Com casa lotada e enredo que emocionou o público, o espetáculo “Tempo de Esperança”, dirigido por Pablo Capalonga, retratou o período de Páscoa dos imigrantes alemães. A peça teatral foi apresentada no Centro Cultural Celso Brönstrup e teve os ingressos antecipados esgotados. Diante do sucesso e presença de quase 600 pessoas, o governo municipal analisa nova data para reapresentar a obra.
A encenação contou com a participação de atores da comunidade, dos Grupos Folclóricos de Danças Alemãs de Estrela e do Cantantes Grupo Vocal. A peça retratou a chegada dos imigrantes em Estrela e as vivências diante dos desafios encontrados pelos alemães ao se instalar em uma terra nova.
“No enredo acontece uma tragédia da Picada, uma enxurrada que impacta na produção rural. Com a solidariedade das pessoas próximas, é possível resolver essa situação. Vivemos episódios muito duros em relação a isso. Busquei trazer essa narrativa dentro do espetáculo para que as pessoas percebam que o apoio visto na peça ainda existe e é cultural”, afirma Capalonga.
Foram mais de 50 pessoas envolvidas na produção cultural. Entre elas, Mauro Ferreira que retornou aos palcos. Habituado a trabalhar na confecção dos itens decorativos do município, desta vez ele se desafiou a interpretar um líder religioso. “Foi uma experiência diferente e carregada de muita responsabilidade. São muitas pessoas envolvidas e uma superprodução”, relata. Além disso, a equipe do Barracão foi responsável pela montagem do cenário.
Ao mesmo tempo em que despertou gargalhadas, a peça causou emoções ao detalhar um passado sofrido pelos colonizadores. A encenação cultural e religiosa fechou a programação oficial 2024 da “Páscoa da Fé, União e Esperança” do município.
Coordenadora de Cultura de Estrela, Sandra Ahlert explica que a peça foi idealizada com o propósito valorizar as tradições germânicas. “Trouxemos simbologia na história. Tivemos dramaturgia, o canto e a dança. Percebemos que esses movimentos mexeram com a comunidade”, destaca. Diante disso, ela aponta a importância de disponibilizar atividades culturais na cidade.
Resgate histórico e cultural
Com a presença em palco de diversos artistas e pessoas da comunidade local, o espetáculo trouxe um misto de comédia, drama, sotaques, dialeto, dança e canto com resgate histórico cultural e social. O objetivo foi promover uma imersão do público ao unir tradição, religiosidade e cultura sob a ótica das origens alemãs no município. Os ingressos para o evento foram trocados por alimentos não-perecíveis. Os itens serão repassados às campanhas assistenciais gerenciadas pelo Lions e Rotary de Estrela.
Paixão de Cristo
Em Imigrante, a grande participação de público é percebida com ainda mais força durante os espetáculos. Na primeira noite de encenação da 18ª Paixão de Cristo que ocorreu em 22 de março, mais de cinco mil pessoas foram assistir. Já no sábado, 23, foram 7 mil visitantes em frente ao Convento São Boaventura, no Bairro Daltro Filho.
A encenação já faz parte do Calendário Oficial de Eventos do Estado e conta com a participação de 60 atores. Cerca de 100 pessoas participam da organização. O elenco é formado, em especial, por pessoas da comunidade, que vivem meses de expectativa pela atuação, e também possui texto adaptado e dirigido por Pablo Capalonga.
Segundo o diretor, neste ano, o espetáculo, além de encenar os momentos derradeiros da vida de Jesus, mostrou a vida de Gestas e Dimas, os outros dois bandidos que foram crucificados ao lado de Jesus.
“Os personagens são resultados de um meio muito violento. E a gente então mostra no espetáculo que o meio violento produz violência. A Paixão de Cristo fala de empatia, de amor, de bondade, e a gente também mostra o lado oposto de tudo. Por isso se torna atual também”, destaca Capalonga.
Na sexta-feira a recepção ao público foi feita pela Orquestra Jovem de Imigrante e no sábado pela Orquestra Municipal de Imigrante. Durante o evento, foram arrecadados alimentos não perecíveis, doados para entidades e famílias carentes da região.


