wendt Schmidt, sua parceira há 69 anos. Na época, a Paróquia Santo Antônio já estabelecia seu primeiro salão paroquial, muito antes da construção do Centro Comunitário Cristo Rei. “Fiz coisa de umas 60 ou 70 mesas. Doei meu trabalho. Comprei chapas mais baratas, vindas de Bento Gonçalves, usava o torno para madeira e ajeitava elas”, lembra.

Uma das filhas de Guido, Marlene, lembra que as brincadeiras de criança também surgiam por influência do pai. “Ele fazia umas mesinhas pra gente brincar de vendinha, fingindo que tem a própria loja”, ri.

Homenagens

O Memorial de Estrela aproveitou para homenagear o artista em vida. Até o dia 31 de agosto, o espaço apresenta a exposição “Arte em Madeira”, com trabalhos de Guido Pedro Schmidt feitos desde a década de 1950, quando montou sua oficina no bairro Cristo Rei, até os últimos anos.

Autoridades, familiares e membros da comunidade católica acompanharam o lançamento da exposição no sábado, 5.

Um deles é Leônidas Erthal, vizinho de Guido há 60 anos. “É e sempre foi um homem muito caridoso”, afirma.

Segundo o professor aposentado, até mesmo a ligação de água de sua casa não teria sido possível sem o prestativo vizinho. “Eu digo que ele sempre ajudou a comunidade com a sua forma de ser. É uma honra estar aqui e ver essa homenagem”, diz.

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