Quatro dias de ciência, tecnologia e novas descobertas. Com dezenas de trabalhos expostos, a feira Estrelas do Conhecimento, que iniciou na segunda-feira, 28, no Porto de Estrela, encerrou na quinta-feira, 31, como números superiores a edição anterior. Nos três primeiros dias de evento, mais de 13 mil pessoas circularam pelos estandes e prestigiaram os projetos expostos.
A feira promete instigar os estudantes à pesquisa acadêmica e aos estudos tecnológicos, contou com cerca de 100 trabalhos expostos. Além disso, a programação destacou atividades como palestras, espetáculos artísticos e grande presença da comunidade escolar. Uma das grandes novidades, foi a participação de escolas da região. Escolas de mais de 15 cidades do Vale do Taquari estiveram presentes.
Na avaliação da secretária de Educação de Estrela, Elisângela Mendes, o evento se consolida como um dos grandes movimentos da área. “Não é mais uma feira de Estrela. É do Vale do Taquari e deve se tornar do estado”, avalia. Ela destaca que a segunda edição do Estrelas do Conhecimento mostra os esforços da comunidade em apoiar as escolas.
Evento vira lei
A secretária afirma o desejo de a feira ser vista como política pública de incentivo à educação no Vale. Em Estrela, ela ressalta que será feito um projeto de lei que estabelece o Estrela do Conhecimento como evento do município. “Queremos garantir essa oportunidade para nossos estudantes. O prefeito Elmar Schneider concorda e vamos trabalhar para isso”, destaca.
Incentivo para voltar
Entre os trabalhos expostos nos primeiros dias de feira, um dos vencedores da primeira edição do Estrelas do Conhecimento. O projeto intitulado “Níveis de Alfabetização de Crianças do 1º ao 3º ano na rede municipal de Estrela”, das alunas Lara Oestrae, Lauren Panichi e Maria Clara Maron, surgiu com a mesma linha de pesquisa aplicada na Emef Leo Joas no ano anterior.
As estudantes explicam que perceberam o potencial em ampliar a área de abrangência do trabalho. “Em 2022 já queríamos trabalhar com mais escolas. Neste ano, aplicamos a pesquisa nas Emefs Leo Joas, Odilo Afonso Thomé, Pedro Jorge Schmidt, Pinheiros e Cônego Sereno Hugo Wolkmer”, afirmam.
Em áreas diferentes, estudantes dos anos finais da Emef Odilo Afonso Thomé destacaram os principais avanços desde a criação das vacinas e a importância dos imunizantes para a população. O projeto foi apresentado por Glauco Auler, Eduardo Moraes e Emanueli da Silva, também finalistas em 2022.
“Chegamos a conclusão que vacinas são muito importantes para o desenvolvimento das comunidades, por isso também fazemos uma demonstração de como funciona para nossos avaliadores”, relatam os estudantes.
Outras cidades e projetos diferentes
Alunos dos anos iniciais da Escola Pedro Pretto, de Travesseiro, apresentaram um trabalho sobre como cultivar hortaliças nas estufas. Os estudantes Vitoria, Eduarda e Enzo levaram a maquete que representa o projeto, com verduras como alface, repolho e beterraba. Eles destacam que contaram com a ajuda dos professores para montar o objetivo.
“Chegamos a conclusão de que as hortaliças se desenvolvem melhor nas estufas do que de maneira convencional”, contam os alunos. Sobre as expectativas com a feira, eles afirmaram que queriam se divertir muito.
A participação de outras cidades abriu oportunidade para que cada município destacasse suas potencialidades. Devido a Barragem Eclusa, estudantes da Escola Jacob Arnt, de Bom Retiro do Sul, apresentaram o projeto de uma usina hidrelétrica. Os alunos Alexsander Klunk, Augusto Marques e Enzo Romitti buscaram mostrar como pode funcionar a distribuição de energia e como isso pode beneficiar a população.
Pesquisas que trazem soluções
Com o trabalho “As consequências da enchente no Loteamento Marmitt”, os alunos da EEEF Moinhos, de Estrela, buscaram uma solução para as cheias que atingem o bairro. Vencedoras da etapa regional da Mostra Científica, os estudantes Arielly Miranda e Vítor Marques, do 9º ano, elaboraram um questionário direcionado aos moradores da localidade com o objetivo de envolver a comunidade na pesquisa.
