A falta de chuvas regulares agrava o cenário da estiagem na região. Entre o fim de semana e ontem, 16, mais quatro municípios decretaram emergência em função das perdas registradas na agricultura e falta de água para o consumo humanos e dos animais: Nova Bréscia, Marques de Souza, Canudos do Vale e Doutor Ricardo. Até o fechamento desta edição, Forquetinha e Pouso Novo elaboravam decretos.
As cidades se somam a Boqueirão do Leão, Venâncio Aires, Taquari e Progresso, que formalizaram a documentação nos últimos dias. Até o momento, são oito. A partir do reconhecimento dos decretos, a expectativa é que os municípios e produtores impactados recebam apoio do Estado e da União. O recuo nos níveis de rios, arroios e demais fontes dificultam o acesso de mais de 700 famílias aos recursos hídricos.
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Conforme levantamento da Emater/RS-Ascar, apenas em Marques de Souza as perdas nas lavouras superam os R$ 5,1 milhões. O prefeito em exercício, Lairton Marques (Republicanos) afirmou que grande parte da produção agrícola se concentra nas áreas de maior altitude, onde os danos foram maiores.
Entre as culturas, o milho e milho silagem são as mais impactadas, com 20 e 25% das plantações destruídas. “O município tem investido na instalação e ampliação das redes de água e abertura de poços, além do uso de caminhões-pipa. É um alento, mas esperamos que o Estado reconheça o decreto o mais breve possível, especialmente porque o indicativo é preocupante para os próximos meses”, afirmou Marques.
Risco de racionamento
Em entrevista ao quadro Agro em Pauta, da Rádio A Hora 102.9, na manhã de ontem, 16, coordenador-adjunto da Defesa Civil nos Vales e Serra, Rivelino Jacques, dimensionou a crise hídrica do Estado, com a secagem de nascentes em diferentes pontos e as baixas precipitações, incapazes de solucionar o caso a curto prazo. Em consequência disso, deve-se observar um efeito cascata, com decretos de emergência diários.
“Se a previsão de pouca chuva se manter até março, com certeza vamos ter racionamento de água na região”, alertou Jacques. Segundo ele, apesar dos efeitos na agricultura e pecuária, a maior dificuldade é a falta de água, como há décadas não se via. Na zona urbana, o impacto se dará na alta dos preços dos alimentos ou numa qualidade aquém da esperada.
Desta forma, a principal orientação da Defesa Civil é para a promoção de campanhas educativas voltadas à importância de evitar o desperdício diante da tendência de um cenário cada vez mais adverso. O coordenador enfatiza, ainda, que os municípios precisam criar meios eficazes de captação e armazenamento de água.