Eles destacam que a maioria dos residentes no bairro Moinhos já foram afetados pelas enchentes. “Nosso trabalho fala sobre a construção de uma pista de skate que também sirva como um espaço de vazão para a água acumulada, além de transformar o local em um lugar de lazer”, explicam os alunos.
Melhoria e inclusão
Trabalho elaborado pela Escola de Educação Especial Cantinho do Sorriso da Apae de Estrela, “Alimentação: Qualidade de vida” surgiu após a necessidade de observar a relação dos alunos com os alimentos no pós-pandemia. De acordo com a coordenadora pedagógica Greice Drexsler, foi percebido que os estudantes voltaram com sobrepeso e alto consumo de produtos industrializados. O projeto contou com auxílio da nutricionista.
“Devido a isso, reativamos a horta da escola e retomamos a prática com os alunos. Criamos uma composteira e depois fomos para a parte prática do projeto, quando preparamos os alimentos. A partir desta etapa, fomos introduzindo a parte teórica e sobre vitaminas e consumo de frutas e verduras”, explica a coordenadora.
Greice relata que a construção do trabalho teve participação de toda a escola, desde os alunos menores até as séries finais. A organização do projeto foi feita a partir das habilidades de cada estudante. “Cada um sabia fazer sua parte. Para apresentação, trouxemos os maiores, até pela questão da tolerância e ser um local com bastante circulação de gente”, ressalta.
Para a coordenadora, participar da feira Estrelas do Conhecimento é uma oportunidade de divulgar o trabalho feito pela Apae e também sobre o funcionamento da escola. “A comunidade da associação não funciona somente com atendimentos. Temos uma escola regularizada e estamos gostando muito de participar”, afirma.
Comunidade escolar inaugura mural
Com registros dos principais pontos turísticos de Estrela, a pintura do mural no Porto foi inaugurada na tarde de terça-feira, 29. O ato contou com a presença dos alunos participantes, representantes do governo e dos responsáveis pela obra. Os desenhos retratam as principais referências da cidade, como as cores da bandeira e também a marca da feira Estrelas do Conhecimento.
A pintura do muro com cerca de 1 mil metros quadrados foi coordenada pelo professor de Artes e muralista Samuel Hergesell e contou com a colaboração de cerca de 130 alunos de oito escolas da rede municipal de ensino. Antes de dar novas cores ao mural, os estudantes passaram por uma série de oficinas sobre arte.
O artista destaca que diversos materiais ficaram à mão dos estudantes para execução do mural, entre eles sprays e máquina mecanizada de tinta. “Esperamos que as pessoas venham curtir e fotografar neste espaço. Desenhamos estrelas pelo mural para que lembrem da cidade”, comenta. Ele também afirma a continuação do projeto para o próximo ano.
Segundo Hergesell, mais de meio quilômetro de mural deve receber novas cores. Na avaliação do muralista, a iniciativa integra a comunidade. “É uma forma de trazer as pessoas para essa área do Porto e também de os jovens se sentirem parte do que foi e vai ser feito aqui. Foi um trabalho de aproximadamente dois meses”, ressalta.
A iniciativa da Empresa Pública de Logística Estrela (E-Log) tem como objetivo tornar o complexo do porto mais atrativo aos visitantes e uma melhor utilização das margens do Rio Taquari. A diretora-presidente Elaine Strehl relembra que o espaço estava com poucos cuidados e pouca utilização.
“Queríamos trazer vida, estava tudo escuro aqui. Pensamos nos alunos que vão cuidar futuramente deste local e levamos a ideia para a secretária de Educação. Foi muita movimentação para chegarmos a este resultado colorido”.
Durante um mês, alunos das oito escolas revezaram turnos para ajudar na pintura do muro. Conforme o artista, a experiência é algo que fica marcado na memória deles, pois é uma pintura que eles participaram ativamente das atividades e que os estudantes ainda podem visitar o local ao longo dos anos. Cada aluno registrou o nome junto à marca do Estrelas do Conhecimento.
A secretária de Educação, Elisângela Mendes aponta a importância de os jovens crescerem com a consciência do potencial de Estrela. “Eles precisam saber que aqui é um lugar bom para se viver. E o principal é que eles fizeram parte deste momento”, destaca. A inauguração do mural fez parte da programação da feira Estrelas do Conhecimento